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Ford Trucks continua a inovar e a afirmar-se no mercado

Com mais de meio século de experiência, a Ford Trucks tem oferecido as mais variadas soluções no segmento de veículos pesados de mercadorias. Depois de ter chegado a Portugal em 2019, lançou recentemente no país a F-Line, uma nova gama de veículos que prima pela evolução. Em entrevista à IN Corporate Magazine, o CEO Bruno Oliveira, entre outros assuntos, aborda a evolução da marca ao longo do tempo

Para começar, pedia-lhe que fizesse uma retrospetiva da Ford Trucks em Portugal, desde o surgimento até à atualidade.

Isto tratou-se de um projeto arrojado, uma vez que é a primeira vez que nos últimos 30 anos há uma nova marca de viaturas pesadas de mercadorias na Europa e, realmente, foi um desafio acrescido. Tentámos prever todas as situações no gabinete antes de irmos para o terreno, no entanto, aconteceu-nos um pouco de tudo. Passámos por uma pandemia, uma crise energética e uma crise de semicondutores, temos uma guerra à porta, estamos numa crise financeira, portanto, pouco mais nos falta acontecer. Por outro lado, são estas dificuldades que nos fazem sentir orgulhosos deste percurso que se iniciou em 2019. Graças a um trabalho de excelência de toda a equipa e de uma confiança dos nossos clientes e parceiros, que irei agradecer para sempre, temos conseguido crescer todos os anos e fazer as coisas bem feitas, sem a pressão dos números, nem do market share. O que nós temos é de fazer as coisas bem feitas porque quando conseguimos, os resultados aparecem.

A Ford Trucks acabou de lançar a linha F-Line em Portugal. Quais as principais caraterísticas desta nova gama? De que forma vem reforçar a vossa oferta?

A nossa gama F-Line é um produto (um facelift do carro anterior) especialmente desenvolvido para o transporte doméstico (que é feito dentro do país), para os carros municipais de recolha de resíduos sólidos urbanos, para os carros de construção e, efetivamente, era uma gama de produtos que nos estava a fazer imensa falta. O lançamento deste modelo pela Ford foi feito em novembro de 2023 e a apresentação em Portugal foi já no final do passado mês de maio. Fizemos um evento onde demos a oportunidade aos clientes de poder conduzir os carros, experimentar, testar e sentir. Até agora, o feedback que temos recebido tem sido muito bom.

O que espera a nível de vendas desta nova gama?

Nós queremos que este tipo de veículo cresça no nosso market share. Normalmente, no nosso negócio, o mix de vendas é 80% dos veículos para o mercado internacional, que neste momento está em crise, e os restantes 20% para o mercado doméstico. Portanto, o que nós pretendemos é crescer nesse mix, com um produto que nós não tínhamos disponível com esta especificação. E, como disse, não fazemos grandes previsões de vendas nem de entregas, temos é uma enorme preocupação de fazer as coisas bem e passo a passo colocar carros na estrada de forma a que os nossos clientes se sintam satisfeitos. Nós não colocamos expectativas em números, colocamos, sim, um enorme foco em termos mais carros nas estradas.

O que diferencia a linha F-Line das demais?

Os veículos F-Line são da nova geração, já com todos os elementos de segurança para o condutor, uma vez que é uma grande preocupação nossa que a condição de trabalho dos motoristas dos nossos carros esteja sempre a evoluir e a melhorar, com todos os auxílios à condução que impeçam distrações, erros e, consequentemente, acidentes, a serem muito bem-vindos. Essencialmente, o que mudou nestes veículos foi a cabine que, tanto no interior como no exterior, é moderna e perfeitamente adaptada às exigências da Europa Ocidental. Acima disto está o sistema de equipamento de segurança que ajuda o motorista nas suas funções e simultaneamente impede que aconteçam acidentes, o que vai permitir a redução da sinistralidade rodoviária.

Sabemos que, motivada pelo seu crescimento, a marca tem vindo a fazer uma forte aposta ao nível dos recursos humanos. Quais os principais aspetos/alterações que espelham esta realidade?

