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Reinado de D. Afonso V inspira 28ª edição da Viagem Medieval

D. Afonso V, rei que entrou para a história com o cognome “O Africano”, será a figura central da 28ª edição da Viagem Medieval em Terra de Santa Maria, que decorre entre 30 de julho e 10 de agosto. O longo reinado de 49 anos, marcado por conquistas, conflitos de sucessão e intrigas, vai inspirar 12 dias de animação e recriações históricas em Santa Maria da Feira.

O contexto histórico de cada edição é fundamental para a definição dos conteúdos que servem de base aos momentos da Viagem Medieval.

Aclamado rei com apenas seis anos de idade, D. Afonso V casou cedo com a sua prima Isabel de Lencastre, com quem teve três filhos. Até atingir a maioridade, foi o tio, o Infante D. Pedro, Duque de Coimbra, que assumiu a regência e governação do reino. Mas as intrigas e os conluios contra o regente, promovidos pela Casa de Bragança, começaram logo após o rei atingir a maioridade, levando a um acalorado contencioso que culminou na Batalha de Alfarrobeira, onde morreu o Infante D. Pedro.

Com a morte da rainha D. Isabel, D. Afonso V casa com a sobrinha D. Joana, rainha de Castela, entrando assim no conflito de sucessão do trono deste reino, que duraria cinco anos e do qual resultou a Batalha de Toro, uma contenda real, comparada à Batalha de Aljubarrota, cuja vitória foi reclamada por ambos os reinos, através de fortes campanhas de propaganda política. Afonso V figura na história como “O Africano” por ter levado o espírito de Cruzada a terras da Mauritânia, conquistando as praças de Alcácer Ceguer, Anafé, Arzila e Tânger, com bons e leais cavaleiros que combateram ao seu lado. Bajulado pelos grandes senhores, o rei sabia que não o faziam com honestidade, “antes por vontades escondidas”.

Mesmo assim, foi outorgando títulos, instituindo condados, como o “Condado da Feira”. O título foi concedido a Rui Pereira, senhor da Terra de Santa Maria e de seu Castelo, pelo auxílio e feitos que, com os seus escudeiros e homens de armas, realizaram durante a conquista de Arzila e a rendição de Tânger, assumindo mais tarde uma das alas do combate na Batalha de Toro.

Foi também no princípio do reinado de D. Afonso V, ainda no tempo de Fernão Pereira, pai de Rui Pereira, que se realizaram importantes obras que transformaram o Castelo da Feira em residência apalaçada, adquirindo a configuração aproximada que ainda hoje é possível identificar.

O rei é descrito pelos cronistas como um homem das Artes e das Letras, responsável pela reforma do arquivo régio (Torre do Tombo) e da livraria real, pela criação de bolsas de estudo e polos culturais pelo reino. Cristão de convicções profundas e figura de grande humanidade, tinha gosto em conviver com o povo.

De acordo com a organização do evento, em comunicado de imprensa, a edição deste ano é “especial”, uma vez que “apela à identidade feirense, pela expressiva componente de história local deste reinado”.