O mês de junho traz, aos portugueses, uma nova energia e uma nova cor – muito se deve aos festejos dos Santos Populares.
As ruas enchem-se de marchas, arcos, balões de ar quente, abraçam o cheiro a sardinha – acompanhado com um caldo verde – e a manjerico, e festeja-se ao som de músicas populares portuguesas.
Mas o que diferencia o Santo António, do São João e do São Pedro? Em cada cidade de Portugal, é festejada uma destas três festas e todas elas têm as suas próprias tradições.
A primeira a realizar-se é o Santo António, a 13 de junho e costuma festejar-se em Lisboa e em mais 14 cidades do país. As celebrações começam no início do mês e prolongam-se até à mais esperada noite de Santo António, de 12 para 13. É nessa noite, em Lisboa, que as marchas populares mostram as coreografias e “cantigas” que estiveram a ensaiar durante vários meses, alimentando uma competição saudável entre bairros das várias localidades: Alfama, Mouraria, Alcântara, Alto do Pino são alguns exemplos de bairros históricos. Santo António nasceu em Lisboa e é o padroeiro dos pescadores, grávidas, marinheiros, viajantes, agricultores, idosos, entre outros. É também o Santo Casamenteiro e marcando bem esta sua faceta, a capital organiza os tradicionais Casamentos de Santo António. É no dia 12 de junho que vários casais sobem ao altar da Sé de Lisboa e podem, aos olhos de Santo António, casar.
O São João é festejado a 24 de junho, dia em que São João Batista terá nascido e muito próximo do solstício de verão, ou seja, o dia com o maior número de horas de luz solar do ano. A grande festa acontece na noite de 23 para 24 e é aí que são cumpridas muitas tradições pagãs, sendo algumas caraterísticas de determinadas localidades: lançar um balão de ar quente, dar e levar marteladas, ser apanhado pelo cheiro caraterístico do alho porro (símbolo de fertilidade masculina), saltar a fogueira três vezes e em número ímpar, criar cascatas sanjoaninas em homenagem a São João. O Porto e Braga têm as maiores noites de São João, acompanhado com um grande espetáculo de fogo de artifício, mas esta é também celebrada em mais 33 cidades, incluindo as ilhas. O fim da noite acaba junto à praia e com o primeiro banho da manhã, como manda a tradição.
A fechar os Santos Populares está São Pedro, o primeiro Papa da igreja católica, padroeiro dos pescadores, viúvos e viúvas e considerado o “Príncipe dos Apóstolos”. Este santo tem o seu dia a 29 de junho e é festejado na noite de 28, em 17 cidades do país, principalmente em localidades piscatórias – é conhecida por ser a festa dos pescadores. Em cada cidade, existem diferentes tradições: no Montijo, o São Pedro é festejado com a queima do batel, um ritual pagão que se manteve até aos dias de hoje e na Póvoa do Varzim são habituais as rusgas, desfilando com os seus trajes locais e exibindo os seus tronos ao Santo, para além da grande iluminação das ruas que são organizadas por bairros, alimentando, mais uma vez, rivalidades saudáveis.