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“Quem Conta um Ponto… Paula Rego na Coleção de Serralves” inaugurada hoje

A cela, 1997. Col. Fundação de Serralves – Museu de Arte Contemporânea, Porto. Doação da Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa, em 1999. Foto: © Filipe Braga

A cerimónia inaugural da exposição “Quem Conta um Ponto… Paula Rego na Coleção de Serralves” acontece hoje, dia 15 de novembro, pelas 18h30, no Museu de Arte Contemporânea de Serralves. O Primeiro-Ministro, António Costa, será um dos ilustres nomes a marcar presença na inauguração.

Organizada no ano do desaparecimento de Paula Rego, esta exposição junta, no mesmo espaço, uma “quantidade assinalável de obras da artista integradas na Coleção de Serralves”, afirma a organização, em comunicado.

Segundo o ditado popular “Quem conta um conto, acrescenta um ponto”, cada pessoa descreve um mesmo episódio ou facto acrescentando sempre pormenores da sua autoria. Ora, a expressão “Contar contos” é das que melhor carateriza a artista. Já a locução “acrescentar pontos” é a definição mais clara de quem visita as exposições, pois, no fundo, é o que fazem todos os apreciadores de obras de arte.

Paula Rego, para além de ter sido uma das artistas portuguesas mais reconhecidas no país onde nasceu e cresceu, bem como em Inglaterra, onde estudou, viveu e faleceu, deixou uma marca indubitável um pouco por todo o mundo. A sua obra enfatizou, sobretudo, a relação da sua pintura e dos seus desenhos e gravuras com contos populares e tradicionais, com a literatura e com a autobiografia. Para além disto, contribuiu para uma incessante interrogação e redefinição do papel da mulher na sociedade.

Simultaneamente, é atribuída à artista “uma contribuição decisiva para a legitimação da arte figurativa”. Embora fosse possível reconhecer, instantaneamente, a singularidade dos temas e das figuras, era original e hábil a ligar aparentes opostos, nomeadamente o patriarcado e a debilidade, o mundo feminino e a força, a infância e a crueldade, as crianças e a perversidade. Os abusos, os excessos e a violência a que são sujeitas, mas que também conseguem infligir, mulheres e crianças, podem estar relacionados, na sua obra, ao reconhecimento instantâneo. Porém, a distinção e o extremismo dos seus trabalhos estão patentes na complexidade moral com que, constantemente, nos confrontam.

Para quem ainda não conhece, ou para quem pretende voltar a contemplar o trabalho de Paula Rego, pode fazê-lo até 30 de abril de 2023, em Serralves.