Destaque Mulheres Inspiradoras Mundo Empresarial

CHEP Portugal: Sustentabilidade e Inovação na Logística

Empresa australiana, pioneira no sistema de pooling de paletes, opera em Portugal desde 1993. Desde a redução da pegada ambiental até ao desenvolvimento de um modelo de negócio circular, a CHEP tem liderado a transformação das cadeias de abastecimento. Ana Paula Sardinha, Country General Manager na CHEP Portugal, explica-nos como.

Antes de mais, para que a possamos conhecer melhor, gostava que nos contasse, de forma resumida, o seu percurso profissional até ter assumido o cargo de Country General Manager na CHEP Portugal.

Entrei na CHEP em 1997 como responsável pela equipa de gestão da área de Retailers e lançamento dos primeiros RPC’s (Reusable Plastic Containers) no mercado português no sector de Frutas e Vegetais. O objetivo foi demonstrar como a CHEP contribui para a redução da pegada ambiental e dos custos na cadeia de abastecimento, sendo facilitadora e promotora de otimizações logísticas, das operações de transporte, armazenagem e manuseamento de mercadorias.

Passados 10 anos, liderei um projeto importante na CHEP, que levou ao primeiro outsourcing de Customer Service suporte na Europa, transferindo para Call Centres externos todo o trabalho de contactos IN e OUTbound com clientes. Também passei cerca de quatro anos em Madrid, onde liderava a equipa de gestão de Traditional Retail.

Por fim, em 2019, regresso à unidade de negócio em Portugal, assumindo a gestão das equipas locais e a responsabilidade por desenvolver uma nova visão e abordagem ao mercado, que permitiu um crescimento sustentável ao se colocar os nossos clientes no centro dos nossos objetivos.

Desde então, e à frente da unidade de negócio, os desafios têm sido enormes como uma pandemia, crise das matérias-primas e uma guerra no espaço europeu. Porém foram superados com uma equipa preparada, profissional e resiliente, que conseguiu manter a continuidade do serviço a todos os nossos clientes, tal como a continuidade das cadeias de abastecimento. Ao mesmo tempo, trabalhámos também para atingir metas de crescimento e rentabilidade do negócio, tendo sempre por base a estratégia de sustentabilidade ambiental da empresa e o crescimento e desenvolvimento profissional dos nossos colaboradores.

Sabemos que a CHEP é uma empresa australiana que desenvolveu o sistema de pooling de paletes e que está a operar em Portugal desde 1993. No que consiste a vossa atividade?

Como pioneira da economia circular à escala, a CHEP promove a utilização partilhada das paletes e contentores entre vários elementos da cadeia de abastecimento, ao abrigo de um modelo circular de “partilha e reutilização” conhecido como pooling. As nossas plataformas reutilizáveis permitem o transporte e armazenamento de bens de consumo, produtos frescos e bebidas para distribuidores e indústrias transformadoras.

Ao contrário das empresas de troca de paletes, a CHEP aluga as suas plataformas e recolhe quase todas as unidades, após utilização, para as inspecionar, reparar e colocar de novo na cadeia de abastecimento. Neste modelo, os materiais são mantidos em ciclos de utilização contínua, reduzindo a extração de recursos e o desperdício, melhorando assim a sustentabilidade das operações logísticas.

Cada palete disponibilizada pela CHEP abre caminho a soluções que podem contribuir para uma cadeia de abastecimento mais inteligente, mais simples, mais económica e mais sustentável.

“A sustentabilidade faz parte do ADN da CHEP desde o início, e materializa-se no modelo de negócio circular”

De que forma a CHEP Portugal atua nos mercados nacional e internacional?

O objetivo da empresa, para além do transporte e armazenamento dos produtos de forma segura, é também a constituição de operações eficientes, a otimização da capacidade de carga e a redução dos quilómetros em vazio.

A visibilidade que a CHEP tem sobre milhões de movimentos de paletes em toda a Europa permite identificar sinergias de transporte e atrair clientes e parceiros para fluxos logísticos partilhados, com o objetivo de otimizar as operações e, em última análise, reduzir as emissões de CO2.
Presente em Portugal desde 1993, a CHEP conta com mais de 60 anos de experiência a nível mundial em mais de 60 países, tendo as maiores operações na América do Norte e na Europa Ocidental. Na Europa está presente em 30 países com 150 milhões de paletes e contentores em movimento, transportando os produtos de clientes com periocidade diária.