Para os recursos humanos é muito importante que as empresas

sejam atrativas e que tenham capacidade de retenção e de proteção dos seus quadros. Como já referi, estamos perante um projeto do zero, também ao nível de recursos humanos. Temos vindo a tentar, logo desde início, que as condições dos nossos colaboradores sejam melhoradas anualmente, de maneira que a nossa capacidade de retenção aumente positivamente, que continuemos a ter os melhores profissionais connosco e também, não menos importante, pessoas muito motivadas com este projeto, que como qualquer um que nasce de raiz, exige muito tempo e muita dedicação para que os números e os objetivos sejam atendidos. Existe uma preocupação na nossa organização de ter muito bem balanceado o “salário real” e o “salário emocional”. São as duas coisas que nós tentamos trabalhar ao mais ínfimo detalhe.

O que diferencia a Ford Trucks dos seus concorrentes?

Nós temos uma abertura muito grande para os nossos recursos humanos, para as nossas pessoas, temos, o que para mim é um ponto de honra, equipas multigeracionais, compostas por pessoas dos 18 aos 70, o que faz com que combinemos a experiência dos mais velhos com a energia dos mais novos.

Depois deixamos as pessoas trabalharem, transmitirem as próprias ideias, os próprios pensamentos. Como se trata de um processo que está a crescer, todos nós podemos contribuir positivamente, escrever o nosso nome no crescimento deste projeto é diferente de um já existente. Nós estamos em permanente crescimento, estamos em permanente desenvolvimento de soluções e isso faz com que toda a equipa seja envolvida no projeto. Há ainda uma grande proximidade entre a administração, os quadros e os trabalhadores da empresa. Com as equipas multigeracionais, damos a hipótese de as pessoas crescerem e evoluírem mais rapidamente e da forma mais segura possível, até porque aqui todos fazem a diferença.

De que forma se posiciona a marca perante o desafio da eletrificação, a curto e médio prazo?

A Ford Trucks assinou um compromisso com a Associação das Marcas de Viaturas de Transportes de Mercadorias na Europa, que visa a redução da pegada carbónica ao longo dos próximos anos. A marca está empenhada na redução das emissões e perfeitamente alinhada com as exigências que estão colocadas à indústria. Vamos continuar a acompanhar toda a indústria e as restantes sete marcas nesta transição energética. Ainda assim, importa referir que nós não devíamos ser posicionados no precipício da transição energética, quer dizer, precisávamos de ter um conjunto de soluções energéticas disponíveis e o cliente escolhia a que melhor se adaptasse ao seu trabalho, ao seu dia a dia. Temos de ter atenção para que a indústria não seja colocada num precipício sem retorno, tudo tem de evoluir paralelamente. A Ford Trucks está altamente comprometida e motivada para a redução da pegada carbónica dos seus veículos.

Quais as suas expectativas para o setor dos veículos pesados?

Nós temos vivido aqui uns últimos tempos um bocado estranhos porque o mercado tem estado em altas, uma vez que se tem estado a recuperar as encomendas do tempo pós-Covid, onde não havia produto para entregar. Porém, isto agora tende a estabilizar, portanto, a minha expectativa é que o mercado deste ano e do próximo vá sofrer uma quebra, quando comparado com os anteriores. Agora temos aqui um conjunto muito grande de incertezas a nível mundial, que não dependem de nós e nos impedem de fazer uma extrapolação do que serão os próximos anos de forma muito rigorosa ou exata. Mas é assim, temos de nos adaptar, de ser rápidos a decidir e a agir, tentando agir mais do que reagir. É por aqui que nós nos temos pautado. Sou muito calculoso nas previsões a nível do mercado e da nossa indústria. Tem de ser mês a mês.

Quais as previsões para o futuro da Ford Trucks e que desafios esperam enfrentar no futuro?

Ao nível do produto queremos que os veículos Ford Trucks continuem a evoluir à mesma velocidade que o têm feito até agora, que estejam à altura das exigências do mercado e dos próprios clientes. A nossa preocupação, enquanto líderes deste projeto em Portugal, é que a marca seja cada vez maior e com isso conseguirmos prestar um serviço de proximidade e sempre com mais qualidade do que a atual. Apesar de neste momento já apresentarmos um nível de qualidade muito bom, queremos sempre mais.