Arquitetura, Design e Decoração Mundo Empresarial

Sofisticação e confidencialidade em cada criação

O ramo do mobiliário é, desde tenra idade, o que mais desperta a atenção de Nuno Sousa. O facto de ter trabalhado sempre na área fez com que fosse descobrindo algumas necessidades de clientes específicos, que decidiu colmatar fundando a própria empresa, a Talha, em 2018.

A que tipo de clientes se destina a Talha?

Trabalhamos com o modelo de private label, ou seja, o cliente tem uma ideia de produto que pretende desenvolver, e nós assumimos integralmente a execução do projeto. Estamos particularmente ativos no setor da hotelaria. Atualmente, estamos a colaborar com um parceiro no desenvolvimento de dois hotéis em Tenerife, Espanha. Paralelamente, temos em curso um projeto de prestígio no Algarve — mais focado no segmento residencial — desenvolvido para um reconhecido designer de interiores, sendo a produção totalmente assegurada pela Talha.

Além disso, temos apoiado diversos arquitetos na criação de linhas de mobiliário exclusivas, tanto de forma independente como em parceria com outras marcas, assegurando a produção em escala. Muitos dos nossos clientes procuram-nos pela confiança que depositam na forma como gerimos a informação e os projetos. Reconhecem na Talha não só a capacidade técnica de desenvolver qualquer tipo de mobiliário, mas também a diferenciação no produto final, a discrição e a elegância com que tratamos cada colaboração. Essa confiança, aliada à qualidade do nosso trabalho, permite- nos construir relações que ultrapassam o simples fornecimento: são parcerias sólidas, duradouras e mutuamente enriquecedoras.

Quais os serviços mais requisitados por quem vos procura?

Atualmente, os principais eixos da nossa atividade são o desenvolvimento de projetos personalizados — que corresponde à principal procura por parte dos nossos clientes — e o desenvolvimento de produtos em regime de marca própria (private label), onde assumimos integralmente a conceção e produção de acordo com as especificações de cada cliente.

Dentro de toda a estrutura da empresa, o que considera que os clientes mais privilegiam?

Essencialmente, os nossos clientes valorizam a exclusividade e a personalização — procuram produtos desenvolvidos especificamente para si. Na Talha, asseguramos todo o processo, desde o desenvolvimento até à instalação, permitindo ao cliente uma experiência tranquila, sem necessidade de se envolver nos detalhes técnicos ou operacionais do produto.

Temos vindo a notar uma crescente procura por soluções que reduzam o stress associado ao desenvolvimento de projetos, o que demonstra a valorização de uma abordagem integrada e eficiente. No segmento private label, os clientes priorizam a confiança: procuram um parceiro que cumpra rigorosamente os padrões exigidos e que entregue um produto final fiel àquilo que foi idealizado — seja uma ideia, um conceito ou um design já definido.

Sabemos que a Talha é requisitada por inúmeros clientes. Quais as principais razões que a fazem distinguir-se no mercado?

Na minha opinião, os principais fatores que distinguem a Talha no mercado são a nossa adaptabilidade e a capacidade de oferecer uma vasta gama de soluções em mobiliário. Trabalhamos com diferentes estilos — do clássico ao contemporâneo — e conseguimos integrar materiais e técnicas de forma harmoniosa e personalizada. Destaco também o facto de continuarmos a trabalhar com madeira maciça, algo cada vez mais raro em Portugal. Este compromisso com materiais nobres e duradouros reforça a nossa identidade. Aliás, o próprio nome ‘Talha’ remete para esse saber-fazer artesanal e para uma técnica que se encontra cada vez menos disponível no mercado, o que nos confere uma distinção natural no setor.

As empresas preocupam-se cada vez mais com o meio ambiente e a vossa não é exceção. De que forma a sustentabilidade faz parte do vosso dia a dia?

Atualmente, a Talha ainda não possui certificações FSC ou PEFC em nome próprio. No entanto, a grande maioria das fábricas e parceiros com quem colaboramos já se encontra certificada, o que nos permite assegurar práticas responsáveis na origem e no processamento das matérias-primas.

Temos um compromisso rigoroso com a rastreabilidade e a transparência em todo o processo produtivo. Detalhamos cuidadosamente a proveniência de cada componente e onde é produzido, garantindo o cumprimento integral das exigências dos nossos clientes — e, sempre que possível, superando essas expectativas. Essa atenção estende-se não só ao mobiliário em si, mas também às soluções de embalagem, onde procuramos igualmente seguir critérios de sustentabilidade e qualidade.

Que balanço faz do desempenho da Talha até ao momento?

O balanço até ao momento é francamente positivo. Naturalmente, enfrentámos alguns desafios nos primeiros tempos, sobretudo durante o período da pandemia de Covid-19. Tínhamos iniciado o negócio recentemente, e a incerteza generalizada levou a uma retração no mercado — os clientes estavam mais cautelosos, o que afetou o ritmo inicial de crescimento.

Contudo, a partir do final de 2022 e ao longo de 2023, assistimos a uma recuperação muito significativa e a um forte crescimento da procura. Esse dinamismo traduziu-se num aumento expressivo da nossa faturação, que cresceu mais de 400% neste intervalo de dois anos. Este crescimento reflete não só a confiança dos nossos clientes, como também a consolidação da Talha como um parceiro de referência no desenvolvimento de projetos personalizados e private label no setor do mobiliário.

Quais os seus objetivos e expectativas para o futuro da empresa?

Para 2025, prevemos um crescimento moderado, na ordem dos 15%, ainda com uma margem reduzida. Encaramos este crescimento com equilíbrio: se ultrapassarmos a meta, será naturalmente positivo; se não, manteremos o foco na consolidação da estrutura interna da empresa, o que consideramos igualmente essencial nesta fase. Paralelamente, temos previsto um investimento estratégico a cinco anos com o objetivo de reforçar a nossa capacidade de produção interna. Embora mantenhamos parcerias importantes, pretendemos oferecer ao cliente uma resposta mais ágil e autónoma.

Hoje em dia, é um desafio conciliar volumes menores com prazos exigentes, e é precisamente nesse segmento — o de produções em quantidades reduzidas — que queremos otimizar a nossa eficiência. Outra ambição relevante passa pela expansão internacional, com foco nos mercados europeu e norte-americano. O objetivo a médio prazo é estabelecer uma equipa própria nos Estados Unidos, que possa apoiar as operações da fábrica em Portugal e facilitar a transição logística e comercial, especialmente face à incerteza quanto às taxas que os EUA poderão vir a impor no setor.

A história da Talha “confunde-se um bocadinho” com a história de vida de Nuno Sousa, uma vez que, desde tenra idade, começou a estar em contacto com a fábrica de móveis dos familiares. O facto de os pais estarem ligados ao setor têxtil não o inibiu de seguir outro caminho e começou a exercer no setor do mobiliário. A experiência que foi ganhando em empresas onde trabalhou deu-lhe o impulso para criar “produto próprio”, mais focado em necessidades específicas de clientes de gama média-alta.

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