Ana Paula Amendoeira, diretora regional da Cultura do Alentejo, destaca projetos criados entre a EUROACE e explica a importância da classificação do património cultural pela UNESCO.
A Direção Regional de Cultura do Alentejo (DRCAlentejo) desenvolve a sua intervenção na região correspondente à NUTII Alentejo (NUTIII Alto Alentejo, Alentejo Central, Baixo Alentejo e Alentejo Litoral). É um organismo da Administração Desconcentrada do Estado que tem por missão o apoio a museus, a criação de condições de acesso aos bens culturais, o acompanhamento das atividades e a fiscalização das estruturas de produção artística financiadas pelos serviços e organismos da área da cultura e o acompanhamento das ações relativas à salvaguarda, valorização e divulgação do património cultural imóvel, móvel e imaterial. “Temos competências muito relevantes no que respeita à salvaguarda do património, sobretudo aquele que é classificado. No âmbito desta competência, damos pareceres e despachos vinculativos em todas as intervenções em zonas de proteção de monumentos, em património em vias de classificação e em património classificado”, explica a diretora Ana Paula Amendoeira à IN Corporate Magazine.
Sobre as metas já alcançadas, a diretora destaca: a certificação ISO da DRCAlentejo, obtida em 2018; o importante investimento realizado em vários monumentos afetos, de que seleciona as intervenções mais recentes: a recuperação das fortificações de Campo Maior e do Castelo de Castelo de Vide, para instalação da Casa da Cidadania Salgueiro Maia, bem como o Museu do Cante/Casa do Cante, em Serpa. Considera, ainda, muito importante o trabalho que está a ser realizado no processo de classificação do megalitismo alentejano, o maior processo de classificação de património desde a implantação do regime republicano. As várias inscrições que a região tem nas listas de património mundial e imaterial da UNESCO, como é o caso de Évora, inscrita em 1986 e que foi um processo exemplar, que abriu caminho a muitas outras distinções da UNESCO no Alentejo, desde logo, a cidade de Elvas, com o maior conjunto de fortificações abaluartadas do mundo. Na categoria de património imaterial, temos as inscrições do Cante, do Figurado em Barro de Estremoz, as Festas do Povo de Campo Maior e a Arte Chocalheira, na categoria de património a necessitar de salvaguarda urgente. Estão, também, em curso outros processos de candidatura à UNESCO, nomeadamente Vila Viçosa, Fortalezas abaluartadas da Raia, Mértola e as ruínas romanas de Troia.
Segundo a diretora regional, também o processo da Dieta Mediterrânica merece ser mencionado: “Tem um potencial assinalável pelo seu carácter transversal, por exemplo, com o sector da agricultura tradicional, assim como uma lista de outros bens na região do Alentejo, cujos processos de inventariação estão a ser preparados, como é o caso da olaria pedrada de Nisa, da olaria de São Pedro do Corval, de Redondo, das práticas ligadas à tecelagem, do movimento filarmónico, do vinho da talha, da criação e ensino do Cavalo Alter Real da Coudelaria de Alter do Chão, entre outras”.
Projetos culturais da EUROACE prometem crescimento
No âmbito da EUROACE, a diretora regional da Cultura do Alentejo revela que está a ser preparada uma programação cultural transfronteiriça, que irá funcionar como uma rede de intercâmbio de agentes culturais não profissionais, com o objetivo de promover a cultura popular e amadora das três regiões, num projeto de circulação cultural. Este projeto ficou suspenso devido à pandemia e está agora a ser retomado pela DRCAlentejo DRCCentro, Junta da Extremadura, CCDRAlentejo e CCDRCentro.
Segundo Ana Paula Amendoeira, o projeto “First Art”, que junta duas grutas do paleolítico com arte rupestre no seu interior – a gruta do Escoural, monumento nacional afeto à DRCAlentejo, e a gruta de Maltravieso, em Cáceres, na Extremadura espanhola – pretende tornar este património mais acessível e contribuir para um maior conhecimento sobre o seu valor histórico e artístico. Trata-se de um importante projeto de valorização de um património único na EUROACE: a arte rupestre em contexto de gruta.