No coração do Algarve encontramos a Quinta do Barranco Longo, uma exploração agrícola com 120 hectares, dos quais 20 hectares são de vinha em solos argilo calcários, no interior algarvio a 15km em linha reta do mar. O projeto é conduzido por Rui Virgínia, produtor, que idealizou fazer um vinho personalizado e de qualidade. Licenciado em gestão de empresas pela Universidade de Évora, foi um dos três primeiros produtores a aparecer e a ressurgir os vinhos do Algarve.
O recurso a tecnologias, processos e equipamentos avançados, juntamente com métodos enológicos inovadores e uma equipa de profissionais qualificados e empenhados, resultam em vinhos de alta qualidade, que são reconhecidos por todo o mundo.
Rui começou a partir do zero, sem vinha e sem adega, em 2001, começou a fazer as primeiras vinificações. Aprendeu a dinâmica de todo o processo das vindimas, como se fazia uma fermentação, os cuidados de higiene a seguir e a metodologia a ser usada. No ano seguinte, começou a fazer as plantações. A partir daí adquiriu mais equipamento, aumentou as instalações e construiu uma equipa de trabalho.
Ao longo dos primeiros anos entregaram os vinhos à distribuição e a intermediários, mas acabaram por sentir que os vinhos algarvios não estavam a ser valorizados como desejavam. “Apresentavam o vinho da região como um souvenir, porque nos restaurantes algarvios tinham de ter apenas um vinho da região na carta”, lamentou. Para o produtor, a restauração deveria ser uma porta aberta para os produtos de qualidade da região, já que quem normalmente visita o local quer conhecer os produtos que a zona produz. Em alternativa aos distribuidores locais, Rui Virgínia decidiu ir para o mercado promover os seus próprios vinhos.
A Quinta, que conta com vinte hectares de produção de vinha, faz produção de citrinos, abacates e limões. A equipa de trabalhadores permanentes conta com técnicos especializados nas áreas de Gestão, Biotecnologia e Engenharia Agrícola. O número de colaboradores tem vindo a aumentar, sendo composta por pessoas da zona, alguns já com vinte anos de casa, diferenciando assim a empresa do resto do mercado. A vindima é realizada manualmente, por acreditarem ter uma diferença muito grande em termos de qualidade.
A plantação da vinha que inicialmente tinha oitenta por cento de uva tinta e vinte por cento de uva branca, neste momento conta já com cerca de cinquenta por cento de uva branca e cinquenta por cento de uva tinta. A gama é diversificada e o foco é a diferenciação, sendo essa a razão pela qual os vinhos Barranco Longo sejam reconhecidos a nível nacional e internacional. Os vinhos encontram-se à venda em pontos de venda e de consumo selecionados: garrafeiras, lojas gourmet, restaurantes e hotéis. A tendência atual é apostar mais no vinho branco, como uma boa combinação com o clima mais quente.
As marcas de vinhos incluem o “Barranco Longo”, que abrange praticamente todos os vinhos, e com os “Remexido” ícones da casa.
O período do confinamento, que praticamente paralisou a economia, foi um ano de crescimento para a Quinta do Barranco Longo. Rui Virgínia partilhou que o segredo é diversificar sempre “dá mais trabalho, temos mais custos em termos de pessoas, mas também temos mais proveitos, se a coisa for bem conduzida os resultados vão ser muito melhores”, concluiu.
O produtor sabe que os portugueses estão a consumir mais os vinhos algarvios e que há um reconhecimento de que os vinhos da região do Algarve mudaram. Rui Virgínia aponta o caminho para que esse reconhecimento continue “temos de pensar na qualidade, não produzir muita quantidade, produzir bom, vender bem, abrir as portas aos turistas na própria quinta e a restauração valorizar aquilo que é produzido na região”. Acrescenta que é importante que a maioria dos produtores tenham as casas abertas para o turismo todos os dias para os turistas, porque uma rota de vinhos da região irá ajudar muito à divulgação dos vinhos.
Neste momento o grande desafio do Barranco Longo é o enoturismo, com os contactos permanentes a solicitar provas, estadias, jantares e organização de eventos. Razão pela qual estes próximos dois anos serão de construção, para que tudo esteja pronto quando a economia voltar a crescer. “O objetivo é a construção o mais rápido possível do edifício, é a cereja em cima do projeto, mas não vai terminar aí, está sempre a aparecer um desafio novo”.
Ter a porta aberta a quem visita a Quinta do Barranco Longo é o desígnio principal neste momento, a fim de ajudar a marca a consolidar muito mais e a ficar mais forte dentro do mercado.