“We fight, not for sport, but for survival”, este poderia ser perfeitamente o lema da academia espinhense especializada em técnicas de autodefesa, tendo por base o KravMaga, um sistema de combate desenvolvido em Israel, que visa preparar os praticantes para todo o tipo de situações violentas. Juntamente com o KravMaga, a WE FIGHT tem ainda a modalidade de Strength&Conditioning, treinos de força, direcionando a academia para um segmento que vai além das artes marciais e da autodefesa.
Filipe Azevedo é praticante de modalidades de combate desde os 17 anos, quando se iniciou no kickboxing. Três anos depois descobriu em Espinho o Taekwondo, modalidade onde se tornou cinturão negro, 1º dan. O Krav Maga apareceu na vida de Filipe quase por acaso, enquanto lia uma revista dedicada às artes marciais, como o próprio confidencia à IN Corporate Magazine. “Já tinha um feedback sobre o que era o krav maga, mas pensava que a modalidade só era praticada lá fora. Descobri nessa ocasião, já lá vão 14 anos, que havia Krav no Porto e decidi ir experimentar. Conheci o professor Vítor Martins, presidente da Federação Portuguesa de Artes Marciais Israelitas, a pessoa que impulsionou o verdadeiro KravMaga a nível nacional e, a partir daí, procurei estudar e aprender este sistema de combate, fiz formação em Israel, e em 2014 abri a minha academia”.
O KravMaga não é um desporto de competição e a razão é simples: não existem regras. O objetivo é preparar o indivíduo para se defender em qualquer tipo de situação de violência de rua, sem regras, sem árbitros, em luta corpo a corpo, ou com armas incluídas. Sobre o sistema de luta e treino aplicado na WE FIGHT, Filipe Azevedo explica que “o nosso plano engloba mãos nuas, agarres, ameaça, ataque de faca, arma de fogo, bastão, entre qualquer outro tipo de situação de violência. Criamos cenários e situações específicas de treino, embora o nosso primeiro ensinamento e aquilo que queremos incutir, sobretudo nas crianças, é que a opção nunca é lutar. É preciso evitar o confronto a todo o custo e só quando não existe alternativa é que se deve defender, sempre dentro das leis vigentes no nosso país. No que respeita à autodefesa, para se saber defender, é preciso saber combater”.
De forma a prepararem os atletas da WE FIGHT para situações de violência, a academia procurou desde o início ter uma visão alargada do combate, com treinos específicos de striking, clinch, derrubes, wrestling e chão. Os três instrutores da WE FIGHT são certificados com o curso de treinador desportivo do IPDJ e Filipe Azevedo tem, inclusivamente, formação de Krav Maga em Israel, onde nasceu a modalidade.
Strength&Conditioning
Numa altura em que Filipe Azevedo e a sua academia tinham já um nome vincado dentro do universo do Krav Maga, surgiu um novo segmento, uma modalidade disponível para os atletas que já praticavam Krav na WE FIGHT, mas também para pessoas externas, que praticassem outros desportos, ou até nenhum. Numa primeira fase essa modalidade era o cross training, que progressivamente se tornou em Strength&Conditioning. Filipe Azevedo explica essa transformação, indicando que “com os anos, com o estudo e com as formações que fomos fazendo, começamos a perceber que o método do cross training não era o indicado para o nosso tipo de atleta. Existiam algumas lacunas nesse tipo de programa e entendíamos que o risco de lesão era grande. Com os treinos de força e condição física, comprovamos que os atletas estavam mais fortes e predispostos para os desafios do treino e mais importante, o risco de lesão diminua significativamente”.
“Sei o nome de todos os meus atletas”
Nos últimos seis anos a WE FIGHT alcançou um número considerado de alunos, tendo inclusivamente obrigado a academia a mudar-se para um espaço maior, há cerca de dois anos. As desistências ao longo dos anos foram reduzidas e na WE FIGHT ninguém é indiferenciado. “Sei o nome de todos os meus atletas e preocupo-me com todos. Temos o máximo de atenção com as pessoas e com tempo as relações que criamos aqui tornam-se em amizades para a vida”, vinca o responsável. Derivado dessa união, não existem aulas de iniciantes e todos treinam com todos, num espírito de cooperação e entreajuda, sobretudo entre os mais experientes e aqueles ainda estão a iniciar a sua prática.
Importa salientar que na academia, além da prevenção, da autodefesa e do combate ao bullying, a WE FIGHT procura incentivar a que os atletas se superem a eles mesmos, começando pelos técnicos, constantemente em aprendizagem, não sendo raras as visitas a países como Israel e Tailândia, onde as artes marciais e o combate, mais do que uma tradição, é cultura. Em Espinho, na academia, são organizados vários seminários com mestres de artes marciais, que visitam os alunos da WE FIGHT para transmitirem algum do seu conhecimento. Afinal de contas, o verdadeiro espírito do combate sempre residiu na evolução pessoal e espiritual de cada ser humano e a WE FIGHT é o espelho dessa filosofia, ensinando os seus atletas a superarem as adversidades, a procurarem paz de espírito e um caminho saudável de viver, física e intelectualmente.