Tomar é uma região com fortes raízes musicais como se demonstra pelo número de escolas musicais e bandas filarmónicas existentes. Foi aqui, aliás, que nasceu um dos mais importantes músicos portugueses do século XX, o compositor e maestro Fernando Lopes-Graça. Nós fomos conhecer uma das associações culturais mais emblemáticas da cidade, a Canto Firme. Um importante polo cultural e social do concelho que há mais de 40 anos suaviza os ouvidos da população tomarense.
Um Coro Misto, um Conservatório de Artes, uma Oficina de Teatro e várias formações residentes. Tudo isto é a Canto Firme de Tomar – Associação de Cultura que nos foi apresentada pelo seu presidente, o Arquiteto Artur Silva. A Canto Firme provém de um Coro que nasceu em 1980, no seio de uma Sociedade Filarmónica centenária em Tomar. Por razões logísticas e artísticas, em 19 de Fevereiro de 1982 por Escritura Pública, lavrada no Primeiro Cartório da Secretaria Notarial de Tomar e publicada no Diário da República III Série n.º 85 de 13 de Abril de 1982, nasce a Canto Firme-Associação que tem por fim contribuir para o desenvolvimento cultural da sua região e do seu país. É reconhecida como Entidade Pública desde 1992 (DR 207 de 08.09.1992) e IPSS, Instituição Particular de Solidariedade Social desde Maio de 2007 (DR 10 – II Série de 15.01.2008).
A Canto Firme, mantém desde o dia 12 de janeiro de 1996 uma Escola de Música da Rede Pública do Ensino Vocacional Artístico – “Conservatório de Artes”, com cursos de iniciação, ensino básico e secundário, em regime Articulado e Supletivo, quer em Tomar quer em Mação (Firmação). Promove ainda, em parceria com a Escola Secundária Jácome Ratton – Agrupamento de Escolas dos Templários, Cursos Profissionais de Música de Nível IV, nas vertentes de Sopro e Percussão e Cordas e Teclas. Cursos com dupla certificação, Diploma Profissional de Instrumentista, Diploma de conclusão do Nível Secundário (12º Ano) e Acesso ao Ensino Superior. Além destes cursos, explica-nos Artur Silva, o “CACFT” oferece ainda Cursos Livres/Instrumentos, Atividades de Enriquecimento Curricular (AEC), “Os Firminhos”, Academia de Ballet e Música para Pais e Bebés. A Canto Firme possui várias Formações Residentes entre as quais se destacam a Orquestra de Sopros CF, Ensemble de Metais, Orquestra de Guitarras, Orquestra de Cordas, Ensemble de Clarinetes, vários grupos de Música de Câmara, Coro Infantil/Juvenil, Orquestras Orff e Suzuki, Orquestra de Sopros do Médio Tejo. Através de protocolos rubricados recentemente com o Município de Tomar, tem a seu cargo a Orquestra Sinfónica de Thomar e a Casa Memória Lopes Graça, refere Artur Silva.
Para o desenvolvimento das suas atividades terminou, em 2002, a construção da sua Sede e Auditório com capacidade para 250 lugares, sendo já referenciado como um importante Polo Cultural e Social do concelho de Tomar e da região do Médio Tejo.
Para além da música, como já referimos, podemos contar com outra valência, “o teatro”. Está neste momento em curso uma reformulação da Oficina de Teatro e a ideia passa por retomar novamente a atividade no segundo semestre de 2022. Como se pode calcular, o Plano de Atividades Anual das várias valências da Canto Firme é vastíssimo, infelizmente nestes dois últimos anos a pandemia tem dificultado a realização dos espetáculos que são promovidos pela Associação, “mas o futuro está aí e julgo que este ano já se poderá considerar normal ao nível dos eventos”, lembra o presidente.
Naturalmente não podemos esquecer de mencionar a Festa dos Tabuleiros e a importância desta associação na sua organização. Tudo depende da programação da festa, mas a Canto Firme colabora sempre com uma excelente oferta de espetáculos e pequenos eventos. Como exemplo, Artur Silva menciona a última Festa, em 2019, “apresentámos no Convento de Cristo, o espetáculo multidisciplinar (com teatro, música e outras artes) “Visita em Viagem” com dramaturgia, encenação e direção de atores de João Mota e direção musical de António de Sousa. Esta é uma festa de extrema importância para os alunos porque a vivem na sua plenitude ao intervirem em todos os espetáculos organizados pela Canto Firme.
Uma das maiores preocupações da Associação é ter sempre uma oferta de eventos de qualidade para a população de Tomar e, de acordo com Artur Silva, “sempre que fazemos um evento, mesmo que seja ao nível da formação artística, o “resultado final” é sempre aberto à comunidade”.
A perspetiva para esta associação é continuar a desenvolver o seu importante trabalho, com base nas Valências existentes, assumindo como desígnio atingir padrões de desempenho cada vez mais elevados, assentando na “vontade de fazer bem, fazer inovando e, acima de tudo, fazer em conjunto”, conclui o presidente. O futuro da Associação será seguramente firme como o canto afinado que lhe dá o nome.
Lopes-Graça
A construção da sede foi terminada em 2002, tal como o Auditório Fernando Lopes-Graça que tem capacidade para 250 lugares. À entrada do auditório, numa placa explicativa, podemos ler que Lopes-Graça sempre manteve uma ligação à sua terra natal. Aquando da fundação do Coro Canto Firme-Nabantina, em 1980, o Maestro foi convidado de honra do primeiro Encontro de Coros do Convento de Cristo. Foram muitos os ensaios e os concertos que criaram uma forte empatia entre “o Graça”, como era carinhosamente chamado, e a “a rapaziada”.
Coro Misto
A génese da Canto Firme-Associação de Cultura foi o seu Coro Misto, o qual conta atualmente com cerca de 45 elementos. Os seus coralistas são recrutados entre pessoas de qualquer idade, com ou sem formação musical, que gostem de estar entre amigos e de cultivar o gosto por boa música, através de um trabalho regular e exigente. Musicalmente, o Coro dedica-se à montagem de repertório de todas as épocas, países, géneros e autores, com especial incidência na divulgação de música Ibérica Polifónica, Profana e Religiosa, e da obra coral do compositor português Fernando Lopes-Graça (1906-1994 – Tomar, sua terra natal), onde a principal preocupação artística é a conciliação entre a qualidade da escrita musical e as capacidades vocais dos coralistas. Na sua atividade de divulgação, o Coro realiza uma média de duas dezenas de concertos por ano, tanto em Tomar como um pouco por todo o nosso País. No estrangeiro, já realizou digressões por vários países, nomeadamente: França; Áustria; Hungria; Espanha; Ilha de Mohé nas Seychelles; República Checa.
Em Outubro de 2018 participou no “3rd Beira Interior Internacional Choir Festival & Competition” na cidade do Fundão, onde obteve um “Diploma e Ouro” e Outro “Diploma de Prata”, respetivamente nas categorias de Coro Misto e Folclore. Fruto do seu trabalho e empenhamento, o Coro tem obras oferecidas ou dedicadas por compositores portugueses contemporâneos como Lopes Graça (1906-1995), Eurico Carrapatoso (1961) e Nuno Leal (1973), para além de António de Sousa.
É dirigido desde a sua criação pelo fundador e sócio nº.1 da Associação, Maestro António Luís Linhares Corvelo de Sousa, Licenciado em Ciências Musicais e Mestre em Musicologia Histórica pela Universidade Nova de Lisboa, além do seu diploma em piano e composição.