Empresa de engenharia, construção e reabilitação altera moradias, hotéis e espaços comerciais. A decisão de Nuno Fonseca de sair do Porto para o sul do país tem dado frutos a cada ano que passa.
O que leva um jovem, natural do Porto, cidade onde também concluiu a sua licenciatura em Engenharia Civil, a criar a sua própria empresa em Portimão? “Vim para cá em 2006. Trabalhei durante alguns anos como diretor de obra no Algarve. Desenvolvi um projeto muito parecido com a ReTouch noutra empresa e há três anos comecei o meu projeto”, explicou Nuno Fonseca.
O resumo parece simples, mas estamos a falar de um trabalho de, pelo menos, cinco anos na reabilitação de edifícios antes de Nuno se aventurar por conta própria. “Nós já tínhamos uma equipa de trabalho porque basicamente éramos franchisados. Criámos a nossa marca e começámos a criar para nós”, continuou.
A ReTouch (retocar, em tradução literal) tem serviços de engenharia, construção e projeto. “Na parte do projeto de engenharia e arquitetura (com a parceria da empresa Ao Quadrado, de Portimão) também temos a parte da fiscalização”, especificou.
Aqui, o sistema é chave na mão. Há um levantamento das necessidades do cliente; uma visita à obra; um debate das necessidades do cliente; um orçamento apresentado e, quando aprovado, avança-se para a execução, sempre com o apoio – caso seja necessário – do layout final da arquitetura e design de interiores. “É sempre à escolha do cliente”, frisou o responsável e project manager.
O tipo de cliente é o privado (cliente final) e o profissional (investidores, empresas e manutenção corretiva em centros comerciais e hipermercados). Ainda que a ReTouch trabalhe maioritariamente no Algarve, a verdade é que também está a deixar a sua marca no Porto.
Primeiro, com o projeto e gestão de obra de um pequeno loft em Matosinhos que serve de apartamento modelo para alojamento local. Este projeto é, aliás, um dos que Nuno Fonseca faz questão de destacar, a título pessoal, do portefólio, pois foi gerido à distância. Outros trabalhos a salientar são as “remodelações totais de moradias de 420 m2 na zona de Carvoeiro” e os “trabalhos no Centro Comercial Continente de Portimão e no Algarve Shopping”.
Entretanto, estão já com um outro projeto em mãos na Invicta, onde fazem a gestão e fiscalização de obra.
No Algarve, o cliente tanto é português como estrangeiro, sendo que as prioridades variam consoante a zona onde estejam. “Em Portimão, o preço prevalece. Mas em Vilamoura ou Lagoa/ Carvoeiro, é um segmento já acima e aí muitas vezes temos de pesar a parte do preço com a parte da qualidade do projeto em si”, disse. “Os gabinetes de arquitetura têm um pouco de peso nas decisões. Como trabalhamos com alguns gabinetes e eles já conhecem o nosso trabalho, é mais fácil entrar nesse tipo de mercado onde o material a utilizar é um pouco mais nobre.”
Ciente que “não há métodos tão inovadores assim” na área da construção e reabilitação, o engenheiro é apologista da aprendizagem e da formação dos colaboradores quando surge um método de construção diferente, como aconteceu com o LSF (Light Steel Framing, estrutura de aço leve, em tradução literal).
O mais difícil nesta área, reforçou, é encontrar mão de obra especializada. “Enquanto há 20 anos no Algarve tínhamos mão-de-obra especializada, como pedreiros e carpinteiros, neste momento é muito complicado. Mesmo quando temos de fazer encomendas a nível de carpintaria, está tudo sobrelotado. Estamos a falar de prazos de entrega de quatro/cinco meses, o que é muito tempo”.
Felizmente a ReTouch diferencia-se até nisso. “Temos sorte, pois temos colaboradores connosco há muito tempo e são transversais, ou seja conseguem executar vários tipos de trabalho”.
O segredo do sucesso, numa zona como o Algarve com tanta concorrência nesta área da construção civil, é mesmo “a qualidade da equipa e o aconselhamento técnico”. Nuno explicou: “Acho que a nível do aconselhamento técnico somos muito diferentes de 90 por cento das empresas que estão no mercado. Temos técnicos especializados para tudo. Falamos muito com o cliente, aconselhamos as melhores coisas. A nossa equipa já tem alguns anos, está bem oleada e é uma grande vantagem para nós”.
Estamos a falar de uma equipa entre 12 a 15 colaboradores, fora outros elementos, em regime de outsourcing, dependendo dos projetos. O inverno da ReTouch é muito ativo no setor hoteleiro, pois “a partir de novembro/dezembro até fevereiro, como fazemos manutenção corretiva em hotéis, 90 por cento dos nossos clientes vão ser os hotéis”. Recentemente concorreram a uma reabilitação de um hotel em Lagos.
Por ‘só’ terem nascido formalmente em 2016, Nuno Fonseca tem a noção que um crescimento “na ordem dos 60 por cento por ano”, apesar de muito bom, “tem a ver com o facto de haver mais trabalho e a marca ser nova. Sabemos que quanto mais aumentar o volume de negócios, mais a percentagem do crescimento vai encolher. Queremos um crescimento, em 2020, na ordem dos 30/40 por cento. Estamos a tentar cimentar a marca”.
O próximo passo é passar para outra pessoa a pasta comercial e financeira que Nuno acumula com a gestão de projetos. “Se continuarmos com este crescimento, isso será feito em 2020”, antecipou.