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NAU: uma plataforma de conhecimento para todos

A plataforma NAU é um serviço digital da Fundação para a Ciência e a Tecnologia, desenvolvida e gerida pela FCCN, que disponibiliza inúmeros cursos abertos e acessíveis a todos, desde 2019. Em entrevista à IN Corporate Magazine, Pedro Cabral, gestor de projeto, explica-nos os detalhes desta plataforma pioneira a nível nacional.

Há dez anos, o MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts) e Instituições do Ensino Superior com impacto mundial decidiram criar uma plataforma de MOOCs (Massive Open Online Courses). A partir daqui começaram a emergir projetos semelhantes em várias partes do mundo, incluindo Portugal. Dada a ligação da FCCN, serviços digitais da FCT, especificamente com o ensino superior, consideraram que seria necessário criar uma plataforma, em português, que tivesse cursos abertos, em formato online, destinados à lusofonia onde se pudesse partilhar conhecimento científico – assim nasce a NAU. Se inicialmente estava pensada e estruturada para o contexto do ensino superior, rapidamente perceberam que poderia ser algo mais abrangente que atingisse quer a administração pública, quer o setor privado.

Desde que começou a operar, em 2019, e até ao final de abril deste ano, já viabilizou um total de 214 cursos, de diversos temas e com níveis de dificuldade diferentes. Para usufruir dos conhecimentos providenciados pelos parceiros da NAU é apenas necessário um registo na plataforma e depois aceder a qualquer curso que esteja disponível, uma vez que todos têm acesso livre.

“A Nau – Sempre a Aprender é chave para a afirmação da língua portuguesa na área do conhecimento. Desde o seu lançamento, a Plataforma Nau já ultrapassou os 300.000 utilizadores, com mais de 800.000 inscrições e 370.000 certificados. Mas temos espaço para crescer em instituições aderentes, número de cursos e participantes, multiplicando o impacto e suprindo as necessidades de requalificação até 2030”.

João Gomes, diretor de área da FCCN, serviços digitais da Fundação para a Ciência e a Tecnologia

As vantagens de ser parceiro da NAU

A NAU tem diversos parceiros, tanto da Administração Pública Portuguesa, do Ensino Superior e de Entidades Privadas. “Diria que são um dos pontos-chave, a par dos utilizadores”, refere Pedro Cabral. Apesar do diferente ritmo de criação de cursos por parte das entidades formadoras, “todas são vitais e críticas” para a vida da plataforma.

Estas parcerias também acabam por ser uma boa forma de as entidades chegarem a pessoas que de outra forma não chegariam, isto porque cada uma delas ao trazer um pouco daquilo que são os seus públicos, também acaba por beneficiar dos de outras entidades. “Eu acho que é esse efeito de escala que a NAU tem que é bastante interessante, tanto que a média de inscrições dentro de cada curso, neste momento, está a rondar as 3.600 pessoas”, comenta o gestor de projeto.

“Os cursos disponíveis na Plataforma NAU são tão válidos como um curso presencial, pois existe por
trás de cada um deles uma equipa de formadores que assegura o conhecimento do ponto de vista científico e, claro, a equipa da NAU está sempre disponível para apoiar tanto os “estudantes” como os produtores de conteúdos, como é o caso da Universidade do Porto”.

Teresa Correia, Coordenadora da Unidade de Inovação Educativa da Universidade do Porto

Outro dos aspetos que pode ter importância para as entidades é o acordo afirmado com a edX.org, a segunda maior plataforma mundial, onde poderão figurar os cursos disponíveis atualmente na NAU, sob a égide da marca PortugalX. “Esta nova parceria também abre um espaço a uma maior internacionalização por parte das entidades, sendo que a NAU acaba por ser um bom veículo para a difusão do conhecimento e para a divulgação das entidades a uma escala mundial”.

O balanço, os objetivos e as expetativas para o futuro

“O balanço é bastante positivo”, muito graças aos períodos de confinamento da Pandemia de Covid-19, em que houve mais de dez mil pessoas a registarem-se mensalmente na plataforma. Não obstante, e contrariando a tendência mundial, 2023 foi até então o melhor ano, dado que, no total, tiveram cerca de 60 mil pessoas a aderir à NAU. “Isto significa que ainda há aqui uma margem de manobra de crescimento muito grande, que se confirma, por exemplo, com este primeiro quadrimestre, pois até abril já tivemos mais de 35 mil pessoas a registarem-se, o que significa, ou pelo menos tudo indica, que este ano vamos superar os anteriores números”.

Ter cada vez mais parceiros, cada vez mais trabalho e cada vez mais profissionais para apoiar nas estratégias das entidades são alguns dos objetivos do gestor de projeto. “Dentro daquilo que é a missão de cada entidade, pretendemos ser mais um elemento na engrenagem da estratégia das instituições”. Pelos resultados conseguidos até então, Pedro Cabral acredita que possam continuar a crescer com as atuais entidades, bem como com outras que se venham a juntar ao projeto.

“É impressionante a quantidade de pessoas que ajudam com esta iniciativa. Graças à NAU aprendo sobre temas incríveis que nunca pensei que existissem como a Supercomputação por exemplo, e ao mesmo tempo estou a melhorar as perspetivas de progressão profissional dentro da AP”.

Nuno Tamm Gomes, Técnico Superior

Relativamente ao facto de estarem sob a alçada do Plano de Recuperação e Resiliência, refere que os financiamentos têm sido úteis para crescer e para oferecer, do ponto de vista tecnológico, soluções mais adequadas a quem os procura. “Com esta verba, vamos desenvolver mais alguns cursos em áreas que consideramos críticas e que possam ser bastante úteis para o contexto nacional”.