A partir de hoje, 26 de outubro, já é possível encontrar nas livrarias o 40º álbum das aventuras Astérix, denominado “O Lírio Branco”. Este volume marca a estreia da nova dupla de autores, constituída por Fabcaro e Didier Conrad. Com uma tiragem de cinco milhões de exemplares, o livro foi reproduzido em 20 línguas e dialetos.
É a partir desta quinta-feira que “O Lírio Branco”, 40º álbum de Astérix, chega às bancas, em vários idiomas. Para além das novidades da história, a obra conta com uma nova dupla de autores, composta por Fabcaro e Didier Conrad, argumentista e ilustrador, respetivamente. A versão portuguesa deste livro foi lançada em simultâneo com a francesa, sendo o título original “L’iris Blanc”.
Questionado sobre o título, o argumentista diz que queria escrever algo “que se enquadrasse no espírito de Goscinny e Uderzo, em que o tema é muitas vezes encarnado num objeto físico ou numa pessoa (O Caldeirão, O Adivinho, O Grande Fosso, O Escudo de Arverne, A Foice de Ouro…)”. De acordo com o próprio, o Lírio Branco é o nome de uma nova escola de pensamento positivo, vinda de Roma, que começa a propagar-se pelas grandes cidades, de Roma a Lutécia.
Na história, os exércitos romanos estão desmotivados e César decide que este novo método pode ter efeitos benéficos, nomeadamente sobre os campos fortificados à volta da famosa aldeia gaulesa. Porém, os preceitos da instituição influenciam igualmente os habitantes da aldeia que com eles se cruzam. Esta nova escola de pensamento positivo foi criada pela personagem principal da capa, médico-chefe dos exércitos de César, o “vilão” desta aventura que se faz acompanhar sempre por um lírio branco. “Aqui, o lírio é um símbolo de bondade e de plenitude”, esclarece.
Relativamente à capa do livro, o desenhador diz ter querido dar destaque à nova personagem principal, daí a ter colocando ao centro e em primeiro plano. “Representei-a de costas voltadas para o Astérix para mostrar que este último não se deixa enganar, lançando-lhe um olhar irónico. Em segundo plano, quis mostrar os efeitos que o método do Lírio Branco pode ter sobre os habitantes da aldeia. Para uns funciona como uma espécie de feitiço, para outros provoca a desconfiança e a resistência”.
Quer o desenho da capa quer o título anunciam uma nova personagem na história, que é responsável pela mudança de comportamento, tanto dos habitantes da aldeia como dos Romanos. Trata-se de Palavreadus, um amigo que só quer o bem do próximo. Inicialmente, este médico-chefe dos exércitos de César, chamava-se Bibliobus, mas os autores perceberam logo que este nome não refletia a sua verdadeira personalidade. Optaram então por uma designação que anuncia explicitamente a sua caraterística principal. Possuidor de um palavreado tão vasto como enganador, Palavreadus é, afinal, um moralista “de trazer por casa”, que tem apenas um objetivo na vida: fazer um brilharete perante César e tornar o seu método conhecido em todo o mundo. Nem que para tal tenha de subjugar a última aldeia gaulesa que ainda resiste ao opressor.
No que diz respeito à personalidade do protagonista, Fabcaro afirma que, “para além de ser um pensador, ele é um moralista ‘de trazer por casa’, o tipo de pessoa a quem o adágio popular ‘olha para o que eu digo, não olhes para o que eu faço’ assenta como uma luva! É uma personagem que tem tendência para se exprimir através de citações e aforismos, por vezes bem obscuros, que dão a impressão de que ele está a dizer coisas muito profundas”.
Fisicamente, imaginou um homem charmoso, com um carisma inegável que facilmente ganha ascendente sobre os seus interlocutores, tanto física como intelectualmente. “Em conjunto com o editor, procurámos referências para alimentar o Didier e acabámos por concordar em criar uma personagem com alguma idade ou, como se diz, ‘com alguma experiência’. Um homem elegante com uma aura intelectual”. Foi assim que sugeriram Bernard-Henri Lévy e Dominique de Villepin como referências.
Relativamente às ilustrações, Didier Conrad, com todas as indicações à sua disposição, começou a trabalhar no físico da personagem. “Não quis fazer uma caricatura em sentido restrito, mas sim inspirar-me nas sugestões recebidas para criar uma personagem única, ao mesmo tempo charmosa e sábia, com o seu cabelo grisalho”. Também se debruçou sobre a indumentária para fazer dele um “Romano diferente” que, provavelmente, viajou pelo mundo conhecido para criar o próprio método. “Inspirei-me na época Catmandu, no Flower Power e nas vestes orientais para salientar a sua faceta de guru espiritual. É por isso que ele usa um grande colar, pulseiras e – claro está – um lírio! Devo confessar que me diverti bastante a criar de raiz esta personagem”.
Praticar exercício físico com regularidade, comer menos javalis e mais bagas e legumes, resolver os conflitos através da palavra e não através da pancadaria são os ideais que compõem o método de pensamento positivo criado por Palavreadus, que parece resultar junto dos Romanos, visto que “ficam cheios de pelo na venta”.
“Apesar de estar muito distante do modo de vida tão caro aos nossos irredutíveis gauleses, esse mesmo método parece também surtir efeito sobre uma parte da aldeia e muito particularmente sobre Boapinta! Mas… com que consequências? Poderá Boapinta ficar de tal modo afetada que se incompatibilize com o seu mais-que-tudo? Poderá o Lírio Branco desencadear uma crise conjugal entre Matasétix e Boapinta?”
As respostas a estas questões podem ser encontradas em “O Lírio Branco”.