No âmbito da sua paixão e liderança nata, Graça Gomes lidera a Lowjoule, uma empresa ligada à otimização de recursos energéticos, com foco na sustentabilidade ambiental. Foi numa pequena conversa com a empresária que ficámos a conhecer melhor este projeto que pretende deixar “um legado mais eficiente e verde para o país e para o mundo”.
Estão há treze anos no mercado. Como é que surgiu aLowjoule e quais foram os principais objetivos da sua criação?
Trabalhar na área da formação sempre foi um sonho que quis realizar, desde que saí da universidade de Coimbra, e isso tornou-se no meu objetivo profissional. A área industrial é muito estimulante pois confronto-me diariamente com novos desafios e é sistematicamente necessário estar atualizada.
O que mais a apaixona por esta área?
Quando faço uma auditoria energética fico empolgada com o desenvolvimento de soluções de economia energética e carbónica. Sinto que estou a acrescentar valor aos meus clientes, às “minhas empresas”, e simultaneamente a contribuir para um futuro mais verde.
É engenheira química, auditora energética a indústrias, reconhecida pela DGEG, com 15 anos de experiência em otimização industrial. Quando é que decidiu abraçar este projeto?
Sou uma pessoa muito intuitiva e ao mesmo tempo muito objetiva. Quando senti que na posição que ocupava enquanto diretora geral não podia acrescentar valor, por não ter a possibilidade de implementar novos projetos, foi o momento em que soube que estava na altura de dar os primeiros passos no projeto que tanto pretendia. Foi uma decisão muito ponderada e estruturada, num período de intensa incerteza no mercado industrial. Contudo transformei um obstáculo numa oportunidade de abraçar novos desafios profissionais.
Quais são os principais serviços que a empresa disponibiliza ao mercado?
Dada a formação técnica da Lowjoule, desenvolvemos trabalhos de auditoria energética para a avaliação de medidas de racionalização de energia, acompanhando a implementação e aferição dos projetos. Na área da descarbonização da indústria, incentivamos a instalação de medidas com fontes renováveis e determinamos a pegada carbónica segundo o GHG Protocol. Desenvolvemos o nosso primeiro projeto de produção de hidrogénio verde numa instalação no centro para substituir parte do gás natural, promovemos a utilização de outras fontes de biomassa, incluindo a valorização energética
de resíduos endógenos. O nosso objetivo é que os nossos clientes fiquem mais competitivos por via da otimização energética e carbónica, podendo comunicar internamente e externamente o Carbon Footprint da sua instalação ou dos seus produtos.
Neste momento quais são os vossos principais projetos?
São os projetos de auditoria energética ex-ante, reveladores de medidas de descarbonização da indústria que têm tido economias superiores a 50% da quantidade anual de CO2 por trabalho, e períodos de retorno de investimento inferiores a 2 anos. O ritmo de trabalho tem sido muito intenso, mas compensador.
A Lowjoule é uma empresa certificada como TOP 5%melhores PME Portugal na Edição 2020. É o reconhecimento do vosso trabalho?
É o reconhecimento pela forma como a gestão da empresa é feita. O rigor na Lowjoule é transversal no que concerne aos serviços prestados e à sustentabilidade económica e financeira. O cuidado com os indicadores é constante e são monitorizados trimestralmente desde 2009. Foi importante perceber que a Lowjoule se enquadra nos 5% das PME com ótimos rácios financeiros.
Os vossos técnicos são reconhecidos pela Agência para a energia (ADENE) e pela Direção Geral de Energia e Geologia (DGEG). Qual é a importância deste prémio? Há uma obrigação de uma permanente atualização e formação?
O reconhecimento pela DGEG é obtido pelo cumprimento de requisitos técnicos, experiência demonstrada, formação adequada e demonstração da capacidade para executar e desenvolver as medições necessárias, apresentando os documentos dos equipamentos de monitorização. Os trabalhos devem evidenciar melhorias contínuas.
Estabelecem relações de longo prazo com os clientes. É resultado da qualidade dos vossos serviços e da confiança no vosso trabalho?
É a nossa mais-valia enquanto parceiros estratégicos na otimização energética. O acompanhamento em todos os momentos – mais e menos prósperos. A Lowjoule está presente para superar o atual cenário de crise energética que a fileira têxtil e cerâmica atravessa, e que está a ser severamente penalizada por estar muito exposta ao consumo de gás natural. Para apoiar, incentivar e apresentar medidas que contrariem os obstáculos que ultimamente estão a ser experienciados.
Têm o cuidado de apresentar os serviços a potenciais clientes?
A área comercial é, em qualquer empresa, um dos aspetos mais importantes a ter em conta e é muito importante o desenvolvimento de carteira de novos clientes. Com o Plano de Resolução e Resiliência, na sua vertente da Descarbonização, a nossa carteira de clientes tem vindo a crescer e em boa parte porque os nossos atuais clientes são os nossos melhores comerciais.
A empresa tem alguma preocupação com a sustentabilidade?
A nossa missão é tornar as empresas mais sustentáveis e isso só é possível quando se inicia esse processo dentro da nossa própria organização. Somos o que propomos. Sustentáveis!
É fácil uma mulher jovem abrir a sua própria empresa? Quer deixar algum conselho às mulheres que queiram ingressar nesta área?
É fácil quando o planeamento é estruturado e não se saltam passos. A análise tem de ser crítica e realista, não deixando lugar para qualquer tipo de “sorte”. Não há sorte no caminho, há trabalho duro e árduo. Planear, formar e inovar tem de ser sempre o foco. A grande satisfação é deixar um legado mais eficiente e verde para o país e para o mundo.
Quais são os vossos principais projetos para o futuro?
Em primeiro lugar aumentar a equipa Lowjoule, melhorar a comunicação nas redes profissionais, continuar a acompanhar os nossos atuais clientes e ter a possibilidade de aumentar a carteira de clientes a nível nacional. Aumentar a sustentabilidade energética e carbónica continua a ser o nosso principal objetivo.