O executivo de António Costa apresenta uma nova campanha contra a violência doméstica, que este ano já matou 19 pessoas.
A campanha é “muito centrada no retrato daquilo que são situações familiares e comuns, é uma situação familiar de violência em que há uma criança que presencia, que assiste, que por essa via também é ela própria vítima daquela situação de violência, que parece ser não uma novidade naquela família, mas um contínuo”, esclareceu a secretária de Estado para a Cidadania e a Igualdade.
De acordo com Rosa Monteiro, a criança expressa depois essa violência no seu desenho, dando uma “perspetiva de presente e futuro negra”.
“A campanha joga precisamente com esse sentido do impacto profundo que a violência tem nas mulheres e nas crianças, ao mesmo tempo que apresenta uma saída, que é uma saída mais colorida, em que o desenho feito pela criança se transforma com a intervenção das pessoas que, no fundo, somos todas e todos nós, e que nos devemos mobilizar para a denúncia e para o apoio às pessoas que são vítimas”, explicou Rosa Monteiro.
A secretária de Estado realçou que a campanha acaba por ter um lado “ interessante e cativante” graças à ilustração, da autoria da artista visual portuguesa C’Marie, e aposta numa “ ampla disseminação nos mais diversos canais e meios, desde vários órgãos de comunicação social de âmbito nacional, regional e local, salas de cinema e meios de transporte, postos de combustíveis, hipermercados e na rede de multibanco.
A campanha #PortugalContraAViolência, que pretende assinalar o Dia Internacional pela Eliminação da Violência Contra as Mulheres, tem como objetivo “num momento em que também os constrangimentos impostos pela pandemia de covid-19 provocaram desafios acrescidos, consolidar o sentido de responsabilidade coletiva, transmitir confiança a cada mulher, na sua luta, e à sociedade em geral, no combate a este crime, bem como divulgar as respostas e mecanismos de apoio às vítimas”, tal como refere o comunicado do gabinete da secretária de Estado.
Rosa Monteiro avançou que a campanha compreende igualmente a divulgação de um código QR, através do qual tem-se acesso a um guia de recursos com todas as respostas do país em matéria de violência doméstica, “onde as pessoas poderão procurar apoio e ajuda direta nas situações que presenciem ou que vivam de violência doméstica”.
Segundo a secretária de Estado, esta campanha é uma “sequela “ da campanha lançada no ano passado e que remetia para casos de violência doméstica ocorridos durante os períodos de confinamento.
Rosa Monteiro considera que a mensagem é clara: “Enquanto continuar a haver violência doméstica, não vai ficar tudo bem”.
Acrescentando que a violência doméstica “é uma pandemia permanente na vida das mulheres e das crianças”.
A iniciativa é da responsabilidade da secretária de Estado para a Cidadania e a Igualdade e da Comissão para a Cidadania e a Igualdade de Género (CIG), com a colaboração da AMCV – Associação de Mulheres Contra a Violência, Associação Projeto Criar, Associação Ser Mulher, APAV – Associação Portuguesa de Apoio à Vítima, Associação Plano I, Associação Portuguesa de Mulheres Juristas, Coolabora, Cruz Vermelha Portuguesa, Movimento Democrático de Mulheres, Mulheres Século XXI, UMAR – União das Mulheres Alternativa e Resposta e Quebrar o Silêncio Associação.
Os dados mais recentes indicam que nos primeiros nove meses de 2021 a violência doméstica assassinou 19 pessoas e que a Rede Nacional de Apoio às Vítimas de Violência Doméstica (RNAVVD), que abrange atualmente 95% território nacional, incluindo respostas especializadas de atendimento e acolhimento, registou até final do passado mês de setembro 97.172 atendimentos.