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Normalização e qualidade

Quase todos os aspetos do nosso quotidiano são influenciados por normas que resultam do conhecimento científico. Basta observar a forma como nos apresentamos e aquilo que nos rodeia.

Imagine-se num dia normal a sair de casa: veste uma t-shirt que não passou a ferro por causa do ISO 7000-3113; calça sapatos de salto médio cujo conforto (e saúde) lhe é garantido pela EN 12785:2000; e leva consigo o telemóvel que obedece ao padrão EN 50360, o que significa que não está em risco face aos valores-limite de exposição a campos eletromagnéticos. Podíamos arriscar e dizer que estes e outros pequenos gestos que envolvem a sua ida para o trabalho, e já agora todo o seu dia, estão a ser partilhados por outras pessoas, noutra parte do globo, com o mesmo fundamento.

As normas garantem a segurança dos produtos, equipamentos e sistemas, e reduzem os custos. Facilitam o comércio internacional e a incorporação de novas tecnologias. E se em contexto sociológico a palavra “normalização” pode ter uma conotação negativa por excluir o que é diferente, neste caso ela é bem-vinda. A tal ponto é incentivada que, desde 1970, é comemorado o Dia Mundial da Normalização a 14 de outubro.

Por natureza voluntárias, as normas só se tornam obrigatórias depois de adotadas por reguladores, na maioria dos casos por razões de segurança e proteção dos consumidores. Emanam de organizações que envolvem o melhor expertise e trabalham para criar a uniformização à volta da terminologia, especificações do produto e protocolos.

“Qualquer norma é considerada uma referência idónea do mercado a que se destina, sendo por isso usada em processos de legislação, de acreditação, de certificação, de metrologia, de informação técnica e de relações comerciais com o cliente”, elucida o Instituto Português de Qualidade (IPQ) na sua página oficial.

A elaboração de normas nacionais (NP) é, aliás, uma das vertentes de atuação do IPQ, havendo ainda normas europeias (CEN) e internacionais (ISO). A ISO (Organização Internacional de Normalização), uma ONG com um percurso histórico que começou em 1947, é-nos familiar pelas normas ISO que cria e são aplicadas em 167 países. São mais de 22 mil, referem no seu website, onde destacam os seus “greatest hits”.

Embora a normalização tenha nascido da necessidade de dar resposta a problemas de natureza técnico-industrial, o seu campo foi-se alargando. Hoje há uma proliferação de normas em áreas como os serviços (turismo e transporte público de passageiros), sistemas de gestão de qualidade, inovação e até responsabilidade social.  Um dos focos neste momento é a criação de normas que ajudem a cumprir os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) no âmbito da Agenda 2030.