Em território nacional, a CHEP tem mais de 30 colaboradores e assegura a cobertura do mercado através de 11 Centros de Serviços, estrategicamente distribuídos geograficamente, situando-se junto aos principais polos industriais e das Centrais da Grande Distribuição (Azambuja, Maia, Santarém, Loulé e Ilhas) para encurtar as distâncias e os tempos, garantindo a maior proximidade aos vários interlocutores das cadeias de abastecimento.

Com mais de 650 clientes em território nacional, desde pequenos proprietários ou produtores a grandes multinacionais de diversos setores, a CHEP continua a investir em soluções tecnológicas e de inovação.

Que vantagens têm os clientes ao colaborarem convosco?

ComomodelodenegóciocirculardaCHEP,queéintrinsecamente sustentável, os materiais são mantidos em ciclos de utilização contínua, reduzindo a extração de recursos, bem como o seu desperdício, melhorando assim a sustentabilidade das operações logísticas e reduzindo a pegada ambiental das cadeias de abastecimento dos clientes.

A CHEP oferece um serviço de gestão de paletes de A a Z, que inclui a entrega, o transporte, a recolha, a inspeção e a reparação de paletes, permitindo ao utilizador de paletes concentrar-se no seu negócio.

Além disso, os nossos clientes têm apenas o custo relacionado com a entrega dos seus produtos, reduzindo assim o CAPEX neste domínio, levando a que os operadores ganhem maior agilidade na preparação dos artigos a comercializar, o que desperta a atenção para este tipo de soluções, sobretudo se ainda se considerar a disponibilidade de matéria-prima em abordagens mais tradicionais (madeira branca de uso único) ou os preços voláteis praticados nesta conjuntura global.

Ao fim de mais de 30 anos de atividade em Portugal, que balanço é possível fazer do desempenho da empresa?

Nos últimos 30 anos, a CHEP antecipou questões que hoje são consideradas prioritárias: a preservação dos recursos e dos ecossistemas, a economia de partilha e o desenvolvimento de cadeias de abastecimento eficientes. Trouxe para Portugal um modelo de negócio pioneiro e sustentável com um inegável impacto positivo para os clientes e para o Planeta.

Ao tornar as cadeias de abastecimento mais sustentáveis, eficientes e económicas, a CHEP criou um paradigma baseado no pooling, que prevê a partilha e reutilização das já conhecidas paletes azuis num modelo circular.

Hoje, trinta anos depois do primeiro contacto, contamos com 650 clientes em Portugal, 11.000 pontos de entrega e com o apoio de 11 centros de serviços estrategicamente distribuídos que ajudam a levar mais mercadorias a mais pessoas e a mais lugares, sempre com a premissa-base de contribuir para a sustentabilidade dessas operações.

A CHEP conseguiu evoluir de um fornecedor de paletes para um parceiro de confiança. Com recurso às novas tecnologias, conseguimos ir além dos nossos produtos e passámos a oferecer um conjunto de serviços, como o transporte colaborativo ou a rastreabilidade das paletes, que permitem ajudar os produtores e fabricantes a tomar decisões mais inteligentes.

Inovação, compromisso, igualdade e sustentabilidade são os pilares que espelham os últimos 30 anos da CHEP em Portugal e que vão orientar os próximos 30.

“Reduzir o nosso impacto negativo já não é suficiente. É por isso que passámos da sustentabilidade para a regeneração”

A sustentabilidade é, sem dúvida, uma das prioridades da CHEP. Até então, que medidas colocaram em prática a favor do ambiente?

Começo por dizer que a sustentabilidade faz parte do ADN da CHEP desde o início, e materializa-se no modelo de negócio circular. Ao utilizarem as nossas plataformas reutilizáveis, os nossos clientes já estão a reduzir a sua pegada ambiental em comparação com o uso das alternativas de utilização única. Mas durante última década, percebemos que a sustentabilidade já não é um “nice to have”, mas sim um imperativo estratégico. Muitas vezes, reduzir o nosso impacto negativo já não é suficiente. É por isso que, em 2020, definimos um ambicioso programa de sustentabilidade a cinco anos, que vai desde fazer “menos mal” até criar um impacto positivo no planeta e na sociedade. Por outras palavras, passámos da sustentabilidade para a regeneração, o que significa passar para modelos que restauram a natureza e fortalecem a sociedade, devolvendo mais do que retiramos do mundo. Estamos a trabalhar para criar uma economia positiva para a natureza, com a reutilização, a resiliência e a regeneração, centrando-nos em três pilares principais: planeta, comunidades e empresas.

