No mês em que se completam quatro anos da minha chegada à direção editorial da IN Corporate Magazine, assumo inevitavelmente este espaço como um balanço. Ao lembrar-me de novembro de 2021, quando começámos a preparar a edição 25 (a primeira que editei), sinto-me como quem revisita uma sala que foi evoluindo com o tempo, um lugar onde persistem memórias de decisões e rascunhos, mas sobretudo a mesma disciplina em manter a palavra certa na página certa.
O conteúdo corporativo é frequentemente encarado como um território onde a opinião tende a impor-se aos factos. Na IN Corporate Magazine, entendemos que a opinião tem o seu espaço legítimo, mas que só ganha sentido quando assente em contexto fundamentado e sólido. A credibilidade que não desistimos de construir, e que tem gerado um eco continuado e gratificante em torno daquilo que produzimos, tanto para o papel como para o digital, assenta na curadoria do que apresentamos. Tentamos sempre que nada seja feito por acaso ou esmagado pelo automatismo que desumaniza o conteúdo. A diferença entre encher páginas e publicar com critério e profissionalismo está na precisão cirúrgica da palavra, no rigor do enquadramento e também no toque criativo e livre.
A todos os que me acompanharam neste percurso, aos que estão aqui ao lado e aos que já aqui estiveram, deixo uma vez mais o meu sincero agradecimento, extensivo a cada parceiro, a cada pessoa que aceitou revisitar um capítulo seu para partilhá-lo nas nossas páginas e ao excelente feedback que nos têm dado ao cabo de cada edição. A revista não tem outro alicerce maior senão essa ideia conjunta do valor da palavra, do rigor da imagem, do respeito pelo leitor.
No meio deste ambiente de constante urgência, recordo-me daquela anedota que citei no editorial da edição 50, há um ano, do livro O Coração Pensante, de David Grossman: o homem que, todas as sextas-feiras, ia defronte da Casa Branca com um cartaz de protesto, não porque acreditasse que podia mudar o mundo, mas para garantir que o mundo não o mudava a ele.
Esta imagem articula-se plenamente com a reflexão trazida pelo livro O Prazer de (não) Se Estar nas Tintas de David R. Hamilton, que propõe a «kindfulness» como prática diária, não apenas abstrata, mas presente na forma como nos tratamos e tratamos os outros. Isto é, agir com bondade deliberada, em vez de nos resignarmos à fricção do sistema, numa forma concreta de recusarmos que o mundo nos molde contra a nossa vontade, preservando a nossa integridade.
E assim seguimos, com a página em branco depois de cada edição, com a responsabilidade de que nada se repita por inércia, com a expectativa silenciosa das ideias que ainda não foram escritas. Rumo à edição 60. Até já!




