Regina Freitas, natural da Madeira, sempre teve o sonho de ser médica e, para isso, teve de deixar a sua ilha para estudar em Lisboa. Com um percurso académico e profissional muito completo na área da saúde, sente-se realizada, tendo conseguido abrir a sua própria clínica em Alenquer – a Medicser.
Apesar de, “desde menina”, saber que queria ser médica, as circunstâncias direcionaram Regina Freitas para a enfermagem na Escola superior S. José de Cluny, no Funchal. Estando já a exercer a profissão para a qual tinha estudado, nunca esqueceu medicina e foi por essa razão que decidiu mudar-se para Lisboa, com o objetivo de realizar a licenciatura e o mestrado integrado na Faculdade de Medicina.
Teve de deixar para trás a sua família e a ilha em que nasceu e cresceu, o que foi um grande desafio e um percurso particularmente difícil. “Mas nada é por acaso e se fosse fácil não era para mim de certeza”, acrescenta.
A licenciatura em enfermagem não deixa de ser uma “mais-valia” no seu percurso profissional, destacando as suas competências humanas, mais particularmente a relação terapêutica: “cuidar pressupõe uma relação que é em si terapêutica, uma parceria estabelecida médico-doente no respeito e valorização das suas capacidades”, explica.
Assim que terminou o curso de Medicina, regressou ao Funchal para aí exercer a sua atual profissão. No entanto, ao fim de dois anos, surge uma oportunidade única de realizar o internato de Medicina Geral e Familiar em Alenquer, perto de Lisboa. A médica não pensou duas vezes e emigrou “para o continente”.
“A Madeira é uma ilha de oportunidades, mas como boa madeirense senti necessidade de ir à descoberta e de arriscar”, diz-nos. Arriscou e correu bem, tendo, hoje, em Alenquer, o seu próprio consultório médico – a Medicser – assumindo os cargos de Médica de Família e Diretora Clínica.
“Ser” da ilha da Madeira vai muito além. Tem sempre algo novo para oferecer, e o seu clima ameno, permite viver uma eterna primavera. A vida na ilha é segura e tranquila, livre do stress das grandes cidades. As “gentes da madeira” prezam a sua história, identidade e, principalmente, a sua autonomia. “Somos muito além-fronteiras”, afirma, explicando que quem nasce numa ilha tem mais garra para ir à descoberta.
E foi o que a médica fez, perseguindo o sonho de poder contruir algo seu. Com muita “luta, trabalho, esforço e dedicação” e usando os seus próprios meios, conseguiu chegar onde queria. Hoje, a Medicser, é conhecida em Alenquer como a “clínica do povo”, porque os utentes são a sua principal preocupação – a sua saúde e bem-estar, a relação humana, baseada na confiança, respeito e em fazer sorrir, e também a promoção de um ambiente acolhedor e familiar. “Sentimo-nos em casa” ou “recebem-nos com um sorriso e sempre com uma solução”, são das frases que mais ouve ditas pelos seus utentes.
Uma parte muito importante para o sucesso da Medicser é a equipa, que funciona como “uma família”. Regina Freitas tenta transmitir os “valores de respeito, simplicidade, humanismo” e, ao mesmo tempo, inspirar quem quer aprender mais e trabalhar em conjunto, porque “juntos somos mais fortes”.
A empresária decidiu, recentemente, realizar uma pós-graduação em Medicina e Estética Avançada, considerando que a estética e a saúde devem estar em equilíbrio, para alcançar uma maior autoestima e qualidade de vida. Os procedimentos de estética relacionam-se diretamente com questões de beleza e estas afetam, muitas vezes, a saúde mental. Estes tornam-se essenciais para trazer “harmonia ao corpo”, sem ultrapassar limites, e trabalhar o nosso amor próprio. “Cada um de nós deve ser a pessoa mais importante do mundo, por isso temos de cuidar de nós próprios, sentirmo-nos bem connosco”, explica. Desta forma, a médica revela que esta valência será abraçada pela Medicser brevemente.
A clínica vive o dia a dia e o presente, já que todos os dias são um desafio e caso surja a necessidade de alguma mudança ou haja um objetivo a alcançar, não é deixado para amanhã. Uma coisa é certa: “Devemos arriscar, sempre, devemos fazer acontecer agora! Amanhã pode ser tarde.” Não desistir, mesmo em tempos de crise.
Regina Freitas encontra-se agora a gerir a sua própria clínica privada, mas já trabalhou no Serviço Nacional de Saúde. Atualmente, considera que “vivemos num caos”, em que os cuidados de saúde têm-se degradado pela “falta de valorização, constante redução salarial, congelamento de carreiras, instabilidade contratual, desmotivação profissional, intensificação do ritmo de trabalho e desqualificação dos serviços”. Todas estas questões fazem com que o cidadão e o profissional de saúde sofram com as consequências provocadas pelas “transformações político-organizacionais”, pela atual crise financeira e políticas de austeridade.
No entanto, que isto não seja um impedimento para que concretizemos os nossos sonhos: “Sentir medo faz parte, mas que não seja impeditivo de prosseguir”, afirma. A empresária e médica de sucesso explica que o segredo está na resiliência, permitindo-nos desenvolver várias habilidades, tais como a criatividade, a autoestima, a autonomia, a liberdade e a interdependência, sem esquecer, nunca, o respeito. “Somos únicos” – é esse o grande conselho para quem tem grandes objetivos, certo de que encontrará sempre alguns obstáculos pelo caminho.