Fomos até Celorico de Basto conhecer a Escola Profissional Agrícola Engenheiro Silva Nunes (EPAESN). Uma instituição de grande relevância para toda a região, que se dedica a formar profissionais há quase 50 anos. O percurso singular que tem traçado leva ao seu reconhecimento como um verdadeiro modelo no ensino profissional.
Com um papel dinâmico no progresso da região, a EPAESN assume como principal missão qualificar e capacitar os jovens da região para as necessidades de desenvolvimento do setor agroflorestal. Fernando Fevereiro, diretor da instituição, reitera esta missão assumindo que não é uma tarefa simples: “os miúdos não acreditam, enquanto não houver uma boa política educativa no sentido de dizer que a agricultura é, sem dúvida, uma área em que podemos não ser ricos mas não nos falta nada para comer.” Algo que só pode mudar se houver uma real valorização do sector agrícola. Inicialmente criada para ministrar cursos agrários e cursos de formação feminina, hoje a Escola conta com uma oferta formativa ampla e passou, recentemente, a denominar-se Escola Profissional Agrícola Engenheiro Silva Nunes. Durante muitos anos foi sempre conhecida por Escola Profissional de Fermil.
O caminho que têm percorrido tem merecido reconhecimento a nível nacional e traz alunos de todo o país. “Temos tido uma grande afluência dos alunos de Fafe. Já cá tivemos alunos do Porto, inclusivamente alunos de Faro.” Uma mobilidade que Fernando Fevereiro considera essencial para a evolução pessoal.
“Os alunos têm de se habituar a sair de casa e os encarregados de educação têm que ter essa experiência dolorosa de deixar os filhos longe.” Mas alerta para a uma lacuna impeditiva para as escolas e outras entidades do interior: “entendo que a mobilidade dos alunos é extremamente importante para as escolas e uma rede de transportes públicos satisfatórios é essencial.” A mobilidade dos alunos é um projeto da escola desde 1994, com várias parcerias estabelecidas com escolas francesas, por exemplo.
Uma rede em desenvolvimento
Integrada no papel dinâmico que desempenha no progresso da região, a EPAESN abriu recentemente o seu restaurante pedagógico ao público. O “Souto Grande” funciona num edifício novo, dentro do perímetro da Escola, e conta com todos os ingredientes para se tornar mais um ponto de interesse na região. “Foi uma mais-valia para a escola, sem dúvida, e principalmente para os alunos de restauração. Hoje, o restaurante trabalha em prol da comunidade”, assumiu o Diretor, esclarecendo que qualquer pessoa pode usufruir do serviço, mediante a inscrição prévia na página oficial da escola.
Valorizar as camélias
A ligação de Celorico de Basto com as camélias mais antigas da Europa levou à criação do projeto “Laboratório das Camélias”. Uma ideia que resulta da parceria entre a Escola, a Câmara Municipal de Celorico de Basto e a UTAD (Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro). “À Utad vai-se buscar a
investigação e nós aqui na Escola vamos dar a parte mais física, e o trabalho de campo.” Paralelamente está a ser criado um Centro de Ciência Viva, onde se pretende inserir este projeto das Camélias. “A escola tem o projeto aprovado e tudo vai ser trabalhado e articulado, para ver se conseguimos chegar a bom porto.” O sonho é colocar Celorico de Basto no meio científico, através da criação de um Centro de Investigação de Estudos sobre estas flores que atraem visitantes de todo o mundo. “Isto é um sonho da região, é uma estratégia da autarquia, com a participação da Escola, que pretende colocar Celorico no mapa do meio científico, o que é extremamente importante.”