A Associação Portuguesa de Escolas Profissionais Agrícolas (APEPA) assume o papel de dar voz ao ensino alternativo e apoiar as escolas na formação de alunos, preparando-os para integrar o mercado de trabalho. Considerando o panorama atual, o presidente da Associação alerta para a urgência de se repensar no ensino profissional público. Fernando Fevereiro defende um maior acompanhamento e uma monitorização mais acentuada.
A caminho dos 30 anos, a Associação Portuguesa de Escolas Profissionais Agrícolas (APEPA) representa um universo de catorze escolas e cerca de três mil alunos. Assente no papel de unir as escolas, a APEPA tem como missão formar jovens bem preparados para ingressar o mercado de trabalho. “Houve sempre a necessidade de estarmos unidos, no sentido de fazermos valer a nossa voz, quer junto dos parceiros económicos quer junto do Ministério de Educação. E fazer com que as escolas tenham um papel no ensino bastante vincado, ou seja tentar formar alunos a partir dos 18, 19, ou 20 anos, que saiam para o mercado de trabalho já com uma profissão definida”, explica Fernando Fevereiro.
Atento às necessidades do mercado nacional, o presidente da Associação defende que o país tem de formar pessoas em determinadas áreas para dar resposta imediata às lacunas e aos desafios profissionais atuais. E defende que essa é uma missão deste ensino alternativo: “o ensino profissional nasce precisamente para dar resposta a necessidades específicas. Chegou-se à conclusão que era suficiente ter
uma formação básica de matemática, das ciências, da biologia e da físicoquímica, para em paralelo conseguir ensinar-se outras matérias, para que, com três anos, se pudessem seguir determinadas áreas.”
Fernando Fevereiro acredita que o papel do ensino profissional é fundamental e considera que o ministério da educação deveria apostar num acompanhamento e numa monitorização mais acentuada:
“há necessidade de nos tornarmos conhecidos e conseguimo-lo através da publicitação. Nós somos conhecidos pelos nossos parceiros na AGRO Braga, na AgroSemana de Vila do Conde, na Feira de Santarém. As escolas aparecem e mostram-se, o problema nasce da nossa pequena dimensão.” O Presidente da APEPA lamenta, no entanto, que este ensino ainda esteja associado a um certo estigma. Fernando Fevereiro afirma mesmo que o ensino científicohumanístico não é melhor do que o ensino profissional. “Garanto-vos que o aluno que entre no ensino profissional e leve o curso a sério está muito mais bem preparado para a vida ativa e para seguir o ensino superior”.
As responsabilidades aliadas à oportunidade que as escolas profissionais abrem de seguir um percurso profissional são fundamentais para esses alunos que, de acordo com Fernando Fevereiro, se sentem
“importantes uma vez que lhes dão oportunidade de serem alguém na vida e tornam-se excelentes homens e mulheres e profissionais notáveis.”
A confiança na qualidade da formação dos alunos reflete-se na procura das empresas. “Efetivamente quando os nossos alunos conseguem trabalho nas diferentes áreas, são muito bons. Em qualquer uma das escolas caem sempre chamadas a pedir funcionários. Eles têm o perfil adequado e têm vontade de trabalhar, estar, saber e liderar.” Mas é a atitude dos alunos e os valores que as escolas profissionais transmitem aos alunos que são fundamentais para o seu sucesso profissional: “incutimos aos nossos alunos que ao sair da escola é para se trabalhar e dignificar a profissão”.