Uma empresa com conceito de “chave na mão” não é muito usual na ilha Terceira. Uma que aposte no LSF, no microcimento e no ecopaper, muito menos. Por isso é que a Isidoro Faria – Construções, só com um ano de vida, já tem agenda cheia até 2021.
Para perceber o que a construtora de Isidoro Faria faz de inovador, tem de se ter uma noção de como é o setor atualmente e, em específico, na Terceira. Na ilha a construção nova está a abrandar e, a existir, é mais na hotelaria. Os materiais são os tradicionais e uma construtora apenas está encarregue das obras. Desde março de 2019 que a realidade está a mudar, graças ao surgimento da Isidoro Faria – Construções. “A Isidoro nasceu há um ano, mas já tinha estado anos como trabalhador independente na construção”, recordou o gerente da empresa em nome próprio.
Por sentir essa necessidade de avançar com algo seu, contando com o apoio da sua colaboradora Carina Pedro, responsável pela parte administrativa, abriu um escritório em Angra do Heroísmo. “Com o fluxo de trabalho fomos abrindo para áreas mais distintas. Fazemos serviços de cofragem, LSF [Light Steel Frame, estrutura de aço leve cada vez mais usada na construção, especialmente nas casas modulares], casas modulares, construção tradicional, restauro de móveis e decoração de interiores”, enumerou.
Abrangendo quase todos os pontos do processo de construção até à entrega do imóvel ao cliente, praticam assim o sistema chamado de “chave na mão. Não é muito forte aqui na ilha e é isto que nos difere”, disse. O cliente final está cada vez mais informado das novas técnicas de construção e já sabe bem o que quer. Segundo exemplifica o gerente, o LSF tem registado um aumento de procura. “Em termos de custos, tempo e qualidade de construção em si é uma ótima opção. Os clientes, muitas vezes, não têm conhecimento dos materiais e nós temos desde o aço até ao isolamento”, o que justifica essa procura.
Com tantos serviços, sendo que também elaboram auditoria de empresas, poder-se-ia pensar que a equipa da construtora fosse grande. Curiosamente não. Começaram por ser três pessoas e há agora dez. “Acho que dez é pouco devido ao trabalho que existe”, confessou o sócio maioritário, continuando: “É muito difícil arranjar mão-de-obra qualificada. No continente, quando estava a acabar a crise, aqui estava ainda em alta. Quem era bom profissional foi para fora, ou continente ou Europa, e muitos já não voltaram. E nota-se a diferença”.
É que, além da construção, também o restauro de móveis é feito pelos funcionários. Para projetar a estrutura de LSF têm uma parceria prestigiada neste ramo; na decoração de interiores estão em contacto com decoradores e nos projetos de arquitetura têm trabalhado com diversos gabinetes de arquitetura a nível dos Açores e continente. Tendo em conta que a totalidade dos projetos que têm em mãos são construções residenciais novas, é natural que essa necessidade de ter profissionais aumente.
Os clientes também são cada vez mais exigentes. “Procuram uma arquitetura muito moderna, com open spaces, muito simples e confortáveis”, descreveu, acrescentando que o futuro no setor residencial se prevê risonho, ao contrário do hoteleiro e turístico, que “tem muita oferta, demais na minha opinião, para o tamanho da ilha”.
“Este ano vai-se manter assim e tem tendência a haver muito mais construção nova. Posso falar por mim, que estou com a agenda de trabalho preenchida até ao final do ano. Já estou a orçamentar casas para 2021”, garantiu Isidoro Faria. O facto de serem representantes únicos do microcimento (revestimento resistente e versátil) e do ecopaper faz com que sejam muito procurados. “Também fazemos o nosso papel comercial, pois sugerimo-los ao cliente. Mas o ecopaper fica lindo e é 100 por cento ecológico. É um papel de parede líquido, que se mistura com água, amassa-se com as mãos e aplica-se com uma talocha [ferramenta para espalhar e alisar materiais numa superfície]. Fica com texturas e acabamentos diferentes. Pode ter brilhantes, que são aditivos. Aplica-se a gosto do cliente na divisão pretendida a ser decorada”.
Para tal, Isidoro e a equipa passaram por formações. “Aposto nas formações, minhas e do pessoal. Sempre que tenho oportunidade de ir ao continente, vou. É sempre uma maisvalia”, salientou. “Tirámos formações específicas do ecopaper e do microcimento também. Do LSF já tenho algumas formações para poder mostrar aos clientes na própria montagem. Apostamos sempre na qualidade dos trabalhos e a nível de segurança dos
trabalhadores, o que é muito importante”.
Cientes que o cliente compra e percebe melhor quando vê o material aplicado ou um exemplo do produto final, preparamse para abrir um showroom num espaço em São Mateus da Calheta. “Tenho uma casinha de LSF encomendada para pôr em exposição. É muito importante ter estas coisas para as pessoas verem. Alguns materiais vendem-se aqui nas lojas ou mandamos vir. Damos o preço standard para o equipamento e materiais. O gosto e a decisão são sempre do cliente. Isso é fundamental”, frisou.
O futuro passa por ampliar a equipa; levar estes materiais, dos quais são os únicos representantes, para o setor hoteleiro e avançar para outras ilhas. “Para já, penso em apostar no Faial, porque é uma ilha que tem um mercado com muito potencial. Tem muito turismo, até mais que a Terceira, e muitos residentes são estrangeiros, principalmente alemães, belgas e franceses. E é uma boa aposta no tipo de turismo e de habitação de lá”, anunciou, determinado.
Tendo em conta que a Isidoro Faria – Construções tem presença assídua nas redes sociais, geridas pela colaboradora Carina Pedro, será com facilidade que farão essa análise do mercado e do feedback dos clientes. Ou não fosse, atualmente, cada vez mais virtual a “chave na mão”.