Considerado a ave mais rápida do mundo e com a visão muito desenvolvida – que o torna um caçador incrível -, o falcão ‘entreteve’ durante anos a família real portuguesa, que passava longos períodos em Salvaterra de Magos, zona privilegiada para a caça.
No século XVIII, D. José I mandou construir a Falcoaria Real (edifício de arquitetura pombalina, exemplar único na Península Ibérica), convertendo este concelho ribatejano num “local de encontro de falcoeiros oriundos de vários pontos da Europa”.
A 1 de dezembro de 2016, a UNESCO declarou a Falcoaria como uma atividade, onde predadores e presas evoluíram juntos durante milhões de anos, definindo-a como “uma das mais antigas relações entre o homem e a ave”.
O Património Cultural Imaterial da Humanidade pode ser visto em toda a sua glória naquela que é a Capital Nacional da Falcoaria. Por isso, estivemos à conversa com o presidente da autarquia Hélder Manuel Esménio.
A Câmara de Salvaterra de Magos liderou a candidatura da Falcoaria Património Cultural Imaterial da Humanidade pela UNESCO. O que representa esta classificação, atribuída no final de 2016?
Esta classificação foi fundamental para dar a conhecer a importância histórica e o contributo que Salvaterra de Magos deu (e dá) na preservação e valorização da falcoaria em Portugal. Temos aliás uma Falcoaria Real que data do século XVIII, única na Península Ibérica, que pode ser visitada de 3ª feira a domingo.
O que representa a Falcoaria para o Concelho de Salvaterra de Magos? O que mudou depois desta arte ter sido classificada como Património Cultural Imaterial da Humanidade?
Durante muitos séculos a corte portuguesa escolheu estes territórios onde erigiu um Paço e um Teatro da Ópera. A Capela Real e a Falcoaria Real resistiram ao declínio da corte, a sismos e a incêndios. A classificação da UNESCO deu visibilidade e incrementou muito a procura pelo concelho, sendo a Falcoaria Real um produto turístico estratégico.
A globalização é um dos desafios quando se fala na preservação de costumes e tradições. Que iniciativas tem promovido o atual executivo para a preservação de tradições do concelho como os ‘Bordados a Ponto de Cruz da Glória do Ribatejo’ ou a ‘Olaria de Muge’?
A globalização à medida que se afirma também gera oportunidades para a procura do diferente e do singular. Tal como fizemos com a Falcoaria e em cooperação com a Universidade de Évora preparamos uma candidatura dos bordados típicos da Glória do Ribatejo a património cultural nacional, num projeto que vai estudar, registar e salvaguardar a especificidade da cultura gloriana. Através de eventos como as Jornadas de Cultura, feiras e exposições empenhamo-nos também na promoção e ganhos de visibilidade de outras artes como a olaria em Muge, a correaria em Marinhais, a cestaria no Granho, entre outros.
Para além da relação com a falcoaria, Salvaterra de Magos é rica em Património Natural. Que outros pontos de interesse devem ser visitados a quem passa pelo Município?
Somos um concelho com enorme frente ribeirinha com o Rio Tejo, que se desenvolve da lezíria à charneca. A cada mês de março temos o Mês da Enguia, um evento gastronómico com mais de duas décadas que atrai milhares de visitantes aos nossos restaurantes. São ainda pontos de interesse a Barragem de Magos e a aldeia piscatória do Escaroupim com os seus espaços museológicos e os passeios de barco no Rio Tejo