Não há melhor maneira de conhecer Évora que caminhando pelas suas centenárias ruelas. Évora dá para contar mil e uma histórias. É esse o encanto. É uma cidade onde temos de olhar com muita atenção para as coisas e, quanto mais olhamos, mais vamos descobrindo.
O Caminheiro chega a Évora vindo de Viana do Alentejo, e depois de uma longa caminhada chegamos à capital alentejana. Por aqui é tempo de descansar, abrandar o passo e desfrutar. A cidade é, na realidade, feita de várias Évoras, em vários tempos: a romana, a medieval, a renascentista, a liberal; a invisível, a mitológica, a real; a progressista, a conservadora, a rural. E foi precisamente pela forma como as diferentes realidades se combinam e chegam aos dias de hoje num conjunto harmonioso que a UNESCO classificou o centro histórico da cidade como Património Mundial em 1986.
Após entrar muralha adentro, o Caminho conduz-nos até à famosa Praça do Giraldo, em honra do lendário salteador Geraldo Sem Pavor, que se redimiu perante D. Afonso Henriques ao conquistar Évora aos mouros em 1165.
Não cabem aqui tantas visitas obrigatórias que a fascinante Évora nos oferece: a Sé, as incontáveis igrejas, o templo romano, a Universidade, as genuínas e antiquíssimas ruelas, os conventos e os monumentos megalíticos nas imediações, a Capela dos Ossos, na Igreja de São Francisco, onde a mensagem sobre a portada nos alerta para a intemporal fragilidade humana: “Nós ossos que aqui estamos, pelos vossos esperamos” … Sem olvidar a Igreja de São Tiago, que há mais de 400 anos ostenta o apóstolo Santiago a cavalo a combater os mouros, do topo do seu frontão. O magnífico interior reveste-se de murais de azulejos e pinturas de épocas mais recentes, valorizado com um bonito retábulo de talha dourada na capela-mor.
Évora é uma das cidades com mais rico passado histórico do mundo, pelo que poderíamos ficar por cá, ou voltar cem vezes. Pela Estrada dos Aliados saímos de Évora em direção a Evoramonte, inspirados pela personagem lendária do cavaleiro Geraldo Sem Pavor, que figura no brasão de Évora tal qual Santiago em muitos de outras cidades. Antes de terminar o troço de Évora passamos por Azaruja, onde encontramos o Palácio dos Condes da Azarujinha, título criado por D. Carlos I em 1890, para agraciar António Augusto de Freitas, natural da Marinha Grande, que enriqueceu no negócio dos vidros e enveredou por uma carreira política no campo regenerador. Com Évora nas costas o sentimento é o de querer voltar para voltar a viver Évora e todos os seus encantos.