Quinze anos de “muito trabalho, espírito de sacrifício e dedicação”. É assim que Cátia Ribeiro fala do seu percurso na empresa fundada pelo seu avô, onde passou por vários departamentos. A Diretora Geral da Perfilnorte, do bem conhecido grupo “O Setenta”, em Braga, fala-nos de uma empresa sólida e em crescimento mas que mantém qualidades de proximidade e humanização típicas das empresas familiares.
Para começar, peço-lhe que nos conte um pouco da história da Perfilnorte, desde a fundação da empresa, há precisamente 30 anos.
Foi em 1964 que nasceu a Serralharia “O Setenta” a primeira empresa, dedicada às estruturas metálicas e caixilharia. Em 1993, decorrente das necessidades de resposta da serralharia, o grupo começou a ganhar forma com a criação da Perfilnorte, empresa dedicada à produção de revestimentos metálicos. Ao longo dos anos, fortalecemos a nossa posição no mercado, e fomos aumentando a oferta de soluções de alta qualidade e inovação para os projetos de construção. A Perfilnorte destaca-se no mercado devido à qualidade dos produtos, o atendimento eficiente ao cliente e soluções personalizadas. Com o crescimento consolidado na inovação e produção, surge a necessidade de alargar a atividade do Grupo. Uma vez mais, e com a perspicácia que o identifica, o fundador do Grupo ouve as necessidades latentes do mercado e já foram criadas mais quatro empresas.
Foi importante, nessa altura, integrar um grupo já bem conhecido, sobretudo na região de Braga, como é O Setenta?
Claro que sim, ainda para mais sendo da família, é um motivo de orgulho.
Apesar da sua dimensão considerável, podemos dizer que a Perfilnorte continua a ser uma empresa familiar?
Sim, a Perfilnorte continua a ser uma empresa familiar, conta já com a terceira geração, o que para o fundador, o meu avô, é um orgulho. Queremos continuar a sua história e deixá-lo orgulhoso do nosso caminho. E é curioso que mesmo na nossa equipa também contamos com uma terceira geração.
A Perfilnorte mantém proximidade com os seus trabalhadores, fazemos questão que assim seja, entendo que essa proximidade traz vantagens, pois promove a comunicação, todos têm a oportunidade de partilhar ideias e/ou preocupações, só assim conseguimos compreender as suas necessidades profissionais e ou pessoais. Esta abertura promove a confiança e a motivação.
O importante é manter o equilíbrio e que todos saibam que fazem parte, que são respeitados e que cada um tem o seu papel e o seu valor.
Nas palavras dos mais de 50 colaboradores, a “Equipa” Perfilnorte nasceu da relação única entre empresário e funcionários. E desenvolve-se todos os dias através da humanização da relação única com cada um dos seus colaboradores, no reconhecimento de cada um nas suas individualidades. Aqui reconhecem-se mais que um número, aqui reconhecem-se com uma grande família alargada.
Quais são os principais valores e a visão da Perfilnorte como empresa? Como é que estes influenciam as decisões e estratégias de negócios?
Queremos proximidade com os nossos parceiros e clientes, e queremos ser reconhecidos como uma referência global no setor das empresas de revestimentos metálicos, sendo sinónimo de qualidade e excelência. Procuramos a melhoria e a inovação em prol da confiança dos nossos clientes, e mantendo altos os níveis de excelência na produção de forma a responder às exigências do mercado. Os valores e a visão de uma empresa não podem ser só palavras, mas sim princípios que estejam integrados na cultura e nas ações do dia a dia e, quando alinhados com a estratégia de negócios, servem como orientação para o sucesso e a sustentabilidade da empresa.
Pode compartilhar connosco as áreas-chave de atuação da Perfilnorte e os principais produtos e serviços que disponibilizam?
A Perfilnorte atua principalmente no mercado nacional, tendo exportação direta e indireta, para os mercados de Espanha, França, Costa do Marfim, Moçambique, entre outros.
Produzimos revestimentos metálicos relacionados com a construção metalomecânica, produtos que são amplamente utilizados em diversos setores da indústria da construção, como edifícios comerciais, industriais e residenciais. Entre alguns dos produtos aqui produzidos, destacamos a chapa perfilada para coberturas e fachadas e os seus complementos, perfis metálicos de apoio a coberturas e fachadas (madres), painel de alumínio compósito (fachadas ventiladas) e painel sandwich. Além disso, a empresa também fornece serviços de perfilagem de chapa galvanizada e pré–lacada, furação e perfilagem de madres de acordo com as especificações do cliente; corte e quinagem de rufos, caleiros e demais acessórios para coberturas e fachadas; corte de bobines em banda e formatos; transformação de painéis de alumínio compósito.
Como é que a empresa tem lidado com os crescentes custos de produção, nomeadamente na área da construção?
É um desafio, mas tem sido feito o melhor possível. Numa fase inicial conseguimos absorver o aumento substancial do custo das matérias-primas, não refletindo de imediato no preço dos nossos clientes. Com as alterações constantes no mercado, não conseguimos manter essa estratégia por muito tempo. Logo de seguida tivemos que o fazer, porque o mercado do aço sofreu um aumento muito significativo, tivemos que criar uma estratégia de stock, e monitorizar o mercado do aço, de forma a conseguirmos antecipar qualquer tendência de preços.
A Cátia Ribeiro é diretora geral da Perfilnorte há quanto tempo? Teve outras funções na empresa antes de assumir este cargo?
Comecei a trabalhar na Perfilnorte há 15 anos, na gestão de sistemas integrados de Qualidade e Segurança, o que me obrigou a perceber todos os processos dos vários departamentos, principalmente o departamento produtivo. Esse conhecimento foi muito importante para o meu crescimento na empresa. Assim como o impulso do fundador do Grupo, o meu avô, José Correia Fernandes, que sempre me disse que eu era capaz, que acredita no meu trabalho e no meu valor.
À medida que o know-how ia aumentando, a minha colaboração com os restantes departamentos foi sendo cada vez mais estreita. A par disso fui dando apoio ao Diretor Comercial, com quem aprendi bastante, e acabei por adquirir novas funções, até que à sua saída, abracei o desafio mais difícil, que me colocou realmente à prova, mas consegui encontrar o meu lugar , criei proximidade com a equipa, e tem corrido bem até agora.
Que balanço faz deste seu período de liderança na empresa?
Um balanço positivo, com muito trabalho, espírito de sacrifício e dedicação. Na verdade, é um desafio constante, sei que os obstáculos fazem parte e tento, de forma proativa, aproveitar para melhorar, ou alterar processos. Costumo dizer que as oportunidades vêm das adversidades, mas gosto de chegar ao final de um dia de trabalho de consciência tranquila, porque fiz o melhor que sei. E agradeço sempre que posso aos que trabalham comigo, pelo esforço, pelo empenho.
Há dias em que pequenos gestos e palavras me dão alento para continuar. Cresci muito enquanto pessoa nos últimos anos, tenho os melhores a trabalhar comigo, agradeço a equipa que tenho, porque o sucesso de um líder não se faz sozinho.
Que caraterísticas suas sente que evoluíram mais desde que começou a ter mais responsabilidades de gestão na empresa?
Naturalmente que com o tempo o sentido de responsabilidade evolui, mas acho que foi a resiliência, o facto de ter de tomar decisões sob pressão, nem sempre foi fácil, mas o tempo ajudou-me nesse sentido, fui aprendendo que podemos “respirar” antes de agir. O querer fazer mais e melhor, está intrínseco em mim, mas sempre responsável, de forma humilde e com respeito por quem trabalha comigo. Também a comunicação, o saber ouvir a opinião, é fundamental. Não nos podemos esquecer que as pessoas são muito importantes; envolver e comprometer as pessoas com o trabalho é fundamental para a atividade de qualquer empresa.
Quais são as qualidades que mais admira num bom Líder?
Colaboração, integridade, empatia. No meu entender um bom líder deve ser um exemplo de honestidade e confiança, que promove o trabalho em equipa, que consegue ouvir e entender as ideias, necessidades e as preocupações da sua equipa. Estas qualidades combinadas com outras são uma mais valia para alcançar o sucesso.
Pegando no nome desta rubrica, o que é uma mulher inspiradora e o que a inspira a si?
Uma mulher inspiradora é alguém que tem impacto na vida das pessoas à sua volta, que influencia positivamente os outros a alcançarem as suas aspirações, que motiva e encoraja. Para mim a inspiração pode ser encontrada em todo lado, num pequeno gesto, nas pessoas, numa história. As mulheres têm algumas características que podem trazer algum impacto, desde a sensibilidade que promove a proximidade e empatia com as pessoas, o que faz com que as pessoas se sintam envolvidas , facilidade para multitarefas e capacidade de trabalhar sob pressão, que ajuda na tomada de decisão em momentos mais difíceis, capacidade de adaptação às mudanças, tendência para o trabalho em equipa que promove a comunicação , ouvindo a opinião envolvendo as pessoas nos processos proximidade das pessoas.
Gostava ainda de saber a sua opinião sobre as prioridades das empresas portuguesas. Quais são, para si, os principais desafios enfrentados atualmente, e que medidas deviam ser implementadas para apoiar as nossas empresas?
Portugal é influenciado pela economia global, e as empresas enfrentam desafios relacionados com as oscilações económicas, mercados internacionais e questões comerciais. A pandemia teve um impacto enorme nas empresas em todo o mundo. As empresas tiveram de se adaptar a novas condições de trabalho, manter a continuidade dos negócios e recuperar da crise. Para se destacar nos mercados globais, as empresas portuguesas precisam de melhorar a sua competitividade através da inovação, eficiência e qualidade, e a transformação digital é crucial para o sucesso futuro das empresas.
Agora, as medidas de apoio às empresas passam pelos incentivos fiscais para a inovação e criação de postos de trabalho, incentivo às práticas empresariais sustentáveis, que contribuem para o meio ambiente, mas que também se refletem na crescente procura por produtos com baixo impacto ambiental.
Essas são algumas das muitas medidas que podem apoiar as empresas portuguesas a combater os seus desafios. Muitas medidas já existem, cabe às empresas procurar as que se adaptam à sua realidade e necessidade.