O Dia Internacional da Mulher, celebrado a 8 de março, tem raízes profundas na luta pelos direitos laborais e civis. A sua origem remonta às greves e protestos das operárias têxteis no final do século XIX e início do século XX, que reivindicavam melhores condições de trabalho e igualdade de direitos. Desde então, a participação feminina na sociedade evoluiu de forma significativa, conquistando espaço na academia, na política, na economia e na liderança empresarial.
As conquistas das últimas décadas são inegáveis. As mulheres ocupam hoje posições de liderança, participam ativamente na economia e têm um papel decisivo no desenvolvimento social e cultural. No entanto, a conciliação entre vida profissional e familiar continua a ser um dos maiores desafios enfrentados, não apenas devido a fatores sociais, mas até biológicos.
A criação de condições que permitam um melhor equilíbrio entre estas esferas deve ser uma prioridade para empresas e governos. À medida que mais mulheres ascendem a cargos de chefia, observa-se que as suas abordagens e estilos de gestão tendem a aproximar-se dos modelos tradicionalmente associados aos homens. Este fenómeno levanta questões sobre o verdadeiro impacto do exercício do poder, e que forma a diversidade de género altera, ou não, essa perspetiva.
O discurso sobre desigualdade não pode ignorar a complexidade da realidade. Se é verdade que muitas mulheres enfrentam obstáculos no seu percurso profissional, também é certo que o sucesso, independentemente do género, exige esforço, mérito e resiliência.
Criou-se, por vezes, a ilusão de que as dificuldades são exclusivas de determinados grupos, quando a verdade é que cada pessoa enfrenta desafios próprios e que o caminho para a realização profissional raramente é isento de sacrifícios. Em vez de um debate centrado apenas na reivindicação, é necessário promover uma cultura de responsabilidade e exigência, centrado na competência e no reconhecimento do esforço de todos, sem desvalorizar as dificuldades reais que muitas mulheres ainda enfrentam.
Mais do que flores e mensagens efémeras, o Dia Internacional da Mulher deve ser um momento de análise crítica e de reafirmação de compromissos. A verdadeira homenagem não está em gestos pontuais, mas na construção contínua de uma sociedade onde o talento, o mérito e a capacidade de trabalho sejam os únicos critérios de avaliação, independentemente do género, da raça ou de outras caraterísticas individuais.