O nosso objetivo “Forest Positive” (parte do pilar “Planet Positive”) é um exemplo perfeito. Estamos a combater a desflorestação ao substituir cada árvore que utilizamos para operar, através do nosso programa de certificação, e vamos também permitir o crescimento sustentável de uma segunda árvore por cada árvore que utilizámos.

A reutilização de resíduos de produtos está também no centro da nossa atividade. Neste sentido, trabalhamos diariamente para colocar a inovação ao serviço da redução de resíduos. Um exemplo, é a palete Q+ Display, um produto que é circular por conceção, uma vez que é fabricada inteiramente a partir de resíduos de plástico pós-consumo, é um dos exemplos. 70% do material é derivado de polipropileno reciclado e os restantes 30% provêm de paletes CHEP danificadas que são recicladas no final da sua vida útil no mercado retalhista. Ou o novo contentor dobrável ZirConic®, uma inovação muito aguardada no segmento dos equipamentos de “partilha e reutilização” para produtos secos, fabricado com 97% de resíduos plásticos pós-consumo.

O que é o Modelo Circular de Partilha e Reutilização da CHEP?

O modelo de negócio “partilhar e reutilizar” da CHEP, conhecido como “pooling”, incorpora o princípio da economia circular à escala. Os nossos mais de 300 milhões de paletes e contentores em todo o mundo são constantemente partilhados por vários membros da cadeia de abastecimento, permitindo o transporte e o armazenamento de bens de consumo, produtos frescos e bebidas de uma forma eficiente e intrinsecamente sustentável. Ao contrário das empresas de troca de paletes, a CHEP aluga as suas plataformas aos seus clientes e recolhe-as, depois de utilizadas, para as inspecionar, reparar e enviar de novo para a cadeia de abastecimento. Neste modelo, os materiais são mantidos em ciclos de utilização contínua, prolongando a vida útil das paletes, reduzindo a extração de recursos e os resíduos e, em última análise, as emissões de CO2, melhorando assim a sustentabilidade das operações logísticas.

Planeta Positivo, Negócios Positivos e Comunidades Positivas são as áreas chave da empresa. Em que medida estes três pilares estão a contribuir para o pioneirismo em cadeias de abastecimento verdadeiramente regenerativas?

A CHEP acredita que uma empresa que opera no sector da logística deve ter uma enorme responsabilidade para com o planeta e, atualmente, já não é suficiente trabalhar para reduzir o impacto. Com isto em mente, em 2020, a Brambles, empresa- mãe da CHEP criou um plano estratégico com um conjunto de objetivos ESG ambiciosos que permitissem fazer evoluir a relação da marca com o planeta de “melhor” para “positivo”, ou seja, ir além da redução do impacto negativo e criar um impacto positivo no planeta e na sociedade.

Por outras palavras, delineámos uma meta: sermos pioneiros na criação de cadeias de abastecimento regenerativas. Por exemplo, no que diz respeito ao “Planeta Positivo”, a ambição da CHEP passa por ir além do desperdício zero e da remoção de mais carbono do que aquele que produz. Ou seja, quer que o negócio se torne regenerativo e com impacto benéfico. Este objetivo inclui metas relacionadas com a silvicultura, com as alterações climáticas e com os resíduos.

Para ter um “Negócio Positivo”, pretendemos melhorar o modelo circular todos os anos, ao aumentar os benefícios ambientais nas cadeias de abastecimento dos clientes. Este objetivo inclui a expansão das colaborações com os nossos clientes em todo o mundo, bem como um conjunto de iniciativas para melhorar a saúde, segurança e bem-estar dos nossos colaboradores para tornar a CHEP um dos locais de trabalho mais inclusivos.

O programa Comunidades Positivas da CHEP tem como objetivo construir comunidades resilientes, promover a circularidade e ter em conta as ligações entre a sociedade, a economia e a natureza. Um dos principais objetivos é impactar um milhão de pessoas para que se tornem agentes de mudança da economia circular.

O que distingue os vossos materiais dos restantes no mercado que permitem estas quebras acentuadas?

Os ganhos ambientais dos nossos clientes estão, antes de mais, ligadas ao facto de as nossas plataformas serem intrinsecamente sustentáveis, como explicado. Para perpetuar o nosso modelo de “partilha e reutilização”, as nossas paletes e contentores são submetidos a processos regulares de inspeção e reparação que os tornam mais duráveis e robustos do que as soluções de utilização única, reduzindo simultaneamente os resíduos e a necessidade de matérias-primas. Os nossos produtos são, portanto, concebidos para serem duráveis e, através da aplicação de soluções digitais e da análise de dados, ampliamos ainda mais a sua recuperação e reutilização, aumentando o valor de cada plataforma ao longo da sua vida útil.

Para além disso, as matérias-primas utilizadas no fabrico das paletes CHEP, sejam elas de plástico ou de madeira, são sustentáveis. A madeira, por exemplo, provém 100% de fontes certificadas sustentáveis, o que significa que provém de florestas geridas de acordo com as normas mundialmente reconhecidas do FSC® ou PEFC, enquanto as nossas paletes de plástico são feitas de material plástico reciclado.

Ao longo dos anos alcançaram a acreditação de nível superior por parte de várias organizações, como Carbon Disclosure Program, Ecovadis, Dow Jones Sustainability Indices, entre outras. Que significado tem para vocês estas conquistas?

Alcançar estas distinções são feitos notáveis que temos o orgulho de partilhar com os nossos clientes, colaboradores e investidores – os quais apoiam a nossa visão de sustentabilidade e compreendem o seu papel na criação de valor contínuo e na procura de cadeias de abastecimento mais resilientes. Os resultados alcançados confirmam o papel fundamental do nosso modelo de negócio circular e o poder do programa de sustentabilidade na promoção de resultados cada vez mais sustentáveis em toda a cadeia de abastecimento, para além de ajudar a posicionar a CHEP como líder em sustentabilidade.

Enquanto líder de uma equipa em que a sustentabilidade está na ordem do dia, como olha para todas as movimentações em torno das alterações climáticas?

Não há como fugir ou adiar a implementação de ações para combater as alterações climáticas uma vez que é visível o seu impacto, com evidências científicas para os mais céticos. Como líderes e como indivíduos temos de “começar” a agir. Apesar de os resultados não serem imediatos, queremos e devemos ser responsáveis por minimizar as alterações no futuro. E, claro, as empresas de logística e de cadeia de abastecimento desempenham um papel fundamental.

Por isso, na CHEP unimo-nos e subscrevemos o compromisso com o Acordo de Paris, estamos a integrar práticas sustentáveis em todas as áreas da nossa operação e inspiramos os nossos colaboradores e parceiros de negócio a fazer o mesmo. Acreditamos que é necessária uma ação conjunta para combater as alterações climáticas. Na esfera empresarial, trabalhar de forma isolada, por exemplo, já não é uma opção: temos de mudar para uma cultura de colaboração em que as empresas partilham conhecimentos, recursos e forças para reduzir a pegada de carbono. Pode dizer-se que esta mentalidade colaborativa está no centro da atividade da CHEP.

Relativamente ao futuro, o que considera ser ainda possível fazer por parte da CHEP para proteger o planeta?

Acreditamos cada vez mais que a regeneração é o caminho a seguir. Em 2020, iniciámos uma ambiciosa jornada de cinco anos com o objetivo de ir além do “zero”, evoluindo da redução do nosso impacto negativo para a criação de um impacto positivo no planeta e na sociedade. É este o significado de “regeneração” e a nossa ambição é sermos pioneiros nas cadeias de abastecimento regenerativas.

Regenerar significa restaurar, reabastecer e criar mais valor ou capital para a sociedade e ambiente do que aquele que consumimos. Uma cadeia de abastecimento regenerativa baseia-se, portanto, num modelo que restaura a natureza e fortalece a sociedade, em vez de destruir valor, indo além do impacto zero.

A ambição regenerativa só pode ser alcançada através da colaboração e esse é um dos principais objetivos da CHEP: alargar a colaboração a mais clientes em mais locais e inspirar milhões de pessoas a tornarem-se agentes de mudança da economia circular. Até 2025 queremos utilizar 100% de eletricidade renovável. Já para 2030, queremos atingir 42% de redução no âmbito 1&2 (frota e combustível/ eletricidade no local) e 17% no âmbito 3 (resíduos, 3Pls, bens de equipamento; logística). Para 2040, a Brambles compromete-se a atingir emissões líquidas zero. Queremos trabalhar no sentido de atingir 1,5oC de futuro climático – alinhado com o Acordo Climático de Paris.