A dupla João Rodrigues e João Marum, através da Algarve Landscape Architects, cria espaços verdes sustentáveis. Tudo é adaptável, exceto a constante inovação e preocupação ecológica.
O percurso profissional destes dois colegas de curso da Universidade do Algarve começa há dez anos, precisamente no pico da crise. E, apesar de jovens, conseguiram estabelecer-se no mercado. “Fomos recolhendo experiências profissionais em gabinetes de arquitetura paisagista regionais até fazer um projeto em conjunto, inicialmente informalmente. Não existia o objeto empresa, que só surgiu no início de 2018”, resumiu João Rodrigues.
Em 2011, João Marum foi selecionado para uma iniciativa com impacto mediático, o projeto Querença, numa aldeia do interior do Algarve em que nove jovens de diferentes áreas profissionais iriam dinamizá-la, construindo o próprio negócio, ajudando as próprias empresas locais. Foi o suficiente para desenvolver a ideia de criar uma empresa de construção de espaços verdes, com a produção de plantas autóctones. “Comecei a trabalhar com espaços de baixa manutenção, baixos custos de água, mais ecológicos e é no fundo a filosofia que hoje adotámos na empresa”, justificou Marum.
A dupla tem projetos de iniciativa privada a diferentes escalas (desde o jardim para a moradia unifamiliar até equipamentos como turismos rurais e hotéis), até projetos promovidos por entidades públicas, tanto individualmente como em parceria com outros gabinetes de arquitetura e engenharia.
Pela natureza do trabalho e “pela forma como abordamos o trabalho”, a equipa, composta por cinco pessoas, não prescinde do reconhecimento local, independentemente das viagens que isso implique. “O trabalho da arquitetura paisagista prende-se muito com a relação com o local: o sistema de vistas, a natureza do solo, a implantação de novos edifícios, a luz”, lembrou João Rodrigues.
Outra das apostas desta empresa é o recurso a novas tecnologias aplicadas ao projeto de arquitetura paisagista. A adoção da metodologia BIM é um exemplo dessa constante procura de inovação. “O BIM cria todas as condições para uma comunicação muito mais fluída entre as equipas de trabalho e com os próprios clientes e facilita o processo de alterações. Há um período de adaptação a esta nova forma de abordar o trabalho, mas é uma aposta que certamente manteremos no futuro”.
A Algarve Landscape Architects pode ter nascido somente como um gabinete de arquitetura paisagista, mas, face às solicitações que foram tendo, ‘degenerou’ numa empresa de construção de jardins, tal como descrevem, em tom de brincadeira, os responsáveis. E nesta valência da construção, acabam por trabalhar maioritariamente com clientes estrangeiros que não vivem no Algarve e com uma necessidade constante de feedback da obra.
Trabalhando num mercado tão diverso como o Algarve, pode-se dizer que estão habituados a um pouco de tudo. Mas o que nunca falha é “a preferência pela vegetação local, o uso racional da água e o trabalho inteligente sobre a topografia”. Um exemplo recorrente é a utilização de relvados nos jardins unifamiliares. “Muitas vezes temos de dialogar com o cliente e sensibilizá-lo para os custos diretos e indiretos de um relvado (água, manutenção, etc.) e acabamos por condicionar este tipo de soluções”.
O segredo da empresa é “uma equipa pequena e a aposta na inovação”, tanto na vertente de projeto como em obra. No futuro querem “continuar este processo de renovação de meios de produção, prosseguindo o trabalho de diversificação da carteira de clientes, tanto públicos como privados”.