Américo Pereira está à frente dos destinos da União de Freguesias de Serra e Junceira, em Tomar, desde 2013. Um trabalho de grande dedicação que lhe valeu já duas reeleições. O excelente acolhimento a novos moradores que chegaram ao território, vindos de 22 nacionalidades diferentes, é uma das marcas de desenvolvimento dos seus mandatos. Fomos também perceber o entusiasmo com que é vivida a Festa dos Tabuleiros nesta freguesia.
Apesar de ser a maior União de Freguesias do concelho, Serra e Junceira têm uma baixa densidade populacional. Este é um dos problemas que Américo Pereira tem vindo a tentar combater ao longo dos anos. No entanto, apesar de a pandemia ter trazido grandes dificuldades, no que toca a este problema, trouxe a luz ao fundo do túnel. A desertificação da freguesia começou a ser invertida durante o confinamento. Foram essencialmente casais novos que aderiram a uma vida com mais sossego, numa fuga notória à vida urbana. “Com o confinamento passaram a conviver mais com a população local e aderiram à nossa qualidade de vida, que é bastante superior à dos grandes centros urbanos, nomeadamente Lisboa. Isso levou muitos deles a fixarem-se em Tomar, outros que à segunda-feira vão para Lisboa e regressam na sexta”, comenta o presidente.
Este aumento de população não fica por aqui. Para além de jovens portugueses, muitos estrangeiros optaram por uma vida tranquila aqui. Algo que também contribuiu para resultados positivos é o facto de a maioria destes estrangeiros serem pessoas que se encontram no ativo. “Grande parte dos estrangeiros que cá estão são trabalhadores de empresas internacionais com grande importância, o que se torna uma mais-valia para a nossa freguesia”, refere o presidente, salientando que a vinda de novas pessoas para Tomar também fez com que o número de alunos nas escolas aumentasse. Os dados mostram que os estrangeiros residentes na freguesia vêm de 22 países: quase todos os europeus, alguns da América latina e da América do Norte. A integração foi muito fácil, com o excelente relacionamento entre antigos e novos moradores. Américo Pereira acrescenta que, para dar resposta a tantos imigrantes, “somos, talvez, a única Junta do concelho em que temos de ter funcionários a falar inglês e francês, para desempenhar o nosso trabalho no dia-a-dia”.
Infelizmente, a desertificação desta freguesia não é o único problema que preocupa o executivo e a população. Durante aquele que, por imperativo legal, é o seu último mandato, o presidente diz ter projetos que gostava de ver concretizados. “Temos muitos problemas a resolver quanto ao bem-estar da população, refiro-me a matérias que são fundamentais”. Em primeiro lugar, um dos objetivos passa pelo melhoramento da rede viária que ainda se encontra, em grande parte, em terra batida. São quilómetros de estrada nestas condições à espera de uma merecida intervenção, que ligam pontos fulcrais da Freguesia. Em segundo lugar, solucionar a rede de esgotos que atravessa Junceira. Mas um dos problemas mais graves e que necessita de solução o mais rapidamente possível é o facto de ainda haver locais sem acesso a água canalizada, “estamos no século XXI e isso não é normal. Aquilo a que nos propomos é tentar resolver esta realidade. Quanto ao saneamento, fizemos um troço de 400 metros e não temos capacidade económica para mais”, lamenta o autarca.
Algo que está na mente de Américo Pereira é a reabilitação da orla ribeirinha da Serra que, na sua opinião, é uma obra que deve ser realizada rapidamente. Em mente está também a melhoria da Praia fluvial de Vila Nova da Serra. Por fim, o Presidente gostaria de aproveitar os cerca de 50 quilómetros de costa do rio Zêzere (albufeira de Castelo de Bode) que se encontra no território, algo que seria bastante benéfico para esta União de Freguesias.
Claro que não poderíamos sair daqui sem falar da Festa dos Tabuleiros. Orgulhosamente, o autarca diz que esta festa “quer para a Serra, quer para a Junceira, é algo difícil de explicar pelo entusiasmo da população. Há coisas que nos diferenciam”. E é verdade. Ao contrário de outras freguesias, esta tem a particularidade de serem as raparigas que participam no cortejo a preparar as próprias flores do seu tabuleiro. A intenção é viver a festa de forma genuína, pelo que cada pessoa que carrega o tabuleiro leva ali parte do seu trabalho. “Era assim antigamente. As Juntas passaram a fazer tudo mas nós preferimos a forma tradicional, que está a voltar a ser adotada por outras freguesias também”. O presidente apenas gostava que houvesse um maior reconhecimento do trabalho da Junta na organização desta festa, pelo papel fundamental que têm, especialmente na preparação e execução do Cortejo.
A festa dos tabuleiros está prestes a ser reconhecida como Património Imaterial Nacional, mas Américo Pereira não tem dúvidas de que “para a população e para muitos estrangeiros (…) já é um Património Imaterial Nacional, apenas é preciso formalizar isso”. E acrescenta que é como um “casal que já vive há muito tempo junto, mas tem que ir ao notário concretizar o casamento.”
O convite fica feito. Seja durante a Festa dos Tabuleiros, ou em qualquer outra altura, não deixe de visitar a Serra e Junceira e aproveite a beleza natural deste lugar.