Filipa Tavares dos Santos é o rosto que está, desde 2001, à frente da SCP Pool Portugal, do grupo americano Poolcorp, líder mundial do setor. A diretora-geral considera que as mulheres têm características que, aplicadas no meio empresarial, resultam em equipas mais coesas e mais empenhadas, e colaboradores mais felizes.
Filipa Tavares do Santos, Diretora-geral da SCP Pool Portugal, é uma mulher inspiradora num “mundo de homens”. Está na empresa desde 2001 – como tem sido este percurso ao longo de mais de 20 anos? É difícil ser mulher neste setor?
É uma realidade que este setor é maioritariamente masculino, há 22 anos quando iniciei o meu percurso
profissional nesta área, era muito raro uma mulher liderar uma empresa. Neste momento já se nota uma mudança, mas continua a ser um “mundo de homens”. Felizmente não sofri nenhum tipo de discriminação dentro da organização. A SCP Pool Portugal faz parte de um grande grupo americano,
que não permite discriminação. No entanto lembro-me de quando a empresa dos meus pais foi comprada pela Poolcorp, o meu chefe perguntou a todos os colaboradores se teriam algum tipo de problema em reportar a uma mulher. Fora da empresa nem sempre foi fácil, mas acredito que temos de aceitar que somos diferentes, que é precisamente nessa diferença que existe a grande mais-valia. Muito trabalho, dedicação e principalmente ter um objetivo claro de onde queremos levar a empresa, e fazê-lo com gosto. Não há fórmulas mágicas, mas há muito foco e dedicação.
Na sua opinião, há diferenças entre organizações lideradas por mulheres ou por homens?
Sim, as mulheres têm caraterísticas que, aplicadas no meio empresarial, resultam em equipas mais coesas e mais empenhadas, e colaboradores mais felizes. A resiliência, a empatia, o humanismo, a sensibilidade, e o chamado “sexto sentido”, acabam por ser trazidas para as empresas.
Independentemente do género, quais entende serem as caraterísticas que distinguem um bom líder?
Empatia, proximidade, resiliência, capacidade de ouvir, intermediar a equipa nas decisões e muita consciência da implicação das nossas decisões.
Está também à frente da Associação Portuguesa de Profissionais de Piscinas, Instalações desportivas e lazer (APP). Há bastante cooperação entre os corpos sociais e profissionais representados? Quais são as vossas principais reivindicações?
Apesar de ter 20 anos de existência, a APP tem tido muito pouca representatividade. É um setor muito pouco profissionalizado, e as empresas têm muita dificuldade em encarar o concorrente como parte do mesmo grupo dentro da associação. No entanto estamos a tentar mudar esta mentalidade. É necessário este sentido de pertença a um setor, é necessário que os profissionais entendam que só nos conseguiremos proteger enquanto empresas, se nos associarmos para um bem maior – o reconhecimento da profissão, o reconhecimento deste mercado, para podermos então ter assento na legislação nesta área. Este setor, está deixado completamente ao abandono a nível de legislação. Temos de ser ouvidos como especialistas nesta área, as piscinas são um tema de saúde pública, não podemos deixar crianças, jovens, idosos, utilizar piscinas de câmaras, de hotéis, piscinas interiores, sem qualquer tipo de legislação. A água e o ar interior são elementos transmissores de doenças, qualquer piscina interior ou exterior mal tratada pode ser um foco de infeção. A segurança é também um fator importante. Qualquer arquiteto ou engenheiro, não tem grande apoio nesta área da piscina e Wellness. Felizmente a APP fez parte integrante do projeto da tradução da única norma que existe para piscinas públicas, mas não é suficiente. Qualquer empreendedor que inicie o seu negócio não tem onde ir conhecer as normas básicas e melhores práticas na construção nem manutenção de uma piscina. Felizmente a APP já iniciou o curso que era fundamental para darmos um passo no reconhecimento dos profissionais.
A SCP Pool pertence ao grupo Poolcorp, líder mundial do setor. Como é que decidiu integrar este projeto? O que a cativou neste mundo das piscinas?
A SCP Pool Portugal nasceu através da aquisição de uma empresa familiar que pertencia aos meus pais. Desde nova que quis seguir Gestão de Empresas para ajudar os meus pais a desenvolver o negócio. Atualmente há uma preocupação transversal a todas as áreas de negócio, que é a preocupação com o bem-estar e a saúde. Há 20 anos uma piscina era construída para satisfazer as crianças e jovens. Hoje o
paradigma mudou e continua a mudar. Passamos por uma fase em que se começou a construir piscinas mais pequenas, com mais equipamentos de conforto para ser utilizada durante mais meses, com maior comodidade e com uma manutenção mais acessível. A preocupação com o bem-estar e a saúde leva-nos a um tipo de piscina diferente, que pode ser usufruída por qualquer faixa etária.
A vossa missão é expandir o crescimento global do mercado das piscinas e Wellness, proporcionando aos clientes uma vasta oferta de produtos e serviços exclusivos. Pode dar-nos alguns exemplos concretos?
A SCP distingue-se pelo serviço de excelência. Somos uma empresa que, mais do que atingir resultados, se preocupa também com o desenvolvimento do mercado. O meu drive, enquanto diretora da SCP, sempre foi deixar a nossa marca no mercado. A nossa missão é dar um serviço de excelência aos clientes, dar excelentes oportunidades aos colaboradores e um excelente retorno aos acionistas e fornecedores. Tentamos estar presentes, trabalhar com um sentido de missão, valorizando sempre a transparência e a comunicação. Somos considerados líderes a nível de serviço ao cliente, temos entregas em 24/48h, stock permanente nas instalações, um serviço pós-venda e apoio ao cliente muito próximo. Além disso, temos um centro de Wellness 100% ativo e disponível para os clientes experimentarem, um showroom dedicado à apresentação dos produtos, uma academia certificada pela DGERT e um jardim para dar apoio nas formações práticas. Damos ainda aconselhamento técnico, presença em obra e apoio em qualquer tipo de projetos especiais à medida. Instituíram a Academia SCP para desenvolver competências técnicas e profissionais dos vários agentes ligados ao mercado das piscinas. Reflete a vossa aposta e convicção de que a formação, o conhecimento e a especialização são fulcrais para o sucesso de qualquer empresa? Sem dúvida alguma. O projeto da academia nasceu com o intuito de trazer conhecimento aos nossos clientes. Este é um mercado bastante técnico, de conhecimento específico e com complexidade técnica. Somente quem se especializar nesta área e tiver capacidades de aprendizagem, conseguirá manter o seu percurso e crescer.
Pode deixar-nos algum conselho que sirva de inspiração a outras mulheres para que consigam singrar no mundo empresarial?
Em primeiro lugar nunca desistir, temos de ter consciência de que somos tão boas ou melhores que qualquer homem e temos a vantagem de trazemos connosco uma “bagagem” genética que nos caracteriza, e devemos utilizá-la em ambiente empresarial. Temos de assumir as nossas diferenças, honrar o facto de sermos mulheres e diferentes, e passar precisamente essa diferença para as empresas e para a maneira como definimos a estratégia e ao mesmo tempo cuidamos da nossa equipa. É precisamente esta diferença na liderança que está a fazer mudar o paradigma nas empresas. E é esta diferença que tem de ser assumida e aceite, por incrível que pareça, em primeiro lugar por nós mesmas.