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Ana Cristina Costa: “Tenho um grande orgulho neste percurso de dez anos em Angola”

Nascida em Lisboa e criada em Vila Nova da Barquinha, Ana Cristina Costa mudou a sua vida para Angola em 2012. Daí para cá foram dez anos de profunda evolução profissional e pessoal. Um percurso recheado de trabalho e sucessos, como mulher, mãe, gestora e estrangeira num país africano. É isso que lhe damos a conhecer nesta entrevista.

A educação e o conhecimento podem fazer a diferença na vida de uma mulher e mudar decisivamente o rumo do seu futuro. Ana Cristina Costa é a prova viva disso mesmo. CEO do AFRIGROUP Angola, Administradora da PROTTEJA SEGUROS, professora universitária, consultora financeira e autora de vários livros. Natural de Lisboa, Ana Costa cresceu em Vila Nova Barquinha (distrito de Santarém), antes de regressar à capital portuguesa, já com a sua primeira filha. Foi mãe solteira muito jovem, algo que não a impediu de lutar para alcançar os seus objetivos. Começou a sua carreira profissional na Air Liquide S.A, altura em que decidiu enriquecer a sua formação pessoal: “tive disponibilidade financeira para apostar na minha formação e foi muito bem aplicado, porque efetivamente deixou resultados.” Teve um notável percurso académico, o que lhe permitiu destacar-se nas áreas de relato financeiro, finanças empresariais e fiscalidade, planeamento e gestão fiscal. Um reconhecimento que lhe trouxe o convite para assumir o cargo de professora assistente no ISCAL (Instituto Superior de Contabilidade e Administração de Lisboa) e para participar como coautora nos seus primeiros livros.

A mudança para Angola, em 2012, permitiu-lhe progredir e crescer profissionalmente sendo hoje reconhecida pelo seu trabalho como consultora de conselhos de administração de grupos de renome: “vim para dar formação, conseguir depois abrir o meu próprio gabinete de contabilidade e auditoria. A notoriedade profissional que me têm dado, levou-me a ser também consultora do Conselho de Administração de grupos conceituados como a IMPORÁFRICA, que é a representante da KIA em todo o território nacional.” A maturidade e a larga experiência profissional permitiram-lhe ocupar o cargo de Administradora Executiva Financeira da PROTTEJA SEGUROS, que se encontra no décimo lugar, das 28 companhias de seguros em Angola.

O caminho que tem trilhado, nesta última década, tem sido notável como mulher e como mãe, especialmente num continente onde os cargos de liderança são maioritariamente, ainda hoje, masculinos: “o continente africano é muito machista, é muito difícil ter cargos de liderança junto de tanto machismo, o que é normal nos países africanos, e em Angola é realmente muito acentuado”. Apaixonada e dedicada à vocação de ensinar e à partilha de conhecimento, Ana Costa diz que “não é professora por obrigação, é mesmo por dedicação”. Por isso dá conselhos sobre medidas essenciais para fomentar a economia e a gestão das empresas, a quem aposta no seu próprio negócio, através das suas redes sociais: “eu gosto de partilhar informação, e dou algumas dicas a quem não tem verbas financeiras, mas estão a arrancar com as suas start-ups, com os seus negócios.” A sua preocupação é realmente ajudar as pessoas, para que não se “metam em dívidas”, e consigam alcançar o seu sustento, numa economia em que o mercado informal é muito elevado.

Numa altura em que a economia do país africano se encontra estagnada a empresária considera que o governo angolano está a trabalhar para reverter a situação: “há um esforço muito grande para haver uma disponibilização de verbas financeiras, linha de crédito internacional de apoio a estas iniciativas.” E defende que é essencial olhar para a livre concorrência, para a qualidade do produto e do serviço e para os hábitos do consumidor. Uma nova realidade para a qual considera que os empresários em Angola não estavam preparados.

A história que tem vindo a escrever, recheada de sucesso e de conquistas, levou a empresária a abraçar um novo repto que tem exigido um grande esforço físico e familiar – assumir o cargo de administradora executiva da PROTTEJA – “é um desafio muito diferente do que fazia até então, porque o sector da atividade seguradora é alucinante. O ritmo, a audácia, os custos, os proveitos, os meios de controlo, são realmente muito intensos”. Com todo este percurso e experiência em Angola, a administradora considera que a evolução nas mudanças de comportamento, na intelectualidade e no esforço tem sido notória no país. E enaltece igualmente a estabilidade económica e o arranque promissor do setor industrial.

Orgulhosa do trajeto que trilhou ao longo da última década, Ana Cristina sente que o esforço valeu a pena: “tenho um grande orgulho deste percurso. Ser uma mera formadora para passar a ser uma administradora de uma companhia de seguros. Foram muitas horas de trabalho, fora do convívio da família, mas que agora acaba por ser muito compensador.”

Sobre este autor

João Malainho II

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