Durante os últimos anos a neutralidade carbónica tem estado no centro do debate ambiental europeu. Alternativas aos combustíveis fósseis, como SAF, hidrogénio verde e gasóleo renovável, serão vitais para o cumprimento das metas definidas até 2050.
Com a aceleração galopante das alterações climáticas, para cumprir as metas definidas no Acordo de Paris, que visa limitar o aquecimento global até 2050, é necessário substituir os combustíveis fósseis por alternativas biológicas ou sintéticas, que diminuirão os gases que causam o efeito de estufa na atmosfera.
Os novos combustíveis, ou biocombustíveis, são produzidos a partir de matéria orgânica que pode ser utilizada como fonte de energia. Perante a eletrificação, que implica o custo de aquisição de um veículo elétrico ou híbrido, os biocombustíveis são uma alternativa vantajosa, uma vez que podem ser usados nos motores de combustão interna e, do ponto de vista logístico, poderão ser distribuídos através das infraestruturas existentes. De entre as opções promissoras, destacam-se os Sustainable Aviation Fuels (SAF), o hidrogénio verde e o gasóleo renovável (HVO).
Os SAF são uma solução sustentável para o setor da aviação. A produção deste combustível, bem como o cultivo e a aquisição das matérias-primas, geram oportunidades económicas e de emprego, mas, além de ser entre bastante mais caro do que o fóssil, a biomassa disponível para a produção é limitada.
Por outro lado, o hidrogénio verde é obtido por meio da eletrólise da água com recurso a eletricidade proveniente de fontes de energia renováveis e seria uma opção viável para diversos setores devido à versatilidade e facilidade de armazenamento. Ainda assim, os elevados custos de produção estabelecem uma barreira que impossibilita a implementação em larga escala.
O HVO começou a ser distribuído pela Galp no ano passado e empresas como a TJA e a Bosch aderiram ao novo combustível. Derivado de matérias-primas sustentáveis, como resíduos de óleos alimentares, o gasóleo renovável tem a capacidade de reduzir em até 90% as emissões de carbono no setor. No entanto, o custo mais elevado, quando comparado com os combustíveis convencionais, e a disponibilidade limitada de biomassa para produção limitam o seu potencial, por agora.
Ainda que a União Europeia tenha vindo a aumentar, ao longo dos últimos anos, as metas relacionadas com a descarbonização, ainda nenhum destes combustíveis é produzido em Portugal. Porém, em 2023, a Galp anunciou um investimento de 650 milhões de euros em projetos determinantes para a descarbonização da refinaria de Sines, onde irá começar a produzir SAF e HVO. Em simultâneo, a petrolífera irá investir 250 milhões de euros na construção de uma unidade de hidrogénio verde.