Corporate Insights

Oásis no meio da confusão

Vivemos rodeados de estímulos, ritmos frenéticos e ruído. Mas, aos poucos, cresce a consciência de que precisamos de lugares para abrandar. Os chamados espaços calmos, já comuns em centros de saúde, universidades ou empresas, são resposta a necessidades concretas. Aqui, pode-se descomprimir de um dia intenso, amamentar com privacidade, regular estímulos sensoriais ou simplesmente parar para respirar.

Estes espaços têm raízes em movimentos sociais ligados aos direitos das mulheres, à saúde pública, à inclusão de pessoas com deficiência e à valorização das comunidades neurodivergentes. No Algarve, por exemplo, alguns centros de saúde já oferecem salas de apoio à amamentação, equipadas para garantir conforto e discrição a mães e bebés. Noutras geografias, e também por cá, há universidades que disponibilizam salas de oração ou meditação, abertas a todos os credos e sensibilidades.

O conceito evoluiu. Hoje, as chamadas “salas sensoriais” são pensadas para quem vive com autismo, ansiedade ou hipersensibilidade sensorial. Poltronas, luz suave, abafadores de ruído e brinquedos táteis criam um ambiente onde é possível recentrar-se. Não se trata de luxo, mas de necessidade, sobretudo para quem, num espaço público ou laboral, sente o mundo como um lugar demasiado intenso.

A inclusão, afinal, não se faz apenas com rampas ou elevadores. Também se constrói com estes pequenos refúgios, onde cada pessoa pode existir sem pressa ou julgamento. É uma extensão do cuidado, da escuta e do respeito. Valores que atravessam o ativismo feminista, a luta pelos direitos das pessoas com deficiência e a crescente atenção à saúde mental.

Embora não resolvam todos os problemas, estes espaços são um passo na direção certa. No fundo, são um lembrete prático de que, mesmo no meio do movimento e da produtividade, há lugar para a pausa. E talvez seja esse o maior sinal de progresso: reconhecer que parar também faz parte do caminho.