Num altura marcada pelas greves dos motoristas e dos trabalhadores dos Registos e Notariado, o Sindicato dos Bancários alerta que pode também “fazer greve por tempo indeterminado”, caso os Bancos não cedam às exigências de aumentos salariais.
Esta ameaça é feita pelo presidente do Sindicato Nacional dos Quadros e Técnicos Bancários (SNQTB), Paulo Marcos, numa entrevista na edição impressa do jornal i. A confirmar-se o cenário de greve dos bancários, será a primeira em 30 anos.
O responsável sindicalista lamenta a intransigência dos Bancos em negociar as propostas apresentadas pelo SNQTB, pelo Sindicato dos Bancários do Norte e pelo Sindicato Independente da Banca (SIB).
“Os bancários ainda não tiveram aumentos reais neste milénio“, refere Paulo Marcos, salientando que face ao clima financeiro “bastante mais favorável do que era há um ou há dois anos”, “os Bancos tinham margem para serem mais generosos” com os seus trabalhadores.
Destacando os “pequenos avanços” conseguidos pelos Sindicatos, Paulo Marcos alerta que a “bomba atómica” está do lado deles, caso os Bancos mantenham a mesma intransigência na nova ronda negocial marcada para 4 de Setembro.
O sindicalista refere que as alterações que foram feitas ao Código de Trabalho deixaram os trabalhadores numa “posição bastante desfavorável”. “Um trabalhador bancário médio sofreu uma erosão muito forte no salário derivada da inflação na casa dos 11 pontos percentuais”, queixa-se.
Além desse fator, Paulo Marcos refere a “produtividade” e “rendibilidade dos bancos” e o “desempenho dos fundos de pensões” como fatores que devem ser tidos em conta para melhorar as condições salariais dos trabalhadores.
Entre as reivindicações dos Sindicatos está ainda a recuperação de direitos perdidos no tempo da Troika, nomeadamente “a possibilidade de o trabalhador que é alvo de assédio pedir e ser concedida a hipótese de deslocar o seu local de trabalho”, a “assistência aos ascendentes com doenças oncológicas sem que isso se traduza numa penalização” e a “reintrodução do prémio de antiguidade”, como destaca Paulo Marcos.