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A importância do dinamismo e do espírito empreendedor no sucesso do ensino

A possibilidade de, enquanto observadora, agente e coautora, poder compreender como se constrói o processo de desenvolvimento humano foi um dos fatores que influenciou Maria Paula Paixão a formar-se em Psicologia. Com uma vasta experiência na área, é, desde 2021 diretora da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra.

Antes de mais, gostaríamos de conhecer melhor quem é Maria Paula Paixão. Pode falar-nos, de forma resumida, do seu percurso profissional e académico?

Tenho licenciatura e doutoramento em Psicologia, este último na área do aconselhamento de carreira. Um dos aspetos de que tenho mais orgulho no meu percurso profissional é o de estar ligada, a partir da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra (FPCEUC), à entrada dos psicólogos nos contextos escolares, em 1983, fazendo parte de uma equipa que produziu muita investigação inovadora e trabalho de formação e de gestão das equipas de psicólogos que davam os seus primeiros passos no contexto educativo.

O meu percurso de investigação está ancorado em torno de construtos como o de projetos de vida, motivação e perspetiva temporal de futuro e, em termos de atividade docente, leciono em todos os ciclos de formação na área da Psicologia, nomeadamente da Psicologia da Educação. Adicionalmente, ao longo da minha carreira universitária sempre me envolvi em tarefas de gestão académica, tendo participado em todos os órgãos de gestão da faculdade e em diversos da Universidade de Coimbra (UC).

O que mais lhe desperta interesse na Psicologia, que a faz estar ligada à área até aos dias de hoje?

A possibilidade de poder participar – como observadora, agente e coautora – na compreensão da construção do processo de desenvolvimento humano e de aprender de forma continuada que este processo complexo tem grelhas de leitura muito abrangentes, embora focos de investigação muito especializados, que nos levam à criação de parcerias nacionais e internacionais, que nos obrigam a manter um olhar consistente, mas transformador sobre os fenómenos em estudo, bem como sobre as realidades, perante as quais a nossa intervenção é requerida e desejável, tendo em vista o bem comum.

A Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra celebrou o ano passado o 43º aniversário e continua a ser uma referência na área. Enquanto pessoa que esteve desde os estudos ligada à instituição, o que considera distingui-la das restantes do país?

Sendo uma das faculdades mais recentes da UC, é aberta, inclusiva, dinâmica e atual, reconhecida pela sua capacidade de atração de estudantes de diversos pontos do país e do mundo, pela qualidade do ensino e da investigação básica e aplicada, bem como pela dimensão relacional e humanista que cultiva. A formação em Psicologia, Ciências da Educação e Serviço Social, quer de forma disciplinar, quer interdisciplinar e multidisciplinar, prepara para a intervenção inovadora e sustentável em questões que são centrais à sociedade do século XXI, nomeadamente a promoção da saúde mental, a educação e sociedade multiculturais e inclusivas, o trabalho digno e a sustentabilidade ambiental. A FPCEUC é a única faculdade que leciona e faz investigação nas três áreas das ciências sociais e humanas anteriormente referidas.

Finalmente, a aposta em projetos competitivos de grande dimensão, com financiamento europeu, que permitem o crescimento sustentado na área das Neurociências, coloca-nos na senda das instituições europeias e mundiais de grande qualidade.

O que a fez aceitar o convite para ser diretora desta faculdade e com que desafios se deparou quando assumiu o cargo? O que me levou a aceitar o convite foi ter a possibilidade de trabalhar com os meus colegas e estudantes, no sentido de crescermos conjuntamente em termos de qualidade e de atribuição de sentido no seio de um projeto estratégico que é partilhado com a comunidade da UC. Os desafios mais evidentes com os quais fui confrontada colocavam-se ao nível da exiguidade dos recursos humanos, face a um panorama geral de crescimento ao nível do ensino e da investigação e da necessidade de expansão, reabilitação e inovação dos espaços físicos onde decorre a nossa intensa e extensa atividade ao nível da investigação, ensino e prestação de serviços à comunidade no âmbito dos principais desafios societais.

Que balanço faz deste período enquanto diretora da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra?

Estamos claramente a atravessar momentos de grande transformação nas instituições de ensino superior, os quais implicam uma grande determinação e espírito de missão em contextos em que as coordenadas orientadoras do nosso trabalho são amiúde ambíguas, exigindo a tomada de decisão em contextos de incerteza.

Em todo o caso, o dinamismo e o espírito empreendedor, demonstrados pelos principais corpos da FPCEUC, permitiu a continuação do caminho da renovação, nomeadamente ao nível da investigação com financiamento competitivo e da transferência do conhecimento produzido para a sociedade, em estreita articulação com o esforço consistente que tem vindo a ser colocado no processo de renovação ao nível do pilar do ensino.

Que novidades preparou a instituição para o ano letivo de 2024/2025?

Tendo as obras de requalificação do Edifício II da FPCEUC entrado na sua última fase, no próximo ano letivo parte substancial das nossas atividades de ensino e de investigação irão decorrer neste edifício totalmente renovado, podendo a comunidade da instituição usufruir de melhores condições de segurança, conforto, acessibilidade, bem como de eficiência energética acrescida. Estamos neste momento a investir fortemente na aquisição de novos equipamentos, nomeadamente informáticos, e de mobiliário mais consonante com atividades letivas inovadoras.