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Adaptação em tempos de mudança

A Escola Profissional de Desenvolvimento Rural de Grândola (EPDRG) procura adaptar-se às necessidades do seu concelho sem comprometer o desígnio para o qual foi criada. Numa região cada vez mais procurada pelo turismo, e onde os setores mais tradicionais estão a ser modernizados, novos desafios impõem-se a esta instituição. A Comissão Administrativa Provisória faz aqui um balanço destas questões.

A EPDRG encontra-se inserida numa exploração agropecuária de 23 hectares, e situa-se na vila de Grândola, no concelho com o mesmo nome do Baixo Alentejo e Alentejo Litoral. Embora com uma área de 825,9 Km², tem uma baixa densidade populacional, sobretudo nas freguesias mais interiores, com uma população envelhecida, reduzida taxa de natalidade e de escolarização.

O sector terciário é atualmente o predominante na atividade económica do concelho, onde outrora se distinguiam os sectores primário e secundário, sobretudo com a agricultura e a indústria mineira. Porém, surgem significativos sinais do apelo à modernização da agricultura e da pecuária, bem como da vertente de exploração florestal, e principalmente do desenvolvimento da área do turismo rural e ambiental. Este é de elevada qualidade e de oferta para um público de luxo e selecionado, nalguns casos, colocando algumas freguesias do litoral do concelho no topo dos destinos turísticos europeus, o que, por seu turno, exige uma elevada qualificação e certificação de trabalhadores nestas áreas.

A EPDRG foi criada com a designação de Escola Profissional de Agricultura e Desenvolvimento Rural, através da publicação da Portaria nº 269/2000, de 18 de maio, passando desde então a integrar a rede das escolas públicas profissionais do Ministério da Educação. A instituição contribui ativamente para a formação de jovens não só na área agrícola, como aquando da sua criação inicial, em 1990, como Escola Profissional Agrícola de Grândola (EPAG), fundada enquanto entidade pública regida pelas normas de direito privado, através do contrato programa celebrado a 24 de agosto, ao abrigo do Decreto-Lei nº 26/89, de 21 de janeiro, entre várias entidades. Neste primeiro momento, esta escola fundou a sua identidade na área vocacional da agropecuária, com cursos profissionais de nível III, integrando, posteriormente, na sua oferta formativa outros cursos profissionais na área do turismo, e elevando essa oferta também para nível IV e 12º ano.

A 11 de agosto de 2021, a EPDRG surgiu a esta Comissão Administrativa Provisória (CAP) como um desafio. Estamos conscientes das dificuldades que, nos tempos atuais, uma escola profissional de matriz agropecuária, com uma forte vertente turística, ligada à terra e ao ambiente, apresenta na captação de um bem escasso: um público jovem e motivado para a terra, a exploração das suas potencialidades e virtualidades, a modernização dos seus métodos de trabalho e de gestão. Tudo isto sem perder de vista o equilíbrio ambiental e ecológico que torna possível fazer da agricultura e de todas as atividades que lhe estão ligadas, inclusive turísticas, um modo de vida duradouro, com rentabilidade económica e sustentabilidade ambiental.

E, na realidade, a EPDRG não nos desiludiu! O balanço é altamente positivo, porque tem sido verdadeiramente motivante trabalhar com estes alunos fantásticos, com colegas de elevado profissionalismo, competência e simpatia, bem como com funcionários empenhados, além de diversas entidades, inclusive autárquicas, sempre disponíveis e cooperantes. É verdadeiramente motivador trabalhar numa casa que se sente nossa, com jovens discentes que apresentam situações tão díspares entre si, mas que já aprenderam a conhecer-nos e a confiar em nós, assim como as suas famílias.

Sendo uma CAP, os nossos objetivos para o presente ano escolar não se destacam pela ambição de introduzir ou proceder a grandes alterações ao nível da visão estratégica para a EPDRG, nem tal faria sentido, até porque nos consideramos em consonância no fundamental com os objetivos traçados pelas nossas colegas dos órgãos de gestão anteriores. Contudo, gostaríamos de conseguir devolver à EPDRG a dinâmica em termos de atividades desenvolvidas para a comunidade escolar, dentro e fora da escola, que existia antes da pandemia COVID-19 e da qual tem sido difícil recuperar. Desejaríamos aumentar o número de alunos que escolhesse a nossa oferta formativa por verdadeira opção e para construírem um projeto de vida bem alicerçado. Pretendíamos ainda proceder a mais intervenções de melhoria do edificado, atualização do parque de máquinas e modernização tecnológica nas instalações e materiais.

Para sobreviver e manter ou até aumentar a sua importância no contexto formativo da sociedade de hoje e do futuro, a EPDRG terá de se reinventar na sua oferta formativa, nos instrumentos de ensino que oferece, nos modelos pedagógicos que proporciona aos alunos, embora sem perder a sua matriz e a sua identidade de escola de desenvolvimento rural. De outro modo, a competitividade inexorável afetará negativamente escola perante a comunidade, impedindo-a de manter os elevados padrões de qualidade que alcançou e de continuar a constituir-se como uma referência única para a comunidade de onde nasceu, na qual se insere, para a qual e com quem trabalha na construção de um futuro, através da formação dos nossos jovens para o que caracteriza o seu concelho: a ruralidade