A posta Arouquesa é uma das iguarias da gastronomia portuguesa, mas sabe qual a sua origem e o que a torna tão especial? A ANCRA (Associação Nacional dos Criadores de Raça Arouquesa) apresentou à IN a raça de bovinos originária das Serras de Montemuro, Arada e Freita – a Arouquesa.
O aparecimento da raça Arouquesa perde-se no tempo, alguns autores apontam para a sua possível origem Celta, através do cruzamento de várias raças de bovinos. As primeiras referências à raça Arouquesa surgem num relatório da Sociedade Agrícola do Porto, de 1856, onde constam imensos elogios à grande capacidade de trabalho destes animais nas zonas declivosas do Douro Vinhateiro, assim como a sua capacidade de engorda.
Os bovinos de raça Arouquesa, ao longo do tempo ajudaram os criadores nas tarefas laborais, nos amanhos da sua terra, bem como a produção de leite para queijarias e sua própria alimentação, está hoje pouco evidente sendo a sua principal aptidão a produção de carne (Carne Arouquesa DOP). A fama ancestral da carne da raça Arouquesa ficou demonstrada, por exemplo, na Grande Exposição de Paris de 1878, evento em que foi o único produto português galardoado.
A carne de Raça Arouquesa foi consagrada com a Denominação de Origem Protegida em 1994. Em 1847, os ingleses começaram a importar, desenfreadamente, a Carne Arouquesa para o seu país, considerando-a uma das melhores carnes mundiais. Atualmente, ainda encontramos a menção ao “Portuguese beef ” em diversos restaurantes de Inglaterra. Em 1998 foi atribuída a gestão da marca “Carne Arouquesa DOP” à ANCRA, que desde então tem colocado este produto à venda ao público nos mais diversos locais de norte a sul do país. A Carne Arouquesa DOP tem hoje uma aceitação excelente no mercado e a sua procura tem aumentado significativamente.
A ANCRA é a instituição responsável pela defesa e preservação da raça Arouquesa, tendo a seu cargo a gestão do Livro Genealógico, Registo Zootécnico e todas as atividades inerentes ao melhoramento animal. A origem desta associação remonta a 30 de setembro de 1986, quando três entusiastas e criadores da raça Arouquesa fundaram a Associação dos Criadores de Gado de Cinfães. Esta associação tinha como objetivo defender e apoiar os criadores da raça no concelho. Todo o trabalho e empenho em prol da raça e dos criadores desenvolvido ao longo de 4 anos levou a que o Ministério da Agricultura, entre todas as instituições agrícolas da região de dispersão da raça, atribuísse à Associação dos Criadores de Gado de Cinfães a gestão do Livro Genealógico da raça Arouquesa. Posteriormente, a Associação dos Criadores de Gado de Cinfães alterou os seus estatutos e passou a denominar-se ANCRA – Associação Nacional dos Criadores de Raça Arouquesa.
Atualmente a ANCRA é a instituição responsável pela preservação e valorização da raça Arouquesa, marcando a sua presença em mais de 28 concelhos e tentando contrariar a desertificação humana das regiões interiores onde são criadas estas raças. Além disso, a Associação fomenta, através de campanhas e do acompanhamento técnico, a prática de uma agricultora sustentável, respeitando o meio ambiente e conservando a biodiversidade da região.