O líder ucraniano aproveitou a proximidade do 25 de abril para criar proximidade. Zelensky pediu mais apoio por parte de Portugal, destacando o embargo do petróleo russo e o apoio para a adesão à União Europeia.
O Presidente ucraniano discursou esta quinta-feira por videoconferência na Assembleia da República, numa sessão que contou com a participação das altas entidades do Estado e de representantes da comunidade ucraniana. Esta foi a primeira vez que um chefe de Estado interveio por vídeo conferência no Parlamento português. No seu discurso, que durou cerca de 15 minutos, Volodymyr Zelensky destacou a violência das forças russas contra a população ucraniana, agradeceu o apoio português e pediu ajuda para travar a Rússia de destruir a democracia dos países do leste da Europa. “A Ucrânia já está a caminho da União Europeia (…) Quando essa questão for colocada, peço-vos, peço-vos mais uma vez, que nos apoiem nesse caminho”.
O presidente ucraniano pediu especificamente a Portugal que, quando o dossiê sobre a entrada na União Europeia for revisto, apoie o seu país nessa pretensão. “Vocês estão no Oeste, nós mais a Leste, mas as nossas visões são iguais e sabemos que regras, direitos e valores deve haver na Europa”, sublinhou. De resto, agradeceu todo o apoio e ajuda humanitária porque sabe “que os nossos povos se compreendem”. Pediu igualmente para que Portugal use a sua influência nos países de língua portuguesa para estes estarem ao lado dos ucranianos. Zelensky defendeu ainda a luta contra a propaganda russa: “sejamos livres e apoiemos os livres e os civilizados. “
Revolução dos cravos
Aproveitando a aproximação da data o presidente ucraniano evocou o 25 de Abril. “O vosso povo vai daqui a nada celebrar o aniversário da Revolução dos Cravos e sabem perfeitamente o que estamos a sentir”, sublinhou. A propósito, recordou as revoluções, a mais recente em 2014, para acabar com a “ditadura” na Ucrânia. Alertou também que, a seguir, a Rússia avançará pela Geórgia e países Bálticos, onde irá tentar impor uma ditadura.
A sessão ficou também marcada pelo discurso do presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva, que enalteceu a “unidade nacional” contra a agressão russa. O presidente da Assembleia garantiu ainda que Portugal preza as aspirações europeias de Kiev. “Temos defendido, não só o reforço da cooperação no quadro do Acordo de Associação existente, como o exame pronto e atento, por parte das instituições europeias, do pedido de candidatura apresentado pela Ucrânia”.
O convite foi endereçado como forma de assinalar o apoio e a solidariedade de Portugal para com o povo ucraniano, que resiste há meses à invasão perpetrada pela Rússia. A cerimónia contou com a participação das mais altas figuras do Estado, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e o primeiro-ministro, António Costa. A grande ausência foram os seis deputados do PCP, o único partido com assento parlamentar a opor-se à iniciativa.