Os tempos que atravessamos evidenciam um conjunto de fragilidades decorrentes, principalmente, do modelo de desenvolvimento adotado nos dois últimos séculos. Sendo certo que não faltaram vozes ao longo dos últimos anos, alertando para a falência desse modelo porquanto poderíamos atingir a situação em que nos encontramos, o certo é que outras prioridades se sobrepuseram e a conservação da natureza e a adoção de modelos de desenvolvimento integrados na mecânica dos sistemas naturais, ficou reservada a setores da sociedade sem capacidade de decisão.
Passados cerca de 41 anos sobre o aparecimento das primeiras ações organizadas e fundamentadas pela sociedade civil e suportadas pela comunidade científica, alertando para as consequências ambientais resultantes da implementação de um modelo de desenvolvimento baseado na queima de combustíveis fósseis, pouco ou nada se fez no sentido de se alterar o rumo então definido. Em consequência dessas opções, vivemos hoje num planeta cujas alterações climáticas estão a perturbar fortemente o equilíbrio dos biomas, conduzindo a uma contínua e silenciosa redução da biodiversidade, intensificada pela ação dos incêndios florestais que, em determinados biomas como o nosso, adquirem proporções apocalíticas. Por outro lado, diversos estudos indicam como muito provável, num futuro muito próximo, acentuadas perdas na produção agrícola mundial, que será, como foi ao longo da história, causa de conflitos e revoluções e, consequentemente, de queda de civilizações.
A fim de não se Perder a Terra nem de termos uma Terra Inabitável, urge uma imediata mudança de paradigma transversal a todos os setores da sociedade, e cuja ação concertada mitigue os efeitos já em curso resultantes dos erros do passado. Essa mudança tem que passar necessariamente por uma nova revolução agrícola, cuja função ultrapassa em muito o simples, mas fundamental gesto de proporcionar alimento; será uma agricultura em harmonia com a natureza, parcimoniosa na utilização de recursos, promotora de saúde e construtora de paisagens. Apenas com estes requisitos, a nova agricultura conseguirá ser o sustento da próxima civilização.
É neste contexto que se insere a Escola Profissional Agrícola Quinta da Lageosa, direcionando todos os seus recursos para o desenvolvimento, nos seus alunos, de competências que lhes permitam enfrentar os desafios que o futuro lhes reserva, num território cada vez mais despovoado e desertificado. Uma escola ancorada no compromisso da inclusão e da diminuição das desigualdades, e na participação cívica também capaz de congregar esforços para a ação conjunta e colaborativa, onde radica a eficácia da sobrevivência e da evolução. Uma escola que, sendo também aprendente, seja indutora de sonhos que facilitem a germinação de gestos empreendedores, criadores de oportunidades.
A agricultura foi e será sempre o suporte de civilizações, pelo menos enquanto tivermos a presente configuração! No presente ganha outra importância: a de criar novos territórios que descongestionem o caos das grandes cidades, e proporcionem outros ambientes com o mesmo grau de conforto, proteção e cultura. Por isso, é fundamental semear para depois colher!
Escola Profissional Agrícola Quinta da Lageosa