Entre outubro de 1979 e julho de 1980, José Saramago percorreu o país de lés a lés. Sem roteiro definido, da sua deambulação resultou o livro “Viagem a Portugal” onde há um trecho muito conhecido que é a definição do que é ser viajante:
«o fim de uma viagem é apenas o começo de outra. É preciso ver o que não foi visto, ver outra vez o que se viu já, ver na primavera o que se vira no verão, ver de dia o que se viu de noite… É preciso voltar aos passos que foram dados, para os repetir, e para traçar caminhos novos».
Outros têm revisitado estes caminhos percorridos pelo Nobel. Em 2022, o jornalista da TSF Fernando Alves fez-se à estrada para apresentar a sua “Viagem a Portugal”. É um arquivo, arrisco dizer, quase literário, para ser escutado pela sua imensa riqueza. Fernando Alves testemunha o que Saramago observou e acrescenta às paisagens conversas com as gentes locais, ou não fosse o repórter “de pessoas” por excelência.
No programa sobre a Póvoa de Lanhoso, diante do silêncio singular da albufeira da Caniçada, ali ao lado, em Vieira do Minho, Fernando Alves cita Saramago assim: “O viajante tem de explicar como as coisas são; mal empregadamente lá esteve quem depois vai gabar-se e dizer só «já lá fui»”.
Num formato leve produzido para a RTP (disponível na RTP Play), o humorista brasileiro Fábio Porchat decidiu-se “a provar as mesmas comidas e até o mesmo vinho” que Saramago. Tudo, claro, com o colorido de uma boa conversa e a vantagem do olhar de quem é de fora. Esta “Viagem a Portugal” começa em Miranda do Douro, em Trás-os-Montes, e termina em Sagres, no Algarve.
O mesmo roteiro pode dar origem a um sem número de experiências, há apenas que estar aberto ao que nos rodeia. Nesta edição, como que a lançar as férias, deixamos-lhe o convite para partir à (re)descoberta dos recantos dos nosso país. Afinal, essa é uma das melhores formas de apoiarmos a nossa economia, e todas as suas especificidades locais. Tudo com tempo suficiente para que se sinta um verdadeiro viajante.
Boas férias!
