A sustentabilidade, os cosméticos multifuncionais e até o metaverso fazem parte da resposta da indústria da beleza às mudanças em curso.
Uma constante da beleza é estar sempre a mudar, cada era na cultura ocidental teve a sua ideia do que é o belo. É o que nos mostra A História da Beleza, do escritor Umberto Eco, ilustrado com 600 imagens de obras-primas, ele próprio um bonito livro.
Questões estruturais como as alterações climáticas e a aceleração tecnológica, somadas a outras conjunturais como a recuperação pós-pandemia, instabilidade política e aumento do custo de vista, têm obrigado a indústria da beleza a adaptar-se. As marcas estão, por exemplo, a lançar menos produtos mas mais relevantes. Até porque do lado de quem compra há uma maior preocupação com a transparência e a responsabilidade ética. Desde a política de preços à eficácia dos produtos, tudo está a ser acompanhado de muito mais perto pelos consumidores.
A Provenance é uma plataforma americana na área do marketing tecnológico que ajuda os consumidores a verificar quais são as marcas que realmente representam ganhos em termos de sustentabilidade. Permite ver o impacto nas pessoas e no planeta de produtos de mais de 200 marcas só na área da beleza, algumas das quais conhecidas dos portugueses. Baseada na verificação imparcial, a plataforma é uma ferramenta de empoderamento para quem compra a que as marcas e retalhistas têm interesse em aderir.
Além da responsabilidade ética, outra tendência nesta área, muito alinhada com a poupança, é a dos cosméticos híbridos ou multifuncionais. Produtos que reúnem vários benefícios como, por exemplo, a hidratação, nutrição, proteção solar e antienvelhecimento numa única fórmula. Ao simplificar a rotina de cuidados diários com a pele é também mais fácil segui-la.
Ao nível dos perfumes mantém-se a tendência crescente da maior utilização de fragrâncias na fase pós-pandemia. Mas, nesta área, a Geração Z (nascidos entre 1997 – 2012) parece estar a mudar padrões de consumo. Já não procuram o “cheiro de assinatura” caraterístico de outras gerações, ou seja, aquele aroma pelo qual as pessoas são reconhecidas e que “funciona” bem com a química corporal, mas antes mais uma fragrância que expresse as suas várias facetas.
O metaverso, o espaço virtual 3D onde podemos experimentar a vida de uma forma que não podemos fazê-lo no mundo físico, também já chegou à indústria da beleza de topo. Embora tudo o que tenha que ver com esta área seja altamente físico e sensorial, o metaverso oferece a possibilidade da criação de avatares. O que está a ser explorado é a criação de produtos virtuais como maquilhagem, penteados e tatuagens que permitem aos utilizadores experimentar diferentes looks e estilos. Não é coincidência que uma das referências mundiais na área da maquilhagem, Charlotte Tilbury, tenha patrocinado eventos como o Girl Gamer Esports Festival e lançado a primeira loja virtual em abril deste ano.
Talvez a possibilidade de escolhermos a forma como nos apresentamos sem os limites daquilo que somos, ainda que no mundo virtual, venha a fazer parte de uma nova definição de belo. Mas isso só o futuro o dirá.