Empresa da Trofa foi uma das primeiras a usar um forno de têmpera para transformar o vidro plano. Criada em 2003, dedica-se ao corte, manufatura, têmpera, laminagem e fabrico de vidro duplo sendo um parceiro de referência da rede CLIMALIT.
Numa altura em que o fundador Hermino Pires passou o testemunho ao filho André Pires, Chairman da Nortempera, tendo este contratado André Caldeira Ribeiro para CEO, o presente consiste em antecipar tendências e o futuro será para expandir para o mercado externo. A IN Corporate Magazine esteve à conversa com o Chairman André Pires.
A Nortempera começou a operar em junho de 2003 na Trofa, tendo como objetivo aumentar a oferta do setor do vidro na região norte de Portugal. Que realidade encontraram na altura e que realidade vivemos agora?
A Nortempera foi pioneira no setor de transformação de vidro plano, com um forno de têmpera [tratamento térmico para aumentar a dureza e a resistência], em 2003. Desde então, houve uma evolução significativa de máquinas e um aumento considerável de concorrência, sendo que a aplicação de vidro tem vindo a evoluir significativamente pelo lado da matéria-prima, com mais especificidades e aplicações. Temos de adaptar a nossa tecnologia à oferta e temos acompanhado sempre essa evolução em termos de equipamento e processo. Atualmente existem projetos de arquitetura e engenharia que são muito desafiantes aos quais temos de nos adaptar. Aliás, é o que nos motiva e que está na base do nosso ADN. Fomos crescendo com o setor, assente numa filosofia de Customer Centriticty (foco no cliente). E isso reflete-se na qualidade do produto.
O que é que a empresa faz? Em que é que se distingue?
Compramos chapa de vidro plano aos fornecedores mais qualificados (apenas Tier 1) e transformamos em todo e qualquer produto que o cliente queira, para todas as áreas que envolvam vidro, sendo completamente autónomos no processo. Dispomos dos meios tecnológicos mais avançados do setor e oferecemos soluções em vidro com desempenho visual, térmico, acústico, estético e de segurança. Distinguimo-nos na qualidade e flexibilidade (palavras-chave neste negócio), procurando encontrar sempre uma solução, daí o facto de termos clientes fidelizados há muitos anos; na capacidade de responder ao aperfeiçoamento da matéria-prima; e na forma como transformamos o vidro. Procuramos estar sempre na vanguarda.
Desde 2011 fazem parte da rede SGG CLIMALIT, sendo um dos fabricantes do vidro duplo criado e registado pelo grupo francês Saint-Gobain. Esse passo era fundamental? Em que medida?
A CLIMALIT é uma marca comercial do Grupo Saint Gobain, nosso fornecedor e um dos principais players mundiais da indústria de vidro. Fomos convidados a pertencer a esta rede como fabricantes de vidro duplo com isolamento térmico e acústico reforçado, há vários anos, que tem critérios de qualidade muito exigentes. Obviamente, é um reconhecimento importante do nosso trabalho que, comercialmente, nos abre bastantes portas.
Este setor implica um investimento de ‘peso’ em equipamentos e tecnologia. No vosso caso, isso sempre foi uma prioridade?
Este é um sector de capital intensivo e a nossa estratégia passou sempre por ter um parque de máquinas “state of the art”, sendo pioneiros nas medidas máximas de chapa de vidro. Procuramos dar resposta aos projetos mais exigentes e estar munido de bons equipamentos é essencial. Mesmo que se trate um pedido não habitual, tentámos sempre encontrar e aperfeiçoar o sistema por forma a dar uma reposta a tempo e horas. Investimos não consoante as necessidades, mas a pensar no futuro. Estamos sempre a pensar nas necessidades que aí vêm. O que nos motiva é o desafio, seja na transformação de vidro, seja a responder às capacidades de mercado que são, até para nós, cada vez mais exigentes.
Que projetos têm a ‘marca’ Nortempera?
Temos feito todo o tipo de infraestruturas públicas e privadas: hotéis, casinos, aeroportos, edifícios de escritórios, sendo que 40% da produção é exportada indiretamente para a Europa. Indiretamente, porque é o nosso cliente que exporta e faz a aplicação do vidro. Estamos neste momento a rever o nosso modelo de negócio por forma estarmos presentes diretamente em alguns mercados, que temos já identificados.
Foram considerados PME Excelência em 2018. Valorizam a experiência ou apostam na juventude? Tem sido fácil encontrar mão-de-obra qualificada?
Temos uma equipa com cerca de 70 pessoas, com tendência a subir. Apostamos na retenção de talentos e na formação interna e, por isso, temos um nível de rotação baixo no que diz respeito ao setor. Também procuramos ter um bom ambiente de trabalho e dar perspetivas de carreira. Sabemos que a oferta de mão-de-obra qualificada é escassa e por isso temos vindo a otimizar as nossas politicas de Recursos Humanos.
A empresa tem passado por uma mudança estrutural. Porquê?
O meu pai, Hermino Pires, é o fundador. Em dezembro de 2019 cessou funções e a 1 de janeiro de 2020 entrou um novo Conselho de Administração, liderado por mim. Houve uma mudança da estrutura societária, que passou de Lda. para S.A. como parte de um processo de reorganização de toda a empresa. Contratou-se um grupo de gestão, encabeçado por André Caldeira Ribeiro, que vem do sector energético e conta com uma larga experiência na internacionalização de empresas. Sendo a exportação um dos pilares da nossa estratégia, assim como a consolidação da nossa atividade no mercado nacional, consideramos esta reestruturação essencial para o futuro da Nortempera.
Que perspetivas têm para o ano de 2020?
Para o primeiro trimestre do ano queremos consolidar a nossa posição e terminar 2020 ainda mais fortes. Somos uma B2B e nunca tivemos uma forte aposta na criação de marca, mas somos muito reconhecidos. Daí a aposta na marca e reestruturação da área comercial para abranger o cliente direto, institucional e final. Queremos que o utilizador tenha a Nortempera no “Top of mind” quando precisar de vidro plano. E nunca é demais realçar que todas estas ações visam um crescimento exponencial das nossas vendas que é o nosso grande objetivo.