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Politécnico de Tomar: vértice de formação e desenvolvimento da região

De olhos postos no desenvolvimento de todo o Médio Tejo, o Instituto Politécnico de Tomar (IPT) assume o papel de formar o talento essencial para dinamizar a região. Uma tarefa difícil, mas que tem conseguido levar a cabo graças a uma direção dinâmica, a parcerias estratégicas com empresas e a um corpo docente empenhado e solidamente formado. Nesta entrevista à IN Corporate, o Presidente do IPT não esconde o orgulho na instituição e nos seus estudantes. João Coroado deixa, no entanto, um alerta: é necessário e urgente valorizar e reter os recursos humanos altamente qualificados que o país produz.

Tomar e o seu Instituto Politécnico ficam no coração do país, rodeados por quatro capitais de distrito: Coimbra a norte, Leiria a Oeste, Castelo Branco a este e Santarém a Sul. Se não existisse o Instituto Politécnico de Tomar (IPT), toda esta zona do Médio Tejo correria o risco de ficar irremediavelmente para trás. É assim, com um papel fundamental no progresso da região, que o IPT assume como principal missão disponibilizar para o mercado ativos com conhecimentos e competências capazes de gerar desenvolvimento. Uma missão que tem implícita a necessidade de atrair tecido empresarial apto para cativar, reter e motivar talento, essencial para o desenvolvimento territorial. João Coroado, presidente do IPT, reitera essa missão, mas assume que não é uma tarefa simples: “é com talento que se gera evolução e nós, enquanto instituição, conseguimos reter algum, mas não o suficiente para toda uma região que exige uma maior consistência”.

O caminho passa por estabelecer parcerias entre empresas privadas, autarquias e instituições de ensino superior, uma aposta que “tem dado frutos muito interessantes, creio que todos temos ganho”, considera o Presidente. Assumindo um papel ativo na solução, o Politécnico adota a missão de desenvolver o seu trabalho na formação. “A ideia é dar a essas empresas aquilo de que elas necessitam para operar com vantagem”, explica-nos. Essa vantagem passa, muitas vezes, pela organização de formações “cujo interesse é mútuo”. Mas, acima de tudo, aquilo de que as empresas necessitam mesmo é de “recursos humanos bem formados”. Foi isso que levou para o IPT a Critical Software ou a Softinsa (grupo IBM). A confiança na qualidade dos recursos humanos e a aposta na investigação científica, orientada para as empresas, neste caso ligadas às tecnologias de informação e comunicação são, na opinião do Presidente, um dos alicerces principais para que as empresas se fixem e permaneçam no território.

Uma rede em desenvolvimento
Também o relacionamento com as escolas de onde chegam alunos ao Instituto Politécnico é essencial, mas João Coroado considera que há ainda muito trabalho pela frente. “Temos uma rede que não tem sido dinamizada da forma que todos gostariam. Mas para lá caminhamos, esse trajeto está a ser feito. É um trabalho muito atento de divulgação do trabalho desenvolvido, sempre com o objetivo de conseguirmos reter os nossos próximos ativos.”

O Presidente do IPT defende assim que este trabalho tem de ser mais incisivo para que se olhe com mais cuidado para esta região, fundamental no contexto da coesão territorial.

Os dois últimos anos foram tempo de organização interna, de forma a preparar uma maior expressividade da instituição para o exterior. A começar pela constituição de duas novas unidades de investigação e desenvolvimento, financiadas pela Fundação da Ciência e da Tecnologia, o Smart Cities Research Center (Ci2) e o Centro de Tecnologia, Restauro e Valorização das Artes (Techn&Art), para além de termos uma unidade de gestão da Unidade de Investigação Geociências sediada na Universidade de Coimbra, e também do conjunto de investigadores e de bolseiros de Doutoramento que permitiram à instituição de ensino superior aumentar a capacidade de investigação, desenvolvimento e inovação. “Estamos envolvidos em dois consórcios do PRR (Plano de Recuperação e Resiliência), no âmbito do Impulso Jovem e Impulso Adulto, um que se designa – Rede Politécnica A23, com o Instituto Politécnico da Guarda e o Instituto Politécnico de Castelo Branco”, e outro com o Instituto Politécnico de Santarém e a Escola Náutica Infante D. Henrique com o nome “Entre o Tejo e Mar”, ambos com a missão de formar jovens e adultos. Outra aposta são os projetos ligados à rede Erasmus e ao “Horizonte Europa” que têm permitido a consolidação das redes europeias em que estamos inseridos. Ainda neste contexto deve ser sublinhado a Cátedra UNESCO – Cátedra de Humanidades e Gestão Cultural Integrada do Território, que o Politécnico de Tomar detém dando relevo ao importante pilar do IPT que é o Património Cultural nas suas várias facetas.

Valorizar a qualificação
Aliado ao papel dinâmico no progresso da região, o IPT desenvolveu, em parceria com a Softinsa, a aplicação Smarter Fest (Android e iOS) de forma a colocar a Festa dos Tabuleiros na palma da mão. Com diversas funcionalidades, a nova ferramenta permitiu ao visitante “sentir a Festa” em tempo real e consultar, de forma interativa, a agenda dos eventos, a localização dos parques de estacionamento e do cortejo principal. “Isso foi uma muito interessante que reuniu as forças públicas em prol de uma manifestação cultural. Tivemos conjuntamente nesta preparação, da qual resultou essa aplicação, investigadores do IPT, a disponibilidade da Softinsa e a cooperação da Proteção Civil através do Município de Tomar”, esclareceu o Presidente, assumindo que a experiência é para repetir já na próxima edição.

Na direção desde 2019, João Coroado faz um balanço muito positivo do seu plano de ação nestes dois anos e meio, afirmando que os objetivos a que se propuseram foram já em muito ultrapassados. Aponta o modelo do norte da Europa como exemplo de como se deveria organizar o Ensino Superior em Portugal. Ou seja, com mais de metade dos alunos inscritos em Universidades de Ciências Aplicadas, mais orientadas para uma carreira profissional – com uma função similar aos Politécnicos – e os restantes nas Universidades de Investigação. Assume, naturalmente, a defesa dos Politécnicos considerando que têm sido “conotados como o parceiro inferior”. Uma questão que espera ver reparada rapidamente.

Tendo em conta o panorama atual do país, o presidente do IPT defendeu que é urgente que se comece a valorizar as qualificações: “é importante que os nossos empresários rapidamente olhem e vejam mais-valias significativas nos ativos que têm grau superior.” E acrescenta: “ao estarmos a perder a nossa elite científica e cultural, não estamos a cuidar do nosso país.”

O IPT tem cerca de dois mil e quinhentos estudantes, colocados em mais de 60 cursos, distribuídos por três escolas, duas em Tomar e uma em Abrantes. Para conhecer toda a oferta formativa, acordos de mobilidade e outras valências disponíveis basta consultar o site do Instituto em www.ipt.pt. Não saímos de Tomar sem que João Coroado vincasse, com um sorriso, que os seus docentes “são dos melhores que há no mundo, e os estudantes do IPT irão ser os melhores profissionais que a região pode encontrar.”