Os Ligados às Máquinas vão lançar, no dia 6 de dezembro, o primeiro disco, intitulado “Amor Dimensional”. O grupo é, ao que tudo indica, a primeira orquestra de samples do mundo composta por músicos em cadeiras de rodas.
Nascidos há uma década no seio da Associação de Paralisia Cerebral de Coimbra, os Ligados às Máquinas vão apresentar ao público, através da Omnichord Records, o disco de estreia, denominado “Amor Dimensional”, que reúne inéditos de autores e intérpretes nacionais.
Trata-se do resultado de cerca de dez anos de trabalho e amadurecimento de um processo coletivo que começou a explorar o universo sonoro familiar dos elementos integrantes, para depois conseguir explorar, interpretar e compor algo realmente novo e deles, a partir da novidade e do desconhecido que lhes foi apresentado por mais de 30 artistas nacionais.
São nove temas originais, que desenham um dia na vida de cada um. Do amanhecer ao acordar, da procrastinação à tensão, da obrigatoriedade à liberdade de escolha limitada, da melancolia confortável à refeição aconchegante, até ao merecido descanso, enriquecido pela possibilidade de sonhar.
Cruzando diferentes géneros musicais e explorando novas fronteiras criativas, esta orquestra tem desenvolvido, com o musicoterapeuta Paulo Jacob, ferramentas e metodologias de trabalho inovadoras e promotoras da plena participação artística.
O processo criativo do grupo sempre se destacou pelo uso, adaptação e criação de soluções de hardware e software que permitem aos integrantes – músicos com alterações neuro motoras – ter controlo e autonomia para disparar samples em tempo real, em dispositivos adaptados.
Para além da paixão musical que une o coletivo, o outro grande aliado do projeto é a tecnologia. Um computador, um Makey Makey, muita cablagem e controladores personalizados ao movimento funcional de cada um dos músicos são os elementos essenciais para o sucesso desta iniciativa. Cada músico “dispara” um ou mais samples, de acordo com uma organização que foi previamente acordada entre todos, desde o processo de amostragem e tratamento dos excertos musicais até à composição coletiva.
O grupo subiu a palco, pela primeira vez, em 2014, a convite do Teatro Municipal da Guarda e, desde então, apesar da desafiante logística, tem vindo a apresentar-se ao vivo todos os anos. Os espetáculos são, muitas vezes, descritos como um confronto de duas forças fundamentais opostas e complementares: a estaticidade física e o movimento musical.
Os Ligados Às Máquinas são Andreia Matos, Dora Martins, Fátima Pinho, Hélia Maia, Jorge Arromba, José Morgado, Luís Capela, Mariana Brás, Paulo Jacob, Pedro Falcão e Sérgio Felício.