Gonçalo Rigaud, gerente da Plano Corte – Gabinete Técnico de Moda, conta-nos como tudo aconteceu desde o nascimento da empresa. Uma história de inovação, modernização e sustentabilidade. A aposta na diversificação de mercados é para manter num futuro que se espera de contínuo e sólido crescimento.
Quando era pequeno Gonçalo Rigaud sonhava em trabalhar com automóveis, “foi uma paixão desde as minhas primeiras memórias, tracei o rumo que queria seguir, e andava entre ser corredor de F1 ou engenheiro mecânico e trabalhar numa marca de automóveis”. Como na altura ser corredor em Portugal era difícil, seguiu uma vida ligada à engenharia mecânica.
Aos 17 anos, durante umas férias de verão, surgiu a oportunidade, a partir “de uma grande amiga”, de tirar um curso de modelista na CITEX – Centro de Formação Profissional do Têxtil e do Vestuário, e ir trabalhar com ela. Depois de visitar a empresa, ficou “fascinado com os computadores” e, entusiasmado com a ideia, decidiu aceitar a oferta, ligando o seu caminho à moda, onde está até hoje.
O nascimento da Plano Corte
A história da Plano Corte começa em 1987. Um dos sócios da empresa ouviu falar dos sistemas CAD da Lectra, “uma grande evolução” que iria aumentar a produtividade e a eficiência dos consumos de matérias-primas, conjugando tudo isso com as máquinas automáticas de corte. A desconfiança numa tecnologia de ponta era grande, o valor das máquinas era extremamente alto. A ideia principal passava por adquirir uma empresa especializada, que conseguisse condensar todas as encomendas e rentabilizar o equipamento.
Foi essa a base da ideia de abrir um centro de serviços, e assim nasceu a Plano Corte. Uma ideia “arrojada para a altura”. Os computadores estavam no início e estavam muito longe de ter as capacidades e funcionalidades de hoje em dia, “não conseguíamos fazer o primeiro molde, só as escalas de tamanhos e os planos para o corte do tecido”, lembra Gonçalo Rigaud. Mas foi assim que a empresa cresceu nos primeiros doze anos, “fomos passando a nossa ideia e construindo a nossa carteira de clientes”. Com a evolução da tecnologia, conseguiram tratar todos os moldes em computador e aumentar a qualidade e a produtividade.
“Uma marca muito forte”
Em 2014 completaram os serviços de corte automático e, hoje em dia, o cliente pode encomendar um molde e sair com as peças cortadas. A Plano Corte “é uma marca muito forte, sinónimo de qualidade e conhecimentos”. Os 35 anos de história trouxeram “uma experiência muito grande à nossa
equipa e os clientes sabem disso”.
Quando começaram a atividade “chamavam-me louco, diziam que indústria estava a sair do país e que tinha os dias contados”, conta-nos Gonçalo Rigaud, confessando ainda que “foi preciso muita resiliência e paixão pela atividade” para chegar onde chegou.
A diversificação de clientes foi também importante para a empresa. Aqui todos são tratados da mesma forma. “Não fazemos distinção dos clientes que estão a começar, dos pequenos e dos grandes, todos são importantes para nós. O grande objetivo é que eles se sintam únicos e em sua casa”.
A indústria de vestuário em Portugal tem passado por uma grande transformação ao longo dos anos. Hoje existem fábricas modernas e adaptadas tecnologicamente às exigências atuais, mas muito caminho teve de ser trilhado para “podermos chegar até aqui”. As transformações no mundo da moda levam a que as empresas procurem ter uma grande variedade nas suas coleções e que se adaptem para poder dar resposta a todo o tipo de clientes.
As camadas jovens não têm muito interesse nesta área, segundo o gerente da Plano Corte, “a renovação de ativos não se tem feito. A média de idades dos trabalhadores é muito alta e não estamos a passar todo o know-how às camadas mais jovens”. Alterar o panorama e promover o gosto pela atividade é importante para Gonçalo Rigaud. Algo que pode ser feito através de reportagens como esta, mostrando os bons exemplos e promovendo “as novas gerações de fábricas, menos viradas para a produção intensiva, mas mais adaptadas ao vestuário de qualidade e luxo”.
Com uma fábrica cada vez mais moderna e em prol do desenvolvimento comunitário, a aposta da Plano Corte está na maior internacionalização e na procura de novos mercados e mais diversi cados. O futuro espera-se de crescimento, com crescente investimento na modernização e na sustentabilidade, “somos amantes da História e tentamos aprender com ela para não cometermos erros do passado. Estes últimos dois anos deram-nos razão em matérias pelas quais sempre lutámos. A diversificação foi sempre um cavalo de batalha, e será por isso um grande objetivo”