“50 anos depois” é a mais recente exposição antológica organizada pelo Museu de Arte Contemporânea de Serralves. Esta é uma homenagem em memória à vida e talento da pintora e artista Maria Antónia Siza.
A 25 de maio de 1940 nasceu um emblemático nome do mundo artístico, no distrito do Porto, Maria Antónia Marinho Leite Siza. Aos 17 anos, inscreveu-se num curso de pintura na Escola Superior de Belas Artes do Porto, recebendo elogios pelo seu talento no desenho. Carlos Ramos, diretor da escola, encorajou-a a prosseguir o seu trabalho e convidou-a a participar na Exposição Magna da sua escola.
O casamento com o arquiteto Álvaro Siza Vieira realizou-se em 1961, quatro anos depois de ter ingressado no curso de pintura, tendo tido dois filhos, Álvaro e Joana. Trabalhou e defendeu temas relacionados com a maternidade, com a multiplicação e a transfiguração do corpo humano, com o feminismo e com temas sociais, executando, sempre, um manifesto violento e fantástico.
Viajou e inspirou-se, desenhou e pintou, deixando um espólio de mais de três mil obras. Divergiu entre diferentes estilos artísticos, obcecada com os desenhos a tinta-da-china, aguarelas e guaches, focou-se na arte figurativa e em algumas obras no abstracionismo geométrico.
Tótó, assim assinava as suas obras e assim era conhecida pelos mais próximos, morreu em 1973, com apenas 32 anos. Em vida, apenas realizou uma exposição, mas em 2016 os seus trabalhos foram expostos em Zagreb, ao lado dos do seu marido. Em 2019, a Fundação Calouste Gulbenkian expôs, na sua coleção permanente, 36 das suas 141 obras doadas pelo arquiteto António Siza Vieira à fundação e, em 2021, foi homenageada, no mesmo museu, na exposição “Tudo o que quero” integrada na programação cultural da Presidência Portuguesa do Conselho da União Europeia.
Agora, em 2022, Serralves celebra 50 anos sem Tótó, colocando em exposição um conjunto de 100 peças
de pinturas, desenhos, bordados, cartas e gravuras que celebram a sua vida, a
sua genialidade, a sua mão e a sua arte. Uma exposição com peças doadas pelo seu marido, como forma de demonstrar que a sua presença e a sua arte estão vivas nas nossas memórias. Esta exposição estará aberta ao público até fevereiro de 2023.