Carla Sofia Estêvão é uma mulher resiliente que não se intimida perante qualquer desafio. Foi enfermeira, professora de matemática na Arábia Saudita e em 2018, no papel de gerente abriu o Bricomarché dos Carvalhos, em Vila Nova de Gaia. Ancorada na sua equipa e no seu trabalho, Carla Estevão falou à IN sobre o contínuo crescimento do Bricomarché dos Carvalhos.
Começava por conhecer um pouco melhor a mulher por detrás do negócio e de que forma os seus conceitos inovadores a tornam única no mercado? De enfermeira a professora de matemática, da Marinha Grande à Arábia Saudita. Como foi o percurso de Carla Estevão até abrir o Bricomarché Carvalhos?
O meu percurso de vida, é de muito trabalho e empenho em tudo o que faço. Iniciei a minha carreira profissional como enfermeira, que ainda me corre nas veias. Enfermeira uma vez, enfermeira para toda a vida. Essa experiência, bem como a minha infância, passada maioritariamente com os meus avós, na aldeia, hoje Vila da Marinha das Ondas, fizeram a mulher que sou hoje. Trabalhei na Arábia Saudita como enfermeira, e foi lá, que tive a experiência de dar aulas de Matemática, a alunos do primeiro ciclo, numa Escola Internacional Italiana. Aproveitei o meu tempo lá, para me dedicar a outras coisas de que gosto, tirei um curso de Italiano, Inglês, Gestão de Equipas e Terapias Alternativas.
Todas estas experiências, me deram o background necessário, para que hoje, faça um trabalho de equipa diferente, com uma visão de mercado e da população onde nos inserimos, tentando fazer a diferença na comunidade.
Há cada vez mais pessoas a interessarem-se pela bricolage, por consequência, a concorrência neste sector é enorme. O que distingue o Bricomarché Carvalhos das restantes marcas?
É verdade que cada vez mais o conceito DIY, faça você mesmo, está cada vez mais na “moda”. Noutros países já muito mais enraizado, em Portugal, tem-se sentido o efeito desta onda, pela falta de profissionais no setor, pelos custos implicados, e porque para quem gosta, é um óptimo hobby. Poder cortar a relva, tratar da piscina, remodelar uma divisão da casa, construir algo de novo, não só é um entretenimento, como um orgulho…no final a obra é nossa. A concorrência é enorme, mas no Bricomarché dos Carvalhos, distinguimo-nos pelo atendimento, pela proximidade aos nossos clientes, pela selecção adequada de produtos e pela facilidade nas entregas, que são feitas por nós.
Outro ponto importante na filosofia do grupo, é que para além do nosso principal fornecedor, o próprio grupo, podemos trabalhar com fornecedores diretos da região. No Bricomarché dos Carvalhos, encontram muitos artigos de empresas nacionais locais.
O lema do Grupo ‘Os Mosqueteiros’ é a proximidade com os clientes, apresentando-se como o tradicional da distribuição moderna. Como se posiciona a marca Bricomarché Carvalhos dentro desta filosofia?
Nós vivemos e respiramos a filosofia e os princípios do Grupo Mosqueteiros. Proximidade com os clientes, oferta de produtos e serviços adequados à comunidade que servimos, marcas próprias com uma relação preço/qualidade excelente e depois fazemos entregas personalizadas de determinados produtos, como é o caso de artigos de motocultura, onde fazemos a montagem, entrega e demonstração na casa do cliente.
Para além de ter um leque de artigos muito diversificado, desde os mais básicos aos mais técnicos, o Bricomarché abrange outro tipo de serviços como a realização de projetos de decoração. Quais os serviços mais relevantes desenvolvidos?
No Bricomarché dos Carvalhos, encontram técnicos especializados em todas as áreas, nomeadamente na Motocultura como já referi, no aquecimento/arrefecimento, onde temos parcerias com empresas especializadas e certificadas para a montagem/instalação, fazemos montagem de móveis e cozinhas com projectos em 3D e apoio na escolha das tintas e isolamentos, bem como materiais de construção. Também temos corte de madeiras à medida e de outros revestimentos.
Qual a importância da equipa para o sucesso do Bricomarché Carvalhos? De que forma garante a motivação de todos e qual a importância de pequenas formações para se incorporarem no vosso modelo de trabalho?
A equipa é o asset mais importante da nossa organização. Uma boa equipa e um bom trabalho de equipa são essenciais para o sucesso de qualquer empresa. Ninguém chega à meta, se não chegarmos todos, e como o nosso lema no Grupo mosqueteiros, é “Juntos somos mais fortes”, é esta a filosofia que tento passar á minha equipa.
Todos são multidisciplinares e recebem formação, em todas as áreas que comercializamos. Temos formação externa, dada muitas vezes pelos nossos fornecedores, e interna, dada pela equipa de formação do Grupo – Fordis. Tentamos depois, adaptar o horário e a secção de trabalho, consoante a especialização de cada um, e o gosto pessoal.
Mantemos a motivação, muito pela relação interpessoal com cada um. Há várias formas de motivar uma equipa. Pela facilidade nos horários de trabalho, pela flexibilidade para resolução de problemas de ordem familiar ou pessoais, pelo miminho no dia da Mulher, no dia da Mãe ou do Pai, nos dias festivos, nomeadamente no Natal. E é nisto que somos diferentes de outros grupos, pois a proximidade com os colaboradores também é diferente. Queremos uma equipa estável e de futuro. Não queremos contratos precários de trabalho, e constante mudança de equipa. Formar um bom colaborador demora tempo e implica custos. Por isso, tentamos manter quem realmente demonstra vontade de aprender e evoluir.
O Bricomarché Carvalhos tem uma grande presença social na região. Sendo que as campanhas solidárias são uma constante na vossa dinâmica, quais as que considere mais importantes? Como surgem estas colaborações e qual a importância delas para a marca?
Talvez pelo meu background pessoal e profissional, a presença social, não podia deixar de ser relevante. A comunidade que nos recebeu tem várias instituições que necessitam de apoio. Dentro das nossas possibilidades, com uma forte ligação aos órgãos de gerem estas instituições e com a Junta de Freguesia, temos feito algumas acções. É de elevada importância, que as empresas se envolvam no aspeto social da comunidade onde se inserem… lá está, juntos somos mais fortes. A pandemia, também veio gritar por apoio a instituições, que inclusive são da responsabilidade do estado português. Fizemos doações de materiais de protecção individual e desinfecção, a todo o tipo de instituições, desde hospitais, GNR, PSP, Bombeiros, lares, centros de dia, e depois a outras instituições de caráter social, que têm sido de grande importância para colmatar as dificuldades das pessoas.
Neste ponto, também foi essencial o apoio dos nossos clientes, que sempre contribuíram connosco nestas campanhas. O povo português é solidário, e na necessidade, por norma, participa ativamente nestas ações.
As mulheres desempenham cada vez mais um papel chave na economia mundial. Quais são, na sua opinião, as principais características da liderança feminina e de que forma contribuem positivamente no negócio? Alguma dessas características são mais naturais nas mulheres? De que forma a liderança feminina é diferente de uma liderança masculina?
A liderança feminina é diferente em alguns aspetos, e felizmente, hoje, já é valorizada e preferida em algumas organizações, muito embora, eu, na minha experiência pessoal, aprenda muito com os meus colegas, maioritariamente homens.
A mulher tem a capacidade de fazer várias coisas ao mesmo tempo, sendo esta uma vantagem em vários momentos da vida de um empresário. Pensamos e agimos em diversas frentes. Somos mais predispostas à mudança, pois passamos por várias no nosso percurso pessoal. Agimos muito com a emoção, o que cria uma empatia diferente com as equipas de trabalho, fazendo uma equipa mais coesa, forte, com a inclusão de todos. Cada vez mais a sensibilidade feminina, a capacidade de criar empatia com as pessoas e a capacidade de trabalho e foco são uma mais valia na liderança de qualquer organização.
Apesar do reconhecimento das mulheres no mercado de trabalho estar a crescer, ainda existe um longo caminho pela frente. Como analisa o crescimento das mulheres à frente de grandes projetos?
Hoje em dia, as mulheres já são reconhecidas pela sua capacidade de trabalho, e mesmo havendo ainda um longo caminho a percorrer, a sociedade já aceita cada vez mais, a nossa presença ativa no mercado de trabalho e na liderança das organizações.
É facto que muitas vezes a mulher tem de se esforçar mais para ser valorizada e ainda há muitas, que são ultrapassadas, mesmo quando têm melhores capacidades e qualificações. Cabe a cada uma de nós, mostrar a diferença e educar as próximas gerações, que o mercado de trabalho é para todos, independentemente do sexo, da idade, da raça ou da condição social. Todos temos capacidades, seja para liderar ou não, e devemos ter as mesmas oportunidades.