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“Há um território a descobrir, há emoções a sentir, há experiências a viver”

O Caminho Português da Costa para Santiago de Compostela está certificado oficialmente. Este percurso liga o Porto a Valença, ao longo de dez municípios, antes de entrar na Galiza. A Maia é um desses concelhos e quisemos perceber a importância de que se reveste esta certificação para a autarquia. Para isso fomos entrevistar o Presidente da Câmara, António Silva Tiago, que nos deixa os principais destaques do troço que atravessa a Maia.

Qual é a relevância cultural e turística desta certificação do Caminho de Santiago pela Costa para o Município da Maia?

Do ponto de vista cultural, a certificação do Caminho Português de Santiago – Caminho da Costa, representa uma mais-valia na promoção do património, da arte e da cultura do Município da Maia. O facto de pertencermos a uma rede alargada sob a égide da Entidade Regional de Turismo do Porto e Norte e validada pelo Turismo de Portugal e Centro Nacional de cultura permite também o acesso a uma presença de forma continuada em projetos e programas de matriz regional, nacional e europeu.

Desta forma, dois dos três caminhos certificados em Portugal passam na Maia (para além do Caminho da Costa também o Caminho Central). É a prova da relação vincada que o Município tem com os Caminhos de Santiago?

Neste momento só o caminho da Costa é que é certificado. O Caminho Central está em processo de certificação. A Maia está profundamente ligada aos Caminhos de Santiago. Quer do ponto de vista histórico, cultural e religioso, mas também pelo facto de o Aeroporto Internacional Francisco Sá Carneiro se encontrar no nosso território e de o mesmo ser a porta de entrada preferida pelos peregrinos. Muito importante em todo este processo é a ligação à Igreja de Moreira, antigo mosteiro, que acolheu durante séculos peregrinos que aqui procuravam, na sua hospitalidade, ajuda para curar as maleitas e a alma.


Como carateriza o troço deste caminho ao longo da sua passagem pelo concelho da Maia?

O Caminho da Costa entra na Maia pela Rua da Estrada, curioso topónimo, que nos transporta para a passagem do caminho. Passa por lugares onde a história de Portugal aconteceu, como a Praça do Exército Libertador, passa próximo ao antigo Mosteiro de Moreira, já atrás referenciado, e sai do nosso território em Vila Nova da Telha, junto ao Aeroporto e à memória das ´pinheireiras´, mulheres de enorme valia, que contribuíram em muito para a economia do lar através da sua atividade, e que, de forma destemida, subiam aos pinheiros em busca das pinhas. Do ponto de vista da geografia do território, o caminho começa numa zona industrial, passa junto ao aeroporto, segue por uma zona urbana e sai através de uma área rural. Ou seja, apresenta-nos o Município da Maia nas suas diferentes caraterísticas.

Com a certificação do Caminho Português da Costa, no seu percurso na Maia, o que vai mudar ao nível da informação, segurança e transitabilidade?

Ao nível da informação passamos a estar numa rede alargada com muito maior raio de influência / ação. Em termos de segurança, quer seja a pessoal ou a sanitária saem reforçadas pela dinâmica própria da rede e da importância estratégica do Caminho para o município e para a região, sendo obviamente, objeto de muito maior interesse e atenção por parte das autoridades e entidades responsáveis pela gestão do território.


Que impacto espera que esta medida venha a ter na economia local da Maia?

Espera-se um impacto muito positivo na economia local, não só nos agentes mais vocacionados para o turismo, mas também para os produtores locais com maior procura por bens agroalimentares e empresas de desporto e material de apoio, assim como unidades de saúde e transportes. Espera-se claramente que traga vantagens para o território.

E ao nível da restauração e hotelaria?

Espero claramente uma maior procura por parte de peregrinos que, como se tem tornado norma, regressam ao Município da Maia como turistas.

A quem pretenda atravessar a Maia a pé, a caminho de Santiago de Compostela, que locais pode destacar como de visita “obrigatória”?

No Caminho da Costa, sem qualquer dúvida, a Igreja Conventual de S. Salvador, em Moreira. Não podemos esquecer que foi na Igreja de Moreira, que a 25 de julho de 2021 foi celebrado o Acordo Institucional entre a Entidade Regional de Turismo do Porto e Norte de Portugal e os 10 municípios do Caminho da Costa para a concretização do processo de certificação do Caminho. No Caminho Central aconselho vivamente uma visita ao Santuário Mariano de Nossa Senhora do Bom Despacho.


A Maia é uma porta de entrada do Grande Porto, desde logo porque tem no seu território o Aeroporto Francisco Sá Carneiro, e vias estruturantes como as autoestradas A3 e A41, ou as históricas estradas N13 e N14 a confluírem na Via Norte, por exemplo. É também atravessada por milhares de peregrinos a caminho de Santiago, tema principal desta nossa entrevista. Aproveito esta oportunidade para lhe perguntar quais são os argumentos para que as pessoas não se limitem a passar pela Maia, mas para que fiquem e visitem, com tempo, o património do concelho.

A Maia é muito mais do que o caminho de Santiago. É história, é gastronomia, é cultura, é arquitetura contemporânea, é desporto. Na Maia, o tempo e o espaço devem ser vividos não só por quem cá vive ou trabalha, mas também por quem nos visita. Há um território a descobrir, há emoções a sentir, há experiências a viver.