Em tempos conturbados como aqueles que temos vivido nestes últimos dois anos, a Academia de Música de Castelo Paiva teve de adaptar-se para resistir às adversidades. Os resultados falam por si, com elevadíssimas taxas de sucesso dos seus alunos. Neste texto, o Professor Agostinho Vieira faz-nos um balanço deste período, congratulando-se com os resultados obtidos. O Diretor Pedagógico da Academia de Música aproveita ainda para alertar para algumas ameaças aos sistemas de ensino, propondo que se discutam e antecipem respostas políticas.
É inegável a forma como a escola geriu a crise provocada pelo Sars-Cov-2 e se adaptou à mudança, superando obstáculos e resistindo à pressão de situações adversas. Nos dois últimos anos foi necessário tomar decisões assertivas e encontrar estratégias para enfrentar e superar as dificuldades.
Os imprevistos e os constrangimentos que a crise pandémica provocou não impediram que a escola executasse um Plano de Atividades ambicioso e diversificado. Nem todas as atividades puderam concretizar-se, especialmente as que exigiam recursos de maior envergadura e envolviam públicos diversificados. Mas a escola não se deixou aprisionar por um niilismo que não permite vislumbrar nem presente nem futuro e nos faz cair no pessimismo e ceticismo que a nada conduz.
Não foi possível realizar a 2ª edição do Concurso Ibero-americano do Clarinete que teve de ser adiado para abril de 2022. A 11ª edição da Academia Ibero-americana realizou-se à distância. A 3ª edição da Bienal da Cultura organizada conjuntamente com o município de Castelo de Paiva foi adiada para 2023. Outras atividades de relevo foram canceladas, como a realização de concertos abertos à comunidade e outras foram concretizadas através do acesso a plataformas online. Com a colaboração de todos os atores educativos, paulatinamente, a escola atingiu os objetivos a que se propôs e tudo fez para que as coisas acontecessem.
Para que a ação educativa, que garante as aprendizagens dos conteúdos programáticos, pudesse chegar em quantidade e qualidade aos alunos, foi necessária a apropriação de métodos e técnicas de ensino adequados aos novos desafios, como foi o caso da implementação do ensino à distância, sempre que a situação pandémica o exigiu. Os resultados escolares do último ano letivo estiveram de acordo com as metas estabelecidas, pelo que as percentagens de sucesso foram de excelência. No final do curso básico de entre 83 alunos matriculados, o sucesso foi de 100% e no final do curso secundário, a totalidade de alunos concluiu, meritoriamente, o seu ciclo de estudos. A maioria dos alunos que concluíram o curso secundário de música acedeu ao ensino superior nas principais instituições de ensino no nosso país e no estrangeiro. A escola congratula-se com os resultados obtidos que traduzem o empenho e dedicação no cumprimento dos objetivos e augura um futuro de sucesso nas carreiras profissionais que estes jovens ambicionam abraçar.
Os desafios que a escola enfrenta são complexos e necessitam de respostas assertivas. A Educação do Futuro, segundo as perspetivas da OCDE, irá confrontar-se com profundas mudanças apontando a organização internacional quatro cenários, tendo por horizonte 2040. Os referidos cenários poderão implicar ameaças para os sistemas de ensino que devem ser discutidas, analisadas e antecipadas para prevenir e agir de forma segura e eficaz, na definição de políticas e práticas.