Há um ano, a jovem sueca, Greta Thunberg, começou a chamar a atenção da comunicação social por fazer greve da escola, manifestando-se em frente ao Parlamento do seu país, em silêncio e apenas com um cartaz escrito, até que o governo reduzisse as emissões de carbono, tal como define o Acordo de Paris.
Hoje, Greta Thunberg já discursou perante líderes mundiais e no palanque das Nações Unidas. No espaço de meses, passou de ser uma adolescente diferente – com síndrome de Asperger (do espetro do autismo), transtorno de défice de atenção, transtorno obsessivo-compulsivo e mutismo seletivo – a uma das pessoas mais amadas e odiadas do planeta. Recentemente foi também distinguida com o prémio Right Livelihood Award de 2019, conhecido como Prémio Nobel Alternativo.
Tudo começou a 20 de agosto de 2018 em Estocolmo, capital sueca, de onde é natural. Greta, filha de Malena Ernman, uma cantora de ópera famosa – representou a Suécia na Festival da Eurovisão em 2009 –, e de Svante Thunberg, ator popular, tinha 15 anos.
O protesto que fez à porta do Parlamento todos os dias da semana, numa primeira fase, e depois somente à sexta-feira foi mimetizado um pouco por todo o lado. Ao ponto de, em setembro de 2019, ter havido uma greve global com o mesmo propósito que juntou quatro milhões de pessoas. E assim a adolescente se tornou porta-voz mundial da juventude no que ao ativismo ambiental diz respeito.
O foco trouxe, como é usual numa sociedade cada vez mais ligada pela internet, reações extremistas. Há quem defenda a jovem com unhas e dentes, assegurando que as alterações climáticas têm de ser travadas já, ainda que esse impulso seja dado por uma menor que muito recorre à ciência no seu discurso; e há quem ache que se trata de uma adolescente irritante, nascida e criada num país desenvolvido, no seio de uma família que pertence à elite artística e intelectual – tem uma relação de parentesco afastada com o vencedor do Nobel da Química de 1903, Svante Arrhenius, que (curiosamente) fez os primeiros cálculos que explicaram como as emissões de dióxido de carbono podem levar ao que agora é o efeito estufa – e que estará a servir de marioneta de diversas empresas, especializadas em lobby, de académicos e até de um gabinete de estratégico de um ex-ministro da Suécia ligado às empresas de energia do país.
O que é certo é que o nome Greta virou, feliz ou infelizmente, uma marca. Seguida por milhões nas redes sociais, já teve ‘direito’ a um tweet de Donald Trump depois de a ouvir a discursar na Cimeira do Ambiente na sede das Nações Unidas, em Nova Iorque, a 23 de setembro, para onde viajou num iate alimentado a energia solar.
A jovem, de 16 anos, acusou os líderes mundiais de lhe roubarem a infância e o futuro: “How dare you?” (Como se atrevem?), perguntou em inglês e de forma emotiva/teatral, consoante o ponto de vista.
“Ela parece uma menina muito feliz a olhar para um futuro brilhante e maravilhoso”, escreveu o Presidente dos EUA naquela rede social. Greta usou essa frase para ironicamente se definir no seu perfil de Twitter.
No passado dia 25 de setembro, a jovem ativista do clima foi premiada com o Right Livelihood Award de 2019, por ter “inspirado e ampliado as exigências políticas para uma ação climática que reflita factos científicos”, informou a Fundação Right Livelihood em um comunicado. Os prémios são conhecidos como os “nobel alternativos” e impulsionaram Greta para os assuntos mais discutidos nas redes sociais.
Todo este mediatismo já lhe valeu uma indicação para o Prémio Nobel da Paz, cujo resultado será divulgado no próximo mês de outubro. Caso vença, nem se terá de preocupar com viagens de avião (convenceu a mãe a abdicar da sua carreira internacional como cantora de ópera para minimizar, segundo defende, os efeitos ambientais da aviação). É que vivendo em Estocolmo, só terá de ir por terra até à capital vizinha, Oslo, na Noruega.
(Re)veja o discurso de Greta na Cimeira da ONU: