Advogada com mais de dez anos de experiência, Marcela Camargo sempre se identificou com o Direito Criminal. Depois de construir uma sólida carreira no Brasil escolheu Portugal para ter uma experiência internacional, concluir um Mestrado em Ciências Criminais e iniciar o Doutoramento na Universidade de Coimbra. É também Diretora da Associação Brasileira de Advogados (ABA) em Coimbra. Nesta entrevista revela-nos como é ser advogada, estrangeira e criminalista em Portugal e de como, em muitos casos, é o “último e maior alicerce do cliente”.
Quais são, para si, os principais desafios enfrentados atualmente por uma mulher na advocacia, em Portugal?
Ser mulher já é, em si, um desafio constante. Infelizmente, a despeito de mudanças, ainda vivemos em um mundo predominantemente machista, e a mulher, em muitos momentos, precisa provar a todo tempo sua capacidade.
Ser mulher, estrangeira e criminalista ainda é um triplo desafio que, porém, tenho aprendido a vencer muito bem. Quando mostramos nossas habilidades, conhecimento e comprometimento com nossos clientes, com as causas e com o serviço conseguimos ultrapassar conceitos pré-concebidos, e passamos da desconfiança à confiabilidade em nossas competências, independentemente de gênero, cor ou nacionalidade.
Que diferenças observa entre o ambiente jurídico no Brasil e em Portugal, particularmente em relação à igualdade de género e oportunidades para mulheres advogadas?
Ambos os países, como muitos outros, ainda precisam percorrer um caminho até a igualdade que nos é devida. Claro que advogando autonomamente, como meu caso, não se possui um chefe ou colegas que venham a praticar ou fomentar alguma discriminação, mas em um geral, acredito que muitos cargos de chefia, direção, ainda são conquistados por mulheres com muito mais esforço do que os homens.
Qual a importância de contactar um(a) advogado(a) sempre que alguém tem uma dúvida ou se sente vulnerável em relação a questões legais, particularmente quando falamos de uma área tão sensível como o Direito Criminal?
O direito penal possui os mais sensíveis bens jurídicos, e o que está em causa em um processo criminal é o segundo bem (e há quem sustente ser o primeiro), mais precioso ao ser humano: sua liberdade.
Dentro de inúmeras nuances que podem ocorrer em um processo penal: seja a privação da liberdade, seja imposição de medidas de coação, seja o comparecimento a interrogatórios judiciais, audiências… tudo possui um enorme peso e relevância aos direitos fundamentais da pessoa, e ainda mais, do arguido, que, muitas vezes, pode vir a ter seus direitos cerceados sem uma boa defesa.
Por isso o advogado criminal assume especial importância, sendo, em muitos casos, o último e maior alicerce do cliente, frente ao rolo compressor estatal. Ter ao seu lado um profissional especializado e comprometido resultará em uma grande diferença durante essa fase que, pelo que vejo e vivo ao longo de mais de uma década na área, é a pior fase, ou uma das piores, que muitos passam, incluindo toda a família da vítima ou do arguido.
Quais são as suas maiores expectativas para o futuro e para a sua carreira?
Gostaria de expandir cada vez mais meu escritório, e não apenas em Portugal. Pretendo atender no meu escritório todos aqueles que precisam de justa e competente defesa, bem como atuar com o direito penal preventivo, nomeadamente nos programas de compliance criminal, necessários às empresas aqui em Portugal. Minha expectativa é ser a melhor profissional que possa ser, bem como ajudar outros colegas que queiram atuar na área, a atingir suas metas com excelência e compromisso.
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