Mulheres Inspiradoras

A DIREÇÃO FEMININA MOVIDA A PAIXÃO

Sara Afonso, diretora da Something Imaginary

Motivada pela paixão à profissão, à família e aos seus sonhos, Sara Afonso, diretora da Something Imaginary, realizou diversos saltos para chegar aonde desejou estar. Ao poetizar o ofício e a vida a partir do lema “sê feliz e faz os outros felizes”, a arquiteta é exemplo de excelência no profissionalismo e na gestão feminina ao criar uma empresa de sucesso à base da união de géneros, da harmonia da equipa e de projetos inovadores.

Assumidamente apaixonada pela arquitetura desde tenra idade, Sara Afonso sempre sentiu o impulso de ter a sua própria empresa. Inaugurou o primeiro atelier aos 23 anos, e foi em 2017 que, juntamente com João Resende, abriu o notável atelier de arquitetura Something Imaginary. Criada na ambição de transformação da vida, a arquiteta relembra o contexto poético onde a ideia pela empresa surgiu: “Nasceu num dia que o vento soprou mais forte. Cortei o cabelo e mudei de vida”.

Com o percurso “sempre regido pelo lado mais colorido da vida”, Sara Afonso trilhou áreas diferentes dentro da arquitetura para resultar, hoje, numa perceção global das várias etapas de projetos, sejam elas reabilitações, moradias ou empreendimentos turísticos. Encaminhada “por uma permanente curiosidade e vontade de aperfeiçoamento e inovação”, a arquiteta exalta a paixão que a move no trabalho e o reflexo que isso causa: “Procuro transmitir essa forma de estar na vida e no trabalho. Com espírito de equipa e colocando paixão nos projetos, de vida ou profissionais, tudo resulta melhor”.

Idealizadora e diretora da Something Imaginary, Sara Afonso conta que nunca desejou a liderança, mas busca outros resultados: “Tenho a ambição de uma empresa de sucesso, com uma equipa realizada e unida, com um conjunto de clientes satisfeitos, e que os meus filhos se orgulhem de mim”, revela. Referente à empresa e ao âmbito profissional, a arquiteta diz-se satisfeita pelo esforço e pelo empenho, mas que “gostava de fazer uma aldeia completamente sustentável, projeto este que já está em planeamento”. Ainda conta do desejo em fazer uma casa para si, um projeto, verdadeiramente difícil, mas que, na mesma medida de dificuldade, a faria sentir, de facto, realizada.

Inspirada na ancestralidade feminina da família, Sara Afonso reconhece-a como sua grande motivação de resiliência e determinação. A arquiteta conta, com emoção, que a avó paterna, com quase 99 anos de idade, continua a ser uma fonte de inspiração e que a mãe tem sido uma grande referência na luta pela igualdade de oportunidades, direitos e deveres para todos os seres humanos. Fundadora da ACCIG – Associação Cultura, Conhecimento e Igualdade de Género, a progenitora de Sara Afonso, Rosabela Afonso, tem escrito sobre as mulheres portuguesas que fizeram a diferença e marcaram a sociedade.

Tal como a mãe, a arquiteta reconhece a desigualdade de géneros e que, por mais que acredite não haver mais homens que mulheres na arquitetura, “são mais divulgados os nomes masculinos, a diferença está na divulgação e promoção dos trabalhos e dos nomes de quem os faz”. Ela evidencia que na Something Imaginary a maioria é feminina, contudo, reconhece que a junção dos géneros só pode trazer benefícios a nível pessoal e profissional, seja pela partilha de conhecimento, metodologias ou até mesmo formas distintas de pensar e agir. Ainda, exemplifica essa complementação com o marido e sócio: “O João é muito mais criativo e atento aos detalhes em tudo o que está relacionado com a documentação legal para as instituições e câmaras municipais, eu prefiro o projeto de execução, a coordenação de equipas e a obra”.

Ao lado de “uma equipa incrível”, e sob o lema “um por todos e todos por um”, Sara Afonso diz não ter dúvidas que uma equipa forte e coesa faz toda a diferença. E, quanto às aptidões para a liderança feminina, ela descreve a determinação, competência e autoconfiança como os critérios primordiais para o sucesso. Com essas características, a arquiteta diz sentir orgulho pelo caminho percorrido e acrescenta: “Se esse percurso for inspirador para outras pessoas, ficarei feliz. Se o meu trabalho e determinação forem motivo de orgulho para os meus filhos sentir-me-ei realizada